Neste domingo (31) a Administração Civil das Forças Armadas de Israel anunciou a desapropriação de 400 hectares na região da Cisjordânia. Os proprietários palestinos têm 45 dias para apresentar suas objeções em tribunais israelenses, informa o portal palestino PNN.
Segundo a organização 'Paz Agora' (em tradução para o português), essa é a maior desapropriação de terras palestinas por parte do Estado israelense nos últimos 30 anos. De acordo com a BBC, a mesma organização considerou que essa ação de Israel é um obstáculo a mais na busca de uma solução negociada do conflito entre palestinos e israelenses.
As terras ficam entre as cidades palestinas de Belém e Hebron, na fronteira entre Israel e Cisjordânia, e estão 3 km à leste da Linha Verde. Também são cercadas por assentamentos ilegais israelenses.
De acordo com o diário israelense Haaretz, essa manobra faz parte dos planos de Israel de construção de um grande povoado, conhecido como Gvaot, "que têm sido debatidos pelo governo desde o ano 2000". No ano passado, foi aprovada a construção de aproximadamente 1.000 unidades habitacionais no local e 523 estão atualmente em construção. Dez famílias vivem atualmente no local.
Saeb Erekat, diplomata palestino nas negociações com Israel, disse à AFP que "o governo de Israel está cometendo vários crimes contra o povo palestino e sua terra ocupada".
"A comunidade internacional deve responsabilizar Israel o mais rápido possível para seus crimes e ataques contra o nosso povo em Gaza e na atividade de assentamentos israelenses em curso na Cisjordânia e Jerusalém Oriental", completou.
A Comunidade Internacional não aprova a política israelense de expansão de assentamentos em terras palestinas. A União Europeia considera essa ação ilegal, enquanto os Estados Unidos, principal aliado de Israel, acredita que isso significa "um obstáculo à paz" entre palestinos e israelenses.
"O anúncio de hoje representa claramente a intenção deliberada de Israel de acabar com qualquer presença palestina nessa terra e impor uma solução de um Estado único" declarou Hanan Ashrawi, funcionária da Organização pela Libertação da Palestina.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, território invadido pelo Estado hebreu em 1967, vivem 550.000 israelenses. Estes são minoria na região, que tem cerca de 2,4 milhões de cidadãos palestinos.