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281012 pentagonoEstados Unidos - Global Research - [Eric Walberg, Traduçom do DL*] Este ano, no Festival Internacional de Cinema de Toronto, destaca a nova orientaçom na produçom cinematográfica: o Irám é o inimigo na moda, mas ao mesmo tempo o festival perde legitimidade para elogiar todo o que Israel fai.


O império precisa dum suculento inimigo que mantenha as mentes da gente fora dos seus próprios pecados. Durante a Guerra Fria, Hollywood respondeu admiravelmente ao desafio, produzindo thrillers anti-comunistas com bandidos russos, e de forma mais memorável, durante a surreal presidência de Reagan, quando Mencer Vermelho e Rocky IV reduzírom a política internacional a umha paródia de revista em quadrinhos.

Dado o que é o inimigo oficial nos dias de hoje, nom surpreende que o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), que conta com 72 países participantes, nom incluísse "num lugar destacado ao cinema iraniano" este ano. Ao contrário, exibiu umha última porçom de propaganda contra o Irám com a estreia de Argo, um docu-drama que descreve a fuga de seis diplomatas americanos do Irám após a toma da embaixada dos EUA em Teerâ em novembro 1979, na que 52 americanos som retidos como reféns polos militares à vez que manifestantes estudantis iranianos lançam correspondência diplomática dos EUA na rua, num espectacular Wikileaks pré-moderno.

Argo é baseada no entom embaixador canadense Kenneth Taylor que, na verdade, escondera e emitira falsos passaportes canadenses a seis americanos que apareceram na embaixada canadense durante a crise dos reféns de 1979. Taylor foi nomeado oficial da Ordem do Canadá e condecorado com a Medalha de Ouro do Congresso em 1981 pola sua ajuda.

Como se num roteiro de Hollywood, a estreia da noite de 7 de setembro no TIFF começou poucas horas após o anúncio de que Canadá estava a fechar a sua embaixada em Teerám, acrescentando emoçom.

Argo foi produzido por George Clooney e dirigido por Ben Affleck, que também desempenha o papel de Tony Méndez, agente da CIA que se fai passar polo director dum falso filme de ficçom científica canadense (apropriadamente intitulado "Argo"). Mendez convence as autoridades iranianas de que as panorámicas do agreste deserto do Irã dariam um convincente terreno extraterrestre (sendo que Hollywood quer dizer entrelinhas que o Irám islámico está pirado e as autoridades iranianas som facilmente enganadas).

Clooney e Ben Affleck nom som fanáticos sionistas. Eles som inclusive criticados por serem "pró-palestinianos" (embora isso significa muito pouco no caso de Hollywood), e ambos som identificados com a oposiçom às guerras neocon dos EUA. Assim, a produçom desta descarada e chafulheira propaganda é umha triste nota sobre quanto de obcecada esta a América com o país que com mais sucesso é hoje capaz de enfrentá-la a ela junto com Israel. É como se umha silenciosa crítica aos crimes do governo dos EUA devesse ser equilibrada por um servil desdobramento de patriotismo. Affleck mesmo entretevista as tropas dos EUA a bordo do porta-avions USS Enterprise numha tourné patrocinada pola organizaçom United Service Organization no Golfo Pérsico, em dezembro de 2003, apesar das suas reservas sobre o belicismo dos EUA (sem dúvida com um simulacro de lançamento de um míssil contra o Irã desde a base naval dos EUA no Bahrein).

Alan Arkin, o produtor CIA-cum-Hollywood do filme-dentro-do-filme é outro ícone dos liberais anti-guerra, que actuou em Venhem aí os russos, venhem aí os russos! (1966), dirigido por Norman Jewison, assim como na versom no ecrám do satírico anti-guerra Armadilha 22 (1970). No entanto, também fijo um filme para o canal de TV americano HBO, O soco de Deus (1994),  sobre um construtor de armas canadense que ajudou Israel a "defender" as Colinas do Golám, mas que depois cinicamente decide vender o seu talento para o maior postor, Saddam Hussein, que quer construir o epónimo armas-de-engano-masivas (desculpem-me, de "destruiçom"). Arkin interpreta um oficial da inteligência israelense que educadamente muda a mente equivocada do canadense. Nom há dúvida de que Bush filho viu este matizado pedaço de "hasbara" (diplomacia de Israel), levando-o a invadir o Iraque à procura de armas de destruiçom masiva (WMDs).

Argo foi recebida com aplausos e com o clamor de um Oscar para Alan Arkin. As suas passadas manifestaçons de liberalismo anti-guerra nom devem ser um problema, dada a sua devoçom a Israel, como se mostra em O soco de Deus, e agora nesta última concessom para o "Israel-primeiro" de América.

O dia da projecçom da fantástica intriga da embaixada canadense deve ter sido coordenada com o fechamento na vida real da embaixada canadense. Nom existe outra explicaçom. É digno de um Oscar por si, em marcado contraste com o escándalo do Festival de Toronto de 2009. Apesar da invasom de Gaza por Israel apenas uns meses antes, aquele Festival apresentava o "De cidade a cidade" sobre Tel Aviv, financiado pola Embaixada de Israel e a Fundaçom Cultual Canadense-Israelita, a peça central da campanha "Marca Israel" do cónsul israelense Amir Gissin. Na época, Gissin descaradamente classificou Toronto de "foro de encontro para Israel desde de um ponto de vista cultural, comercial e do relacionamento público". A ideia era "promover Tel Aviv como a cidade da paz", mesmo depois de matar mais de mil cidadáns em Gaza na operaçom Chumbo Fundido poucos meses antes.

O afago do TIFF à máquina de propaganda israelense explodiu em um escándalo global, de forma que um movimento espontáneo de protesto entre poucos cineastas transformou-se num incidente internacional, conseguindo 1.500 assinaturas de proeminentes figuras públicas  israelenses e o apoio de Jane Fonda, Julie Christie, Alice Walker, Naomi Klein, Guy Maddin, e Harry Belafonte à "Declaraçom de Toronto", que critica Israel e o TIFF. Foi um grande rubor, um aviso de que a propaganda de Israel está ficando mais difícil de engolir, mesmo polos  devotos de Hollywood.

Desde entom, nom mais tributos para Tel Aviv. Agora, para presumir da sua mentalidade aberta, o TIFF inclusive mostra filmes árabes desacreditando os maus tratos de Israel sobre os palestinos, mas todo prudentemente dentro dos limites do discurso norte-americano sobre a Palestina, Síria, etc

Este ano incluem:

* Depois da batalha, do egípcio Yousry Nasrallah, acerca de Mahmoud, que leva umha vida insignificante paseando turistas de cavalo nas pirámides, mas que foi embaucado para participar da "Batalha dos camelos" durante a revoluçom egípcia do ano passado. Ele agora está desempregado e isolado, e tem um fatal encontro com umha mulher de Zalamek liberal, rica e divorciada.

* Como se formos caçar umha serpe, de Hala Alabdalla, sobre a tradiçom do desenho caricaturesco no Egito e a Síria, filmado antes, durante e depois das revoltas de 2011e 2012.

* Inevitável, do diretor árabe-canadense Ruba Nadda, sobre um ex-oficial da polícia militar síria que é forçado a voltar a Damasco quando a sua filha vagamundos desaparece.

* Fidai e Zabana!, o primeiro comemorando o 50 º aniversário da independência da Argélia com as antigas reminiscências de um combatente. O último, um filme biográfico sobre o lendário lutador pela liberdade guilhotinado polos franceses em 1956, que inspirou a Batalha de Argel.

* O Ataque, do diretor libanês Ziad Doueiri, sobre um médico palestiniano em Israel, que enfrenta a discriminaçom e cuja mulher está envolvida num atentado suicida.

* Quando eu te vi, da palestiniana Annemarie Jacir, produzido por Ossama Bawardi, quem produziu também O Paradiso agora.

* Um mundo que nom é nosso, por Mahdi Fleifel, sobre a vida no campo de refugiados palestinianos de Ain al-Helweh no Líbano.

* Estado 194, um documentário de Dan Setton, sobre os planos do primeiro-ministro palestiniano Salam Fayyad para um Estado palestino, com a presencia de Fayyad.

* Inch 'Allah, de Anaïs Barbeau-Lavalette, sobre um médico de Quebec que trabalha numha clínica de saúde da mulher, no lado palestiniano da barreira, mas reside num apartamento do lado israelense.

Como um símbolo desta época, há agora um Festival de Cine de Palestina en Toronto (TPFF) após o TIFF no início de outubro, onde se exibem mais filmes inquisitivos e onde os cineastas palestinianos convidados ao TIFF (este ano Jacir, Bawardi e Fleifel) podem encontrar-se com militantes locais lutando en contra do apartheid israelense.

Este ano, a programaçom inclui alguns documentários contundentes:

* A Guerra à nossa volta, de Abdallah Omeish, sobre a invasom israelense de Gaza em 2008.

* Roteiro para o Apartheid, de Ana Nogueira.

* Esta é minha terra ... Hebron, de Giulia Amati e Stephen Natanson, a respeito de Hebron, onde 160 mil palestinos som confrontados por um assentamento israelense de 600 colonos, guardado por 2.000 soldados israelenses ocupando as suas casas e decididos a expulsar a populaçom indígena.

Se os patrocinadores do TPFF fam o que querem, Toronto nom será por muito mais tempo "o foro das relaçons públicas israelenses" de Gissin.

Eric Walberg escreve para a Al-Ahram Weekly (http://weekly.ahram.org) e é autor de O imperialismo pós-moderno: a geopolítica e os grandes jogos (http://claritypress.com/Walberg.html).  Podes visitá-lo em http://ericwalberg.com/.

*Traduçom de Ana Sánchez para o Diário Liberdade


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