Na China parece que se doam poucos órgãos devido que se pensa que tenhem que se enterrarem inteiros os defuntos. O rapazinho era de uma zona rural e pobre, uma vítima propícia das máfias de tráfico de órgãos, como muitas outras crianças também pobres e que são exploradas laboralmente ou mesmo escravas. Lembremos a multinacional inditex.
Os oligarcas, as grandes fortunas de China, e do mundo, são as que se podem permitir o luxo de pagar os médicos e as clínicas onde terão assegurados os órgãos que precisem. Não perguntam, provavelmente, de onde saem. É uma longa cadeia. Mas estas cousas passam porque há uma demanda. Como não perguntamos quando compramos em Zara porque é mais barato, nem porque se fam guerras pelo controlo do petróleo, que importa? Ficam muito longe os mortos.
No capitalismo, no livre mercado, todos os seres vivos do planeta nos convertemos em mercadorias, para enriquecimento duns poucos e para consumo duns muitos. É a lei cega da oferta e a demanda. Se há milionários que pagam por órgãos haverá quem os venda. Se num estado se permite que trabalhem crianças por uma miséria, haverá uma multinacional disposta a exploraras. Se há que provocar guerras para vender armas, far-se-á. E se há que invadir países por petróleo e causar centos de milhares de mortos, invadir-se-ão. Ou se arrasarão selvas virgens para a indústria cárnica, para enriquecer a latifundiários. Mesmo expulsarão os habitantes nativos para que as podam arrasar sem moléstias. Este sistema funciona assim.
O pior é que se premia mais o lucro próprio, ainda a custo da exploração de outros seres humanos, que a solidariedade dos que nunca sairão nos mídia do poder. Temos muitas alternativas ao desumano sistema mercantilista, mas todas passam por uma outra moral. Uma moral que prime a solidariedade enfrente ao egoísmo, em que se valore o que é uma pessoa e não quanto tem, e onde os seres vivos do planeta, os seres humanos entre eles, sejam os nossos irmãos nesta viagem pelo universo. Não apenas produtos de consumo.