O Exército de Israel negou relatos recentes, mas a agência das Nações Unidas no território palestino sitiado voltou a denunciar o bombardeio de uma das suas escolas, na noite terça-feira (29), onde 3.300 pessoas se abrigavam. Ao menos 16 pessoas foram mortas, entre crianças, mulheres e funcionários da agência.
Ainda assim, são alvos dos bombardeios de Israel.Escolas da UNRWA abrigam milhares de palestinos em Gaza, obrigados a deixar seus lares. Ainda assim, são alvos dos bombardeios de Israel. O porta-voz da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos (UNRWA) Chris Gunness informou através do Twitter o bombardeio da Escola Primária para garotas no campo de refugiados de Jabalia, o maior da Faixa de Gaza, com mais de 200 mil habitantes. De acordo com Gunness, a localização precisa da escola, para a sua proteção, foi notificada ao Exército de Israel 17 vezes. A última foi às 20h50, ainda na terça, "poucas horas antes do ataque".
Em uma publicação desta terça-feira (30), o porta-voz explica que os funcionários da UNRWA avaliaram os resultados de ao menos três impactos contra a escola; havia evidências suficientes para concluir que os ataques foram, de fato, do exército israelense. No mesmo dia, o comissário da UNRWA Pierre Krähenbühl divulgou uma declaração firme em que condena a "grave violação do direito internacional" por Israel. "Crianças foram mortas enquanto dormiam. Isso é uma afronta a todos nós, fonte de vergonha universal," afirma o texto.
O local abrigava 3.300 pessoas que foram obrigadas a deixar suas casas – seja pelas advertências enviadas pelo próprio exército israelense sobre o iminente bombardeio dos seus lares ou porque eles já foram destruídos. "É a sexta vez que uma das nossas escolas é atingida, nossos funcionários [o corpo "humanitário" que deveria ser protegido, segundo o direito internacional] estão sendo mortos e nossos abrigos estão sobrecarregados," escreve Gunness em seu perfil.
Ainda sem responder especificamente a esta denúncia, a página do Exército israelense está repleta de imagens e estatísticas que acusam o Hamas, partido à frente do governo de Gaza, de disparar foguetes contra Israel e de armazená-los entre a população, o que alega justificar os ataques contra tantas estruturas civis.
Entretanto, diversas organizações no terreno têm apontado para as evidências dos ataques sistemáticos e deliberados que, além da devastação e da destruição da infraestrutura básica, já matou mais de 1.260 pessoas – majoritariamente civis e centenas de crianças – nos últimos 22 dias de bombardeios.
"Já passamos do plano da ação humanitária em Gaza, estamos no plano da responsabilização," continua o porta-voz, afirmação reproduzida na declaração da UNRWA. "A comunidade internacional precisa tomar ação política deliberada para encerrar imediatamente esta carnificina em Gaza."