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iemenIémen - Opera Mundi - Os bombardeamentos da coligação liderada pela Arábia Saudita já provocaram mais de 39 mortos. Milhares de iemenitas protestam contra e a favor da intervenção militar. Xiitas apelam à 'guerra santa', Irão condena bombardeamentos.


O grupo xiita houthis do Iémen convocou, na quinta-feira (26/03), o povo iemenita para uma guerra santa contra a coligação árabe que desde quarta-feira realiza bombardeamentos na capital Sanaa e noutras partes do país. "Chamamos os filhos do grande povo iemenita a levantar as armas, enviar combatentes fortes aos quartéis e responder à convocação para a jihad santa", disse o grupo, em comunicado lido numa manifestação.

A declaração ocorre após os bombardeamentos liderados pela Arábia Saudita, iniciados na noite de quarta (25/03), o mesmo dia em que o presidente teve que fugir do país após o palácio presidencial ter sido atacado e saqueado e o ministro da Defesa, sequestrado. O presidente Abed Rabu Mansour al-Hadi encontra-se em segurança na Arábia Saudita.

Cerca de 200 mil pessoas, entre milicianos e seguidores dos houthis, protestaram na capital iemenita contra a operação militar liderada pela Arábia Saudita. De acordo com a agência Efe, "praticamente todos os participantes estavam armados com espingardas", e gritavam palavras de ordem contra a Arábia Saudita, os Estados Unidos e Israel.

Por outro lado, milhares de pessoas manifestaram-se na cidade de Taiz, no sudoeste do país, a favor da operação militar. Eles levavam fotografias do rei saudita, Salman bin Abdelaziz, e do presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansour Hadi, além de bandeiras nacionais. Os milicianos houthis e polícias deram tiros para o alto para dispersar a multidão.

Operação Tempestade da Firmeza

Além da Arábia Saudita, fazem parte da operação militar "Tempestade da Firmeza" Kuwait, Qatar, Emiratos Árabes, Bahrein, Egito, Jordânia, Marrocos, Sudão e Paquistão.

Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizou o envio de apoio logístico e de oficiais de espionagem para integrar o esforço árabe, embora tenha ressaltado que as forças americanas não realizarão ação militar direta.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby, anunciou apoio total à coligação de países árabes contra os houthis e justificou a ação como "uma ampla aliança árabe e regional contra alvos determinados pelos houthis golpistas, e em resposta ao pedido do presidente iemenita, que representa a legitimidade".

Os bombardeamentos tiveram como alvos na capital Sanaa o palácio presidencial, o aeroporto, a sala de operações mistas da Força Aérea e o quartel Rima Hamid.

De acordo com o ministério da Saúde do Iémen, até quinta-feira tinham morrido 18 civis e 24 ficaram feridos pelos bombardeamentos. De acordo com o ativista político Ammar al-Aulaqi, famílias estão a fugir de Sanaa após os ataques aéreos.

O CICV (Comité Internacional da Cruz Vermelha) manifestou preocupação com a escalada da violência no país após tomar conhecimento do número de vítimas civis após os bombardeamentos. "Os cidadãos iemenitas comuns - já duramente afetados por anos de conflito - agora têm de suportar os efeitos dessa escalada", disse o chefe da delegação do CICV no Iémen, Cedric Schweizer, em comunicado.

Vários iemenitas divulgaram imagens da destruição nas redes sociais. Há registo de que casas e carros foram destruídos e mulheres e crianças foram mortas. De acordo com a blogger Afrah Nasser, Aden vive uma "guerra sangrenta com muitas vítimas. Cadáveres encontram-se no chão nas ruas".

Devido ao facto de o país não estar preparado para enfrentar uma situação de guerra, o número de mortos deve aumentar, como adverte Hisham Al-Omeisi no Twiter: "não há refúgio para bombas ou refúgios seguros em Sanaa. Nunca esperamos ataques aéreos, nem bombardeamentos, não estamos preparados para enfrentá-los", afirmou.

Críticas

Na primeira declaração desde o início dos bombardeamentos, o líder dos houthis, Abdulmalik al-Huthi, disse que a agressão "opressiva e crimininosa é totalmente injustificada", num discurso televisionado, acusando a Arábia Saudita de ser um "vizinho do mal" que "cumpre a vontade dos Estados Unidos e de Israel".

Na mesma linha, o Irão - acusado de fornecer armamentos aos houthis - pediu que os ataques sejam terminados "imediatamente", como afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif. Além disso, Teerão classificou a ação como "perigosa" e ressaltou que os ataques ameaçam a soberania do Iémen. Zarif disse ainda que a coligação vai complicar os esforços para acabar com o conflito.

O grupo libanês Hezbollah também condenou a ofensiva. "O Hezbollah condena de modo enérgico a agressão dos Estados Unidos e da Arábia Saudita contra o povo irmão do Iémen, o seu Exército nacional e as suas instalações vitais, assim como a interferência de alguns países árabes e não árabes nessa agressão", disse o grupo xiita em comunicado.

Para a União Europeia, os acontecimentos alimentam "o risco de graves consequências regionais", afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini. "Estou convencida de que a ação militar não é uma solução", concluiu.


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