Em Euskal Herria não se permite dizer aos detidos Maite Zaituztegu! (queremos-vos) sem se receber uma imputação da Procuradoria da Audiência Nacional e na Catalunha não puderam frear as centenas de consultas autodeterministas que permitem conhecer o dado de que nelas e em precário, mais de 500.000 catalãs e catalães já votaram sim à independência.
O regime ameaça mas não pode frear os Movimentos Populares dos povos. Só uma selvagem repressão física poderia deter por um momento a marcha para a liberdade dos povos e pessoas anti franquistas do Estado.
Viu-se com o assunto de Garzón. O Tribunal Supremo fez valer a sua maioria conservadora para o inabilitar pela incoação do sumário Gürthel e a resposta fulminante foi a vingança. Só que o tema escolhido para o imputar, a defesa da reparação da Memória Histórica, era a única das causas impossíveis de ser julgado sem que saltasse o escândalo. O fascismo espanhol não esperava esta reacção na rua nem o que a lupa do medidor de influências fascistas se situasse sobre a nomenclatura espanhola surgida ao calor do engendro chamado transição.
E aqui estamos, exigindo que se desmantelem todos os julgados fascistas, que se depurem os juízes, que se reparem os factos produzidos pelo pistoleirísmo da direita nazista espanhola. Que a igreja Católica golpista espanhola reparem seus muitos crimes contra as classes trabalhadoras, a esquerda e os movimentos nacionalistas na Andaluzia, Catalunha, Castela, Galiza ou Euskal Herria. Ou em qualquer outro povo submetido pelo estado.
Aquilo que Franco deixou atado e bem atado, pode e deve ser largado. Esta é a tarefa de nossas gerações militantes e antifascistas. O anticapitalismo real está perante um momento histórico e um momento assim exige soluções e respostas políticas rápidas e dinâmicas aos acontecimentos políticos imediatos.
Neste senso, em Euskal Herria a Esquerda Abertzale começou a realizar um percurso para a convergência com o grupo internacional que pediu à ETA e ao governo espanhol uma resposta positiva às condições para desenvolver o processo paz que leve a Euskal Herria para um cenário democrático em que possam se defender todos os projectos e materializar-se todas as ideias.
Nem mais nem menos. Todas as partes ficaram convocadas pela base da Esquerda Abertzale e agora toca retratar-se.
Desde o imperialismo espanhol os nervos excitam o carácter violento, vingativo e semi fascista, marca genética dos imperiais desde sua origem. Mas Espanha e os seus poderes fácticos estão a perder credibilidade internacional a olhos vistos.
Todo o mundo está à espera das respostas ao desaparecimento e morte de Jon Anza. Todo mundo ficou escandalizado ao ver como a Falange leva à barra do tribunal juízes, procuradores, lehendakaris como se do mundo ao contrário se tratasse; isto serviu enquanto foram pela esquerda Abertzale, agora é tarde para os que calaram.
É terrível ver que a parte mais atada do fascismo são os aparelhos judiciais, os TSJ, Tribunal Supremo, Constitucional e sobretudo, a insofrível Audiência Nacional e as sentenças ditam-se em favor dos partidos e o regime que lhes concede ingentes privilégios sociais.
As quotas de partido marcam a componente dos tribunais e estes julgam a favor dos argumentos de quem lá os pôs. Já,um procurador denuncia o carácter franquista dos seus colegas de instituição e Garzón apanhou o instrutor de seu sumário, dirigindo juridicamente as respostas da Falange à Audiência Nacional no seu auto, não requer comentário algum.
Isto está podre, totalmente podre. E quem não entender, não compreenderá a necessidade de unir forças inclusive socialmente divergentes, Está a limitar-se muito o espaço perante os reptos políticos que temos os que queremos um futuro de independência e socialismo para os nossos povos.
Convém sublinhar que de vez em quando o regime sente que as suas pancadas estão a ser contadas, medidas e pesadas e após 30 anos sabe que suas respostas estão a ser analisadas nos âmbitos internacionais, já que a Europa começa a ver enquistado o problema da negação de direitos políticos e civis em Euskal Herria e sabe que os estados de excepção têm data de caducidade.
Vamos avante, não achemos que todos os nossos esforços carecem de efeito. Como no tempo da luita antifranquista, é necessário responder pelas nossas liberdades individuais e colectivas, pelos nossos direitos sociais. E pela solidariedade entre os povos que lutamos juntos, acima de qualquer chauvinismo em defesa do direito da cada nação oprimida a ser livre e soberana.
Foi Lenine que disse que um povo que oprime outro jamais pode ser livre. Com esta ideia e com uma clara proposta anticapitalista marcharemos com LAB este Primeiro de maio, com um especial convite comunista aos colectivos de imigrantes que a cada dia são parte das lutas em Euskal Herria da sua duplo indentidade nativa e cidadã de um povo que quer ser independente, socialista e diverso. Tantas origens, tantos indivíduos para um só povo unido, solidário, e anticapitalista.