1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (2 Votos)

sionismo 75pcIsrael - Rebelión - [Paula Frere Flesler, Tradução do Diário Liberdade]


"Não há justificativa para as violações, nem para a matança; trata-se de crimes de guerra. Mas em certas condições a expulsão não é um crime de guerra. Não acho que as expulsões de 1948 foram crimes de guerra. Não se faz omelete sem quebrar ovos. Alguém tem que sujar as mãos. Uma sociedade que pretende matar o outro, o obriga a destruí-la. Quando é preciso escolher entre destruir ou ser destruído, é melhor destruir."

Assim o historiador israelense Benny Morris explica a limpeza étnica que houve entre 1946 e 1948 para estabelecer, pouco tempo depois, o Estado de Israel. Essas declarações ao jornalista Ari Shavit do jornal Haaretz refletem a mentalidade de muitos cidadãos a respeito desse tema. Apenas ao ler "uma sociedade que pretende matar o outro, o obriga a destruí-la" mostra uma sociedade com uma permanente mania de perseguição. A mentalidade do ataque preventivo é a grande desculpa para a situação insustentável que se vive atualmente, aquela em que o árabe quer dominar e invadir e, portanto, é necessário restringir seu espaço e capacidade de atuação para que o estado israelense possa seguir se desenvolvendo.

Após o desaparecimento de três jovens israelenses no último dia 30 de junho, Israel volta a mostrar sua cara mais obscura, e este fato reafirma mais uma vez que as medidas de precaução do governo israelense têm seu preço na Palestina, com 189 mortos [*] e milhares de feridos. Os ataques arrasaram a zona, milhares de casas destruídas, deixando desabrigadas milhares de pessoas, que buscam refúgio ante as iminentes agressões.

Grande parte da sociedade israelense busca justificar essas políticas através de comentários, vídeos e imagens em muitas redes sociais. Um usuário do facebook faz o seguinte comentário: "Nos custa sermos aceitos fora do uniforme listrado do campo de concentração, muito menos poder nos defender e menos ainda usar a força, somos 15 milhões querendo um espaço ínfimo do planeta que historicamente nos corresponde e terão que matar mais seis milhões de irmãos para que a dor nos dê paz".

Mas o que se pode esperar quando grande parte da sociedade pensa com firmeza que os árabes querem transformar o continente europeu em Eurábia, e inclusive que na Espanha desejam recuperar Al Andalus. Parte dessas reflexões se apoiam no sionismo, movimento que vem se incutindo desde o século XIX e que busca recuperar a Terra Prometida.

Então, se há anos, se desde a infância, você só escuta e estuda que essa terra te pertence, que os povos vizinhos querem acabar com o estado judeu e reconquistar suas antigas nações, a primeira reação de um humano é a preventiva. E isso é o que vemos e escutamos nos dias de hoje.

Noam Chomsky e Ilan Pappe o descrevem muito bem no livro "Gaza em crise": "Os mecanismos negacionistas israelenses são muito efetivos, pois funcionam como uma exaustiva ferramenta de adoutrinamento que abarca a existência completa do cidadão, do berço até o túmulo. Esta ferramenta garante ao Estado que seus cidadãos não se sintam confusos ante os dados e a realidade ou, ao menos, que não tenham problemas morais".

O governo israelense conseguiu manter o seu povo unido e confinado nas medidas territoriais que se tomam no país. Criou uma consciência única e imbatível, onde os fatos diferentes à "estabelecida" não têm lugar, veja-se o que aconteceu com Ilan Pappe, professor de história israelense, que foi expulso do país por promulgar "ideias equivocadas".

Mas Pappe conseguiu difundir seus pensamentos e reflexões por outras vias. Em uma conferência em Stuttgart, na Alemanha, explica: "todos os acordos de Oslo pela paz não funcionaram e nunca funcionariam, já que o que realmente acontece é o colonialismo sionista que não parará até conseguir um estado mais forte e vazio de árabes. A única solução possível é a construção de um único estado secular que garanta a convivência entre todas as religiões, mas antes será preciso desprogramar muitos civis da população israelense".

Essa afirmação confirma mais uma vez a teoria sionista, ou seja, se a sociedade israelense, ou ao menos parte dela, não conhece outra história senão a propagandeada pelo governo, supõe que sua postura seguirá sendo a mesma, e que diante de um possível ataque, é melhor a prevenção. Provavelmente neste século não se recorra a um nakba tão forte como se fez nos anos 40 porque a sociedade internacional não permitirá. Mas existe um cerco que reduz o território palestino ao mínimo e os israelenses apoiam essas decisões.

Então para propor uma solução a essa complicada situação teria que se começar recontando a história e oferecer mais perspectivas ao povo israelense, para que tomem consciência de todas as realidades, não só a sua. Só nesse momento poderia se falar de uma incipiente paz, e começar a negociar uma convivência entre ambos os povos, que são muito mais parecidos do que eles pensam.

No entanto, enquanto o governo fixar suas pautas e o povo não as revogar, o conflito entre Israel e Palestina não irá terminar. Só através da informação e da conscientização das pessoas sobre essa situação conseguiremos colocar um ponto final em uma guerra que deixou um número incontável de vítimas e sequelas que perdurarão ao longo de muitos anos.

[*] Nota do Diário Liberdade: o número de mortes já passou de 300 em Gaza.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.