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210414 vi leninePrimeira Linha - Continuamos a difundir na nossa língua a obra do mais destacado dirigente da Revoluçom Bolchevique, desta volta com o texto de 1916 "O imperialismo e a cisom do socialismo".


V. I. Lenine

Escrito em outubro de 1916.

Publicado em dezembro de 1916, em Sbórnik Sotsial-Demokrata, núm. 2.

Da coleçom:

V. I. Lenine, Marx Engels Marxismo

EDIÇONS EM LINGUAS ESTRANGEIRAS BEIJIN

Primeira ediçom 1980

O IMPERIALISMO E A CISOM DO SOCIALISMO

Existe algumha relaçom entre o imperialismo e a monstruosa e repugnante vitória que o oportunismo (em forma de socialchovinismo) obtivo sobre o movimento operário na Europa?

Eis o problema fundamental do socialismo contemporáneo. Após termos deixado plenamente assente na nossa literatura de partido, em primeiro lugar, o caráter imperialista da nossa época e da guerra atual, e, em segundo lugar, o nexo histórico indissolúvel que existe entre o socialchovinismo e o oportunismo, bem como a sua igualdade de conteúdo ideológico e político, podemos e devemos passar a examinar este problema fundamental.

Há que começar por definir, do modo mais exato completo e possível, que é o imperialismo. O imperialismo é umha fase histórica especial do capitalismo. O seu caráter específico tem três peculiaridades: o imperialismo é 1) capitalismo monopolista; 2) capitalismo parasitário ou em descomposiçom; 3) capitalismo agonizante. A substituiçom da livre concorrência polo monopólio é o traço económico fundamental, a essência do imperialismo. O monopolismo manifesta-se em cinco formas principais: 1) cartéis, sindicatos e trust; a concentraçom da produçom alcançou o grau que dá origem a estas associaçons monopolistas dos capitalistas; 2) situaçom monopolista dos grandes Bancos: de três a cinco Bancos gigantescos manejam toda a vida económica dos EUA, da França e da Alemanha; 3) apropriaçom das fontes de matérias primas polos trusts e a oligarquia financeira (o capital financeiro é o capital industrial monopolista fundido com o capital bancário); 4) iniciou-se o reparto (económico) do mundo entre os cartéis internacionais. Som já mais de cem os cartéis internacionais que dominam todo o mercado mundial e o repartem “amigavelmente” entre eles, até que a guerra o redistribua! A exportaçom do capital, como fenómeno particularmente caraterístico a diferença da exportaçom de mercadorias sob o capitalismo nom monopolista, guarda estreita relaçom com o reparto económico e político-territorial do mundo. 5) Concluiu o reparto territorial do mundo (das colónias).

O imperialismo, como fase superior do capitalismo na Norte-América e na Europa, e depois na Ásia, formou-se plenamente no período 1898-1914. As guerras hispano-norte-americana (1898), anglo-bóer (1899-1902) e russo-japonesa (1904-1905), e a crise económica da Europa em 1900, som os principais fitos históricos desta nova época da história mundial.

Que o imperialismo é o capitalismo parasitário ou em descomposiçom manifesta-se, ante todo, na tendência à descomposiçom que distingue todo o monopólio no regime da propriedade privada sobre os meios de produçom. A diferença entre a burguesia imperialista democrático-republicana e a monárquico-reacionária esbate-se, precisamente, porque umha e outra apodrecem vivas (o que nom elimina, em modo nengum, o desenvolvimento espantosamente rápido do capitalismo em certos ramos industriais, em certos países, em certos períodos). Em segundo lugar, a descomposiçom do capitalismo manifesta-se na formaçom de um enorme setor de rendistas, de capitalistas que vivem de “cortar cupons”. Nos quatro países imperialistas avançados -nglaterra, a América do Norte, França e a Alemanha-, o capital em valores ascende, em cada país, de cem a cento e cinqüenta mil milhons de francos, o qual significa, polo menos, umha renda anual de cinco mil a oito mil milhons de francos. Em terceiro lugar, a exportaçom de capital é o parasitismo elevado ao quadrado. Em quarto lugar, “o capital financeiro tende à dominaçom, e nom à liberdade”. A reaçom política em toda a linha é traço caraterístico do imperialismo. Venalidade, suborno em proporçons gigantescas, um verdadeiro Panamá[i][1]. Em quinto lugar, a exploraçom das naçons oprimidas, ligada indissoluvelmente às anexaçons e, sobretodo, a exploraçom das colónias por um punhado de “grandes” potências, converte cada vez mais o mundo “civilizado” numha parásita que vive sobre o corpo de centenas de milhons de homens dos povos nom civilizados. O proletário romano vivia a expensas da sociedade. A sociedade atual vive a expensas do proletário moderno. Marx sublinhava especialmente esta profunda observaçom de Sismondi[ii][2]. O imperialismo modifica algo a situaçom. Umha camada privilegiada do proletariado das potências imperialistas vive, em parte, a expensas dos centenas de milhons de homens dos povos nom civilizados.

Fica claro por que é que o imperialismo é um capitalismo agonizanteem transiçom para o socialismo: o monopólio, que nasce do capitalismo, é já capitalismo agonizante, o começo do seu tránsito ao socialismo. A mesma significaçom tem a gigantesca socializaçom do trabalho realizada polo imperialismo (o que os seus apologistas, os economistas burgueses, chamam “entrelaçamento”).

Ao definir deste modo o imperialismo, colocamo-nos em plena contradiçom com C. Kautsky, que se resiste a considerar o imperialismo como umha “fase do capitalismo” e o define como política “preferida” do capital financeiro, como tendência dos países “industriais” a anexar os países “agrários”[iii][3]. Do ponto de vista teórico, esta definiçom de Kautsky é completamente falsa. A peculiaridade do imperialismo nom é precisamente o domínio do capital industrial, mas o do capital financeiro, precisamente a tendência para anexar nom apenas países agrários, senom toda classe de países. Kautsky separa a política do imperialismo da sua economia, separa o monopolismo em política do monopolismo em economia, para livrar o caminho ao seu vulgar reformismo burguês tal como o “desarmamento”, o “ultra-imperialismo” e demais necidades do género. O propósito e o objeto desta falsidade teórica reduz-se exclusivamente a dissimular as contradiçons mais profundas do imperialismo e a justificar deste jeito a teoria da “unidade” com os seus apologistas: com os oportunistas e social-chovinistas descarados.

Já falamos bastante desta ruptura de Kautsky com o marxismo, tanto no Sotsial-Demokrat como no Kommunist[iv][4]. Os Nossos kautskianos russos, os do CO com Axelrod e Spectator[v][5] à frente, sem excluir Mártov e, em grau considerável, Trotski, preferírom silenciar o kautskismo como tendência. Nom se atrevêrom a defender o que Kautsky escreveu durante a guerra limitando-se simplesmente a elogiar Kautsky (Axelrod na sua brochura alemá que o Comité de Organizaçom[vi][6] prometeu publicar em russo) ou aludir a cartas particulares de Kautsky (Spectator) em que afirma pertencer à oposiçom e trata de anular jesuiticamente as suas declaraçons chovinistas.

Observamos que, na sua “interpretaçom” do imperialismo -que equivale a embelecê-lo- , Kautsky retrocede nom só em relaçom a O capital financieiro de Hilferding (por muito empenhadamente que o mesmo Hilferding defenda agora Kautsky e a “unidade” com os social-chovinistas!), senom também em relaçom ao social-liberal J. A. Hobson. Este economista inglês, que nem de longe pretende merecer o título de marxista, define de um modo muito mais profundo o imperialismo e pom de manifiesto as suas contradiçons na sua obra de 1902[vii][7]. Vejamos o que di este escritor (em cujas obras podemos encontrar quase todas as vulgaridades pacifistas e “conciliadoras” de Kautsky) sobre a questom, que tem singular importáncia, do carácter parasitário do imperialismo:

Duas classes de circunstáncias enfraquecêrom, em opiniom de Hobson, a potência dos velhos impérios: 1) o “parasitismo económico” e 2) a formaçom de exércitos com homens dos povos dependentes. “A primeira é o costume do parasitismo económico, em virtude da qual o Estado dominante utiliza as suas províncias, as suas colónias e os países dependentes, com o intuito de enriquecer a sua classe dirigente e de subornar as suas classes inferiores para elas ficarem quietas”. Refirindo-se à segunda circunstáncia Hobson escreve:

“Um dos sintomas mais estranhos da cegueira do imperialismo” (em boca do social-liberal Hobson esta ladainha sobre a “cegueira” dos imperialistas é mais apropriada que no “marxista” Kautsky) “é a despreocupaçom com que Gram Bretanha, França e outras naçons imperialistas empreendem este caminho. Gram Bretanha foi mais longe do que outro país qualquer. A maior parte das batalhas por meio das quais conquistamos o nosso império da Índia, fôrom mantidas polas nossas tropas indígenas. Na Índia, e ultimamente no Egipto, grandes exércitos permanentes estám mandados por ingleses; quase todas as guerras de conquista em África, a excepçom da do Sul, fôrom levadas a cabo, para nós, polos indígenas”.

A perspetiva do reparto da China deu lugar à seguinte apreciaçom económica de Hobson: “A maior parte da Europa Ocidental poderia adquirir entom o aspecto e o caráter que tenhem atualmente certos lugares destes países: o Sul da Inglaterra, a Riviera, os sítios de Itália e da Suíça mais freqüentados polos turistas e povoados polos ricachos, quer dizer, pequenos grupos de aristocratas acaudalados, que recebem dividendos e pensons do Longínquo Oriente, com um grupo algo mais numeroso de empregados e comerciantes e um número mais considerável de criados e operários do ramo do transporte e da indústria dedicada ao último retoque dos artigos manufaturados. Em troca, os ramos principais da indústria desapareceriam e os produtos alimentícios de grande consumo, os artigos semimanufaturados de uso corrente afluiriam, como un tributo, da Ásia e de África”. “Eis as possibilidades que abre perante nós umha aliança mais vasta dos Estados ocidentais: umha federaçom europeia das grandes potências; dita federaçom nom só nom faria avançar a civilizaçom mundial, como podia implicar um perigo gigantesco de parasitismo ocidental: formar um grupo das naçons industriais avançadas, cujas classes superiores perceberiam imensos tributos da Ásia e de África, por meio dos quais manteriam grandes massas domesticadas de empregados e servidores, ocupados nom já na produçom agrícola e industrial de grande consumo, senom em emprestar serviços pessoais ou realizar um trabalho industrial secundário, sob o controlo de umha nova aristocracia financeira. Que os que estejam dispostos a rejeitar esta teoria” (devia dizer-se: perspetiva), “como pouco digna de atençom, reflitam sobre as condiçons económicas e sociais das regions do Sul de Inglaterra que se acham já nesta situaçom. Que pensem nas enormes proporçons que podia adquirir o dito sistema se a China se visse submetida ao controlo económico dos tais grupos financeiros, de “investidores de capital” (rendistas), dos seus funcionários políticos e empregados comerciais e industriais que extrariam benefícios do mais grande depósito potencial que jamais conheceu o mundo, com objeto de consumir os ditos benefícios na Europa. Naturalmente, a situaçom é excessivamente complexa, o jogo das forças mundiais é demasiado difícil de calcular para resultar muito verosímil essa ou outra interpretaçom unilateral do futuro. Mas as influências que regem o imperialismo da Europa Ocidental no presente orientam-se para essa direçom e, se nom acharem resistência, se nom forem desviadas para outra direçom, orientarám nesse sentido a consumaçom do processo”.

O social-liberal Hobson nom vê que esta “resistência” só pode opô-la o proletariado revolucionário, e só em forma de revoluçom social. Por algo é social-liberal! Mas já em 1902 abordava admiravelmente tanto o problema da significaçom dos “Estados Unidos da Europa” (saiba-o o kautskiano Trotski!) como todo o que tratam de dissimular os kautskianos hipócritas de diversos países, a saber: que os oportunistas (social-chovinistas) colaboram com a burguesia imperialista precisamente para formar umha Europa imperialista sobre os ombros da Ásia e de África; que os oportunistas som, objetivamente, umha parte da pequena burguesia e de algumhas camadas da classe operária, parte subornada com os superganhos imperialistas, convertida em cans de guarda do capitalismo, em elemento corruptor do movimento operário.

Mais de umha vez, e nom só em artigos, senom em resoluçons do nosso Partido, temos assinalado esta relaçom económica, a mais funda, precisamente entre a burguesia imperialista e o oportunismo, que agora (será por muito tempo?) venceu o movimento operário. Disto deduzíamos, entre outras cousas, que é inevitável a cisom com o socialchovinismo. Os nossos kautskianos preferírom eludir este problema! Mártov, por exemplo, já nas suas conferências, recorria ao sofisma que se expressou do modo seguinte no Boletim do Secretariado no Estrangeiro do Comité de Organizaçom[viii][8] (núm. 4, do 10 de Abril de 1916):

– “. . . Muito má, incluso desesperada, seria a situaçom da social-democracia revolucionária se os grupos de operários, que polo seu desenvolvemento espiritual estám mais perto dos “inteletuais”, e os mais qualificados, a abandonassem fatalmente para passarem ao oportunismo . . .”

Empregando a tonta palavrinha “fatalmente” e com um pouco de “batota”, elude-se ao facto de que certas camadas operárias passárom para o oportunismo e para a burguesia imperialista! E este é o facto que queriam eludir os sofistas do Comité de Organizaçom! Saem do passo com o “optimismo oficial” de que agora fam gala tanto o kautskiano Hilferding como muitos outros, dizendo que as condiçons objectivas garantem a unidade do proletariado e a vitória da tendência revolucionária!, dizendo que nós somos “optimistas” no que di respeito ao proletariado!

E, na realidade, todos estes kautskianos, Hilferding, os partidários do CO, Mártov e Cia. som optimistas . . . no que di respeito ao oportunismo. Este é o quid da questom!

O proletariado é fruto do capitalismo, mas do capitalismo mundial, e nom só do europeu, nom só do imperialista. Em escala mundial, cinqüenta anos antes ou cinqüenta anos depois -em tal escala isto é um problema secundário-, o “proletariado”, naturalmente, “chegará” à unidade e nele triunfará “ineludivelmente” a social-democracia revolucionária. Nom se trata disto, senhores kautskianos, senom de que vocês, agora, nos países imperialistas da Europa, se prostram como lacaios perante os oportunistas, que som estranhos ao proletariado como classe, que som servidores, agentes e portadores da influência da burguesia e, se nom se livrar deles, o movimento operário continuará a ser um movimento operário burguês. A vossa prédica da “unidade” com os oportunistas, com os Legien e os David, os Plekhánov e os Chjenkeli, os Potrésov, etc., é, objetivamente, a defesa da escravatura dos operários pola burguesia imperialista através dos seus melhores agentes no movimento operário. A vitória da social-democracia revolucionária em escala mundial é absolutamente ineludível, mas marcha e marchará, avança e avançará só contra vocês, será umha vitória sobre vocês.

As duas tendências, incluso os dous partidos do movimento operário contemporáneo, que tam claramente se tenhem cindido em todo o mundo em 1914-1916, fôrom observadas por Engels e Marx na Inglaterra durante vários decénios, aproximadamente entre 1858 e 1892.

Nem Marx nem Engels vivêrom para ver a época imperialista do capitalismo mundial, que só se inicia entre 1898 e 1900. Pero já em meados do século XIX, era caraterística de Inglaterra a presença, polo menos, de dous principais traços distintivos do imperialismo: 1) imensas colónias e 2) ganhos monopolistas (a conseqqüência da sua situaçom monopolista no mercado mundial). Em ambos os sentidos, Inglaterra representava entom umha excepçom entre os países capitalistas, e Engels e Marx, analisando esta excepçom, indicavam em forma completamente clara e definida que estava em relaçom com a vitória (temporária) do oportunismo no movimento operário inglês.

Numha carta a Marx, do 7 de outubro de 1858, escrevia Engels: “O proletariado inglês está-se aburguesando, de facto, cada dia mais; assim que esta naçom, a mais burguesa de todas, aspira aparentemente a chegar a ter, ao lado da burguesia, umha aristocracia burguesa e um proletariado burguês. Naturalmente, por parte de umha naçom que explora o mundo inteiro, isto é, até certo ponto, lógico”. Numha carta a Sorge, datada a 21 de setembro de 1872, Engels comunica que Hales promoveu no Conselho Federal da Internacional um grande escándalo, logrando um voto de censura contra Marx polas suas palavras de que “os líderes operários ingleses se venderam”. Marx escreve a Sorge em 4 de agosto de 1874: “Quanto aos operários urbanos de aqui (em Inglaterra), é de lamentar que todo o bando de líderes nom tenha ido ao Parlamento. Seria o caminho mais seguro para libertar-se dessa canalha”. Numha carta a Marx, de 11 de agosto de 1881, Engels fala de “as piores tradeunions inglesas, que permitem que as dirija gente vendida à burguesia, ou, quando menos, paga por ela”. Numha carta a Kautsky, de 12 de setembro de 1882, escrevia Engels: “Pergunta-me você: o que é que pensam os operários ingleses acerca da política colonial? O mesmo que pensam da política em geral. Aqui nom há um partido operário, só há conservadores e radicais liberais, e os operários aproveitam-se com eles, com a maior tranqüilidade, do monopólio colonial de Inglaterra e do seu monopolio no mercado mundial”.

A 7 de dezembro de 1889, escrevia Engels a Sorge: “… O mais repugnante aqui (em Inglaterra) é a respectability (respeitabilidade) burguesa que se fijo carne e sangue dos operários…; até o próprio Tom Mann, quem considero o melhor de todos eles, gosta de mencionar que haverá de comer com o lord maior. Basta compará-los com os franceses para se convencer de até que ponto neste aspecto influi saudavelmente a revoluçom”. Noutra carta, do 19 de abril de 1890: “O movimento (da classe operária em Inglaterra) avança abaixo da superfície, abarca setores cada vez mais amplos que, na maioria dos casos, pertencem à massa mais inferior (sublinhado por Engels), inerte até agora; e nom está já afastado o dia em que esta massa se encontre a si mesma, em que veja claro que é ela mesma, precisamente, a colossal massa em movimento”[ix][9]. Em 4 de março de 1891: “o revés do fracassado sindicato dos operários do porto, as ‘velhas’ tradeunions conservadoras, ricas e por isso mesmo covardes, ficam sós no campo de batalha”… Em 14 de setembro de 1891: no Congresso das tradeunions, celebrado em Newcastle, som derrotados os velhos tradeunionistas, inimigos da jornada de 8 horas, “e os jornais burgueses reconhecem a derrota do partido operário burguês ” (todos os sublinhados por Engels)[x][10]

Que estas ideias, repetidas por Engels durante décadas inteiras, também fôrom expressadas por ele publicamente, na imprensa, prova-o o seu prólogo à segunda ediçom d’A situaçom da classe operária em Inglaterra (1892)[xi][11]. Fala aqui de umha “aristocracia no seio da classe operária”, da “minoria privilegiada de operários” frente “à grande massa operária”. “Umha pequena minoria, privilegiada e protegida”, da classe operária é a única que obtivo “prolongadas vantagens” da situaçom privilegiada de Inglaterra em 1848-1868, enquanto “a grande massa, no melhor dos casos, só gozava de breves melhorias”… “Quando quebre o monopólio industrial de Inglaterra, a classe operária inglesa perderá a sua situaçom privilegiada”… Os membros das “novas” tradeunions, os sindicatos de operários nom qualificados, “tenhem umha enorme vantagem: a sua mentalidade é ainda um terreno virgem, absolutamente isento dos ‘respeitáveis’ preconceitos burgueses herdados, que trastornam as cabeças dos ‘velhos tradeunionistas’ melhor situados…” Em Inglaterra fala-se “dos chamados representantes operários” referindo-se a gentes a quem “se desculpa a sua pertença à classe operária por eles mesmos estarem dispostos a afogar esta qualidade sua no oceano do seu liberalismo…”

Citamos deliberadamente as declaraçons diretas de Marx e Engels em forma bastante extensa, para os leitores poderem estudá-las em conjunto. É imprescindível estudá-las e vale a pena que se reflicta atentamente sobre elas. Porque som a chave da tática do movimento operário que prescrevem as condiçons objetivas da época imperialista.

Também aqui Kautsky tem tentado já “enturvar a água” e substituir o marxismo por umha doce conciliaçom com os oportunistas. Polemizando com os social-imperialistas francos e cándidos (como Lensch), que justificam a guerra por parte da Alemanha, como destruiçom do monopólio de Inglaterra, Kautsky “corrige” esta evidente falsidade com outra falsidade igualmente clara. Em lugar de umha falsidade cínica, coloca umha falsidade doce! O monopólio industrial de Inglaterra, di, está há tempo roto, destruído: nem se pode nem há por que destrui-lo.

Por que é falso este argumento?

Em primeiro lugar, porque passa por alto o monopólio colonial de Inglaterra. E Engels, como vimos, já em 1882, há 34 anos, o indicava com toda a clareza! Se está desfeito o monopólio industrial de Inglaterra, o seu monopólio colonial nom só se mantém, como recrudesceu extraordinariamente, porque todo o mundo está já repartido! Com as suas doces mentiras, Kautsky fai passar de contrabando a ideia pacifista-burguesa e oportunista-pequenoburguesa de que “nom há por que fazer a guerra”. Polo contrário, os capitalistas nom só tenhem agora por que fazer a guerra, senom que nom podem deixar de fazê-la se querem conservar o capitalismo, porque sem um novo reparto das colónias pola força, os novos países imperialistas nom poderám obter os privilégios de que desfrutan as potências imperialistas mais velhas (e menos fortes).

Em segundo lugar, por que explica o monopólio de Inglaterra a vitória (temporária) do oportunismo neste país? Porque o monopólio dos superganhos, quer dizer, um excesso de ganhos por cima dos ganhos normais, ordinários do capitalismo em todo o mundo. Os capitalistas podem gastar umha parte destes superganhos (¡e incluso umha parte nom pequena!) para subornar os seus operários, criando algo assim como umha aliança (recordem-se as famosas “alianças” das tradeunions inglesas com os seus amos descritas polos Webb), aliança dos operários de um país dado, com os seus capitalistas contra os restantes países. A finais do século XIX, o monopólio industrial de Inglaterra estava já desfeito. Iso é indiscutível. Mas, como se produziu essa destruiçom? De modo que figesse desaparecer todo monopólio?

Se assim fosse, a “teoria” de Kautsky da conciliaçom (com o oportunismo) estaria até certo ponto justificada. Mas trata-se precisamente de que nom é assim. O imperialismo é o capitalismo monopolista. Cada cartel, cada trust, cada sindicato, cada Banco gigantesco é um monopólio. Os superganhos nom desaparecêrom, senom que prosseguem. A exploraçom por um país privilegiado, financeiramente rico, de todos os restantes, continua e é ainda mais intensa. Um punhado de países ricos -som ao todo quatro, se se tiver em conta umha riqueza independente e verdadeiramente gigantesca, umha riqueza “contemporánea: Inglaterra, França, os Estados Unidos e a Alemanha- estendêrom os monopólios em proporçons inabarcáveis, obtém centenas, se nom milhares de milhons de superganhos, “vive sobre as costas” de centenas e centenas de milhons de homens de outros países, entre luitas intestinas polo reparto de um botim do mais sumptuoso, do mais pingüe, do mais fácil.

Nisto consiste precisamente a essência económica e política do imperialismo, cujas profundíssimas contradiçons Kautsky oculta em vez de as pôr ao léu.

A burguesia de umha “grande” potencia imperialista pode economicamente subornar as camadas superiores dos “seus” operários, dedicando a tal algumha centena de milhons de francos por ano, umha vez que os seus superganhos se elevan provelmente a cerca de mil milhons. E a questom de como se reparte essa pequena migalha entre os ministros operários, os “deputados operários” (lembrai a esplêndida análise que deste conceito fai Engels), os operários que fam parte dos comités da indústria armamentista[xii][12], os funcionários operários, os operários organizados em sindicatos de caráter estreitamente gremial, os empregados, etc., etc., é já umha questom secundária.

Desde 1848 a 1868, e em parte depois, Inglaterra era o único país monopolista; por isso pudo vencer lá, para decénios, o oportunismo; nom havia mais países nem com riquíssimas colónias nem com monopólio industrial.

O último terço do século XIX é um período de transiçom para umha nova época, para a época imperialista. Desfruta do monopólio nom o capital financeiro de umha só grande potência, mas o de umhas quantas, muito poucas. (No  Japom e na Rússia, o monopólio da força militar, de um território imenso ou de facilidades especiais para despojar os povos alógenos, a China, etc., completa e em parte substitui o monopólio do capital financeiro mais moderno.) Desta diferença se deduz que o monopólio da Inglaterra pudo ser indiscutido durante decénios. Em troca, o monopólio do capital financeiro atual é furiosamente contestado; começou a época das guerras imperialistas. Entom podia-se subornar, corromper durante decénios a classe operária de um país. Agora isto é inverosímil, e quiçá até impossível. Mas, em troca, cada “grande” potência imperialista pode subornar e suborna camadasmais reduzidas (que em Inglaterra entre 1848 e 1868) da “aristocracia operária”. Entom, como di com admirável profundidade Engels, só num país podia constituir-se um “partido operário burguês “, porque só um país dispunha do monopólio, mas, no entanto, por longo tiempo. Agora, o “partido operário burguês” é inevitável e típico em todos os países imperialistas, mas, tendo em conta a desesperada luita destes polo reparto do botim, nom é provável que semelhante partido triunfe por longo tempo numha série de países. Já que os trusts, a oligarquia financeira, a carestia, etc., permitem subornar um punhado das camadas superiores e desta maneira oprimem, subjugam, arruínan e atormentam com crescente intensidade a massa de proletários e semiproletários.

Por umha parte, está a tendência da burguesia e dos oportunistas para converterem o punhado de naçons mais ricas, privilegiadas, em “eternas” parasitas sobre o corpo do resto da humanidade, a “dormir sobre os louros” da exploraçom de negros, hindus, etc., tendo-os sujeitos por meio do militarismo moderno, provisto de umha magnífica técnica de extermínio. Por outra parte, está a tendência das massas, que som mais oprimidas que antes, que soportam todas as calamidades das guerras imperialistas, tendência a se libertar desse jugo, a derrubar a burguesia. A história do movimento operário desenvolverá-se agora, inevitavelmente, na luita entre estas duas tendências, pois a primeira tendência nom é casual, senom que tem um “fundamento” económico. A burguesia deu já a luz, criou e assegurou-se “partidos operários burgueses” de social-chovinistas em todos os países. Carecem de importáncia as diferenças entre um partido oficialmente formado, como o de Bissolati na Itália, por exemplo, partido totalmente social-imperialista, e, suponhamos, o quase-partido, a meio formar, dos Potrésov, Gvózdiev, Bulkin, Chjeídze, Skóbeliev e Cia. O importante é que, do ponto de vista económico, madureceu e consumou-se a passagem de umha camada de aristocracia operária para a burguesia, pois este facto económico, este deslocamento nas relaçons entre as classes, achará sem grande “dificuldade” umha ou outra forma política.

Sobre a indicada base económica, as instituiçons políticas do capitalismo moderno -imprensa, parlamento, sindicatos, congressos, etc.- criárom privilégios e dádivas políticos, correspondentes aos económicos, para os empregados e operários respeitosos, mansos, reformistas e patrioteiros. A burguesia imperialista atrai e premeia os representantes e partidários dos “partidos operários burgueses” com lucrativos e tranqüilos cargos no governo ou no comité de indústrias de guerra, no parlamento e em diversas comissons, nas redaçons de jornais legais “sérios” ou na direçom de sindicatos operários nom menos sérios e “obedientes à burguesia”.

Neste mesmo senso é que age o mecanismo da democracia política. Nos nossos dias nom se pode passar sem eleiçons; nem nada se pode fazer sem as massas, mas na época da imprensa e do parlamentarismo nom é  possível levar trás de si as massas sem um sistema amplamente ramificado, metodicamente aplicado, solidamente organizado de louvor, de mentiras, de fraudes, de prestidigitaçom com palavrinhas populares e na moda, de promessas para o que der e vinher, de toda a classe de reformas e benefícios para os operários, desde que renunciarem à luita revolucionária por derrubar a burguesia. Eu chamaria este sistema lloydgeorgismo, polo nome de um dos seus representantes mais eminentes e hábeis deste sistema no país clássico do “partido operário burguês”, o ministro inglês Lloyd George. Negociante burguês de primeira classe e político astuto, orador popular, capaz de pronunciar toda a classe de discursos, incluso revolucionários, ante um auditório operário; capaz de conseguir, para os operários dóceis, dádivas apreciáveis como som as reformas sociais (seguros, etc.), Lloyd George serve admiravelmente a burguesia[xiii][13] e serve-a precisamente entre os operários, estendendo a sua influência precisamente no proletariado, onde lhe é mais necessário e mais difícil submeter moralmente as massas.

Mas é tanta a diferença entre Lloyd George e os Scheidemann, os Legien, os Henderson, os Hyndman, os Plejánov, os Renaudel e Cia.? Objectará-se-nos que, destes últimos, alguns voltarám ao socialismo revolucionário de Marx. É possível, mas esta é umha diferença insignificante em proporçom, se considerarmos o problema em escala política, quer dizer, no seu aspecto de massas. Alguns dos atuais líderes social-chovinistas podem voltar ao proletariado. Mas a corrente social-chovinista ou (o que é o mesmo) oportunista nom pode desaparecer nem “voltar” ao proletariado revolucionário. Onde o marxismo é popular entre os operários, esta corrente política, este “partido operário burguês”, invocará Marx e jurará em seu nome. Nom se lhe pode proibir, como nom se pode proibir a umha empresa comercial que empregue qualquer etiqueta, qualquer rótulo, qualquer anúncio. Na história tem sucedido sempre que, após mortos os chefes revolucionários cujos nomes som populares nas classes oprimidas, os seus inimigos tentárom tomar posse deles para enganar estas classes.

O facto de que em todos os países capitalistas avançados se constituíssem já “partidos operários burgueses”, como fenómeno político, e que sem umha luita enérgica e despiadada, em toda a linha, contra esses partidos -ou grupos, correntes, etc., todo é o mesmo -nom pode nem falar-se de luita contra o imperialismo, nem de marxismo, nem de movimento operário socialista. A fraçom de Chjeídze[xiv][14]Nashe Dielo[xv][15] e Golos Trudá[xvi][16] na Rússia, e os partidários do CO no estrangeiro, nom som senom umha variante de um destes partidos. Nom temos nem de longe fundamento para julgar que estes partidos podam desaparecer antes da revoluçom social. Ao contrário, quanto mais perto estiver essa revoluçom, quanto mais poderosamente alampar, quanto mais bruscos e fortes forem as transiçons e os pulos no processo do seu desenvolvemento, tanto maior será o papel que desempenhe no movimento operário a luita da corrente revolucionária, de massas, contra a corrente oportunista, pequenoburguesa. O kautskismo nom é nengumha tendência independente, pois nom tem raízes nem nas massas nem na camada privilegiada que passou à burguesia. Mas o perigo que entranha o kautskismo consiste em que, utilizando a ideologia do passado, se esforça por conciliar o proletariado com o “partido operário burguês”, por manter a sua unidade com este último e erguer de tal modo o prestígio do dito partido. As massas nom seguem já os social-chovinistas descarados: Lloyd George foi poupado em Inglaterra em assembleias operárias, Hyndman abandonou o partido; aos Renaudel e os Scheidemann, aos Potrésov e os Gvózdiev protege-os a polícia. O mais perigoso é a defesa encoberta que os kautskianos fam dos social-chovinistas.

Um dos sofismas mais difundidos dos kautskistas é o remeter-se às “massas”. Nom queremos, dim, separar-nos delas nem das suas organizaçons! Porém observe-se como expom Engels esta questom. As “organizaçons de massas” das tradeunions inglesas estivérom no século XIX ao pé do partido operário burguês. E nom por isso se conformárom Marx e Engels com este partido, senom que o demascarárom. Nom esqueciam, em primeiro lugar, que as organizaçons das tradeunions abrangem, em forma imediata, umha minoria do proletariado. Tanto entom em Inglaterra como agora na Alemanha está organizada nom mais de umha quinta parte do proletariado. Sob o capitalismo nom pode pensar-se seriamente na possibilidade de organizar a maioria dos proletários. Em segundo lugar -e isto é o principal-, nom se trata tanto do número de membros de umha organizaçom, como do sentido real, objetivo, da sua política: de se essa política representa as massas, serve as massas, quer dizer, serve para libertá-las do capitalismo, ou representa os interesses de umha minoria, a sua conciliaçom com o capitalismo. Precisamente isto último, que era justo em relaçom com Inglaterra no século XIX, é justo hoje dia em relaçom com a Alemanha, etc.

Do “partido operário burguês” das velhas tradeunions, da minoria privilegiada, distingue Engels a “massa inferior“, a verdadeira maioria’ e apela para ela, que nom está contaminada de “respeitabilidade burguesa”. Esse é o quid da tática marxista!

Nem nós nem ninguém pode calcular exatamente que parte do proletariado é a que segue e seguirá os social-chovinistas e oportunistas. Só a luita o porá de manifesto, só a revoluçom socialista o decidirá definitivamente. Mas o que sim sabemos com certeza é que os “defensores de ila patria” na guerra imperialista só representam umha minoria. E por isto, se quigermos continuar a ser socialistas, o nosso dever é irmos mais abaixo e mais ao fundo, às verdadeiras massas: Nisto está o sentido da luita contra o oportunismo e todo o conteúdo desta luita. Pondo ao léu que os oportunistas e os social-chovinistas atraiçoam e vendem de facto os interesses das massas, que defendem privilégios passageiros de umha minoria operária, que estendem ideias e influências burguesas, que, na realidade, som aliados e agentes da burguesia, deste modo ensinaremos às massas a compreender quais som os seus verdadeiros interesses políticos, a luitar polo socialismo e pola revoluçom, através de todas as longas e penosas peripécias das guerras imperialistas e dos armistícios imperialistas.

A única linha marxista no movimento operário mundial consiste em explicar às massas que a cisom com o oportunismo é inevitável e imprescindível, em educá-las para a revoluçom numha luita despiadada contra ele, em aproveitar a experiência da guerra para desmascarar todas as infámias da política operária liberal-nacionalista, e nom para encobri-las.

No artigo seguinte trataremos de resumir os principais traços distintivos desta linha, em contraposiçom ao kautskismo.



[i][1] Panamá (francesa): grande fraude numha empresa capitalista surgida em 1892-1893 em França, ligada a abusos e ao suborno de ativistas estatais, funcionários e jornais. Esta palavra adquiriu tal significaçom por ser umha companhia francesa a que iniciou as obras de abertura do canal de Panamá e dos enormes abusos por ela cometidos.

[ii][2] Veja-se C. Marx, O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte.

[iii][3] “O imperialismo é um produto do capitalismo industrial altamente desenvolvido. Consiste na tendência de toda naçom capitalista industrial a submeter e anexar cada vez mais regions agrárias sejam quais forem os povos que as habitam” (veja-se Kautsky, Die Neue Zeit, II. IX. 1914).

[iv][4] Kommunist: revista organizada por Lenine, que em 1915 editou em Genebra a Redaçom de Sotsial-Demokrat. Apareceu um número (duplo) em que se inseriam três artigos de Lenine; “A bancarrota da II Internacional”, “A voz honrada de um socialista francês” e “Imperialismo e socialismo em Itália”.

No seio da redaçom da revista, Lenine combateu contra o grupo de Bukharin-Piatakov, hostil ao Partido, denunciando as suas concepçons antibolcheviques e as suas tentativas de utilizar a revista com móveis fracionalistas. Considerando a posiçom deste grupo, contrária ao Partido, Lenine propujo à Redaçom de Sotsial-Demokrat romper com ele e cessar a publicaçom conjunta da revista. Em outubro de 1916, a Redaçom do jornal começou a editar su Sbórnik Sotsial-Demokrata.

 

[v][5] Spektator: economista russo M. I. Nagimson.

[vi][6] Comité de Organizaçom (CO), (OK em russo, os seus membros denominavam-se okistas): centro dirigente dos mencheviques; formou-se na Conferência de agosto dos mencheviques liquidacionistas e de todos os grupos e tendências contrárias ao Partido; cessou as suas atividades após a eleiçom do CC do Partido menchevique em agosto de 1917. Durante a Primeira Guerra Mundial, o CO tomou umha posiçom social-chovinista.

[vii][7] J. A. Hobson: Imperialismo, Londres, 1902.

[viii][8] Boletim do Secretariado no Estrangeiro do Comité de Organizaçom (“Izvestia Zagraníchnogo Sekretariata O.K.”): jornal menchevique publicado de fevereiro de 1915 a março de 1917 na Suíça; 10 números em total.

[ix][9] Veja-se a carta de F. Engels a F. Sorge de 19 de abril de 1890.

[x][10] Ibid., do 4 de março e do 14 de setembro de 1891.

[xi][11] Veja-se C. Marx e F. Engels, Obras Completas, t. XXII.

[xii][12] Os comités da indústria armamentista fôrom criados em 1915 na Rússia pola grande burguesia imperialista para ajudar o tsarismo na guerra. Tratando de submeter os operários à sua influência e de incutir-lhes ideias nacional-defensistas, a burguesia ideou a organizaçom de “grupos operários” anexos desses comités. À burguesia convinha que nesses grupos houvesse representantes dos obreiros, encarregados de fazerem propaganda entre as massas operárias em prol de umha maior produtividade do trabalho nas fábricas de materiais militares. Os mencheviques participárom ativamente nesta empresa pseudopatriótica da burguesia. Os bolcheviques declarárom o boicote aos comités da indústria armamentista e aplicárom-no eficazmente com o apoio da maioria dos operários.

[xiii][13] Há pouco lim numha revista inglesa um artigo de um tory, adversário político de Lloyd George: Lloyd George do ponto de vista de um tory. A guerra abriu os olhos a este adversário, fazendo-lhe ver que magnífico servidor da burguesia é Lloyd George! E os tories reconciliárom-se com ele!

[xiv][14] Fraçom de Chjeídze: fraçom menchevique na IV Duma de Estado, dirigida por N. Chjeídze, na qual ocupárom sete assentos delegados-liquidacionistas dos social-democratas.

[xv][15] Nashe Dielo (“A Nossa Causa”): Revista menchevique do liquidacionismo, órgao principal dos social-chovinistas na Rússia; apareceu em 1915 em Petersburgo em lugar da revista Nasba Zariá, clausurada em Outubro de 1914.

[xvi][16] Golos Truda (“A Voz do Trabalho”): jornal menchevique legal editado em 1916 em Samara após a clausura do jornal Nash Golos (“A Nossa Voz”).


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