1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)

190515 bourdieuBrasil - Diário Liberdade - [João Paulo de Oliveira Moreira] Pierre Bourdieu nasceu em 01 de agosto de 1930, na cidade de Denguin na França. Gradou-se em Filosofia (1955-1958), prestou serviço militar na Argélia,tendo sido Professor Assistente na Faculdade de Letras de Argel (1961-1964);


Além disso, foi Professor visitante em Princeton (1972-1973), Chicago e Harvard (1973) e Diretor editorial de: Éditions Minuit, Actes de la Recherche em Sciences Sociales e Theory and Society etc.

Para o sociólogo, diversas foram as disciplinas abordadas nas suas mais diversas problemáticas ao longo de sua vasta obra, tais como: a mediação entre Agente Social e Sociedade, a relação Objetividade e Subjetividade, a questão da Distinção, as posições e condições de classe, a Televisão, os "Campos", a Ciência, a Universidade francesa etc; Tendo assim, como foi condutor as relações de poder que engendram a sociedade.

Segundo o autor, os condicionamentos materiais e simbólicos agem sobre nós, numa relação de interdependência, ou seja, a posição social que detemos na sociedade está na articulação de sentidos que alguns aspectos podem assumir. Nesse sentido as relações simbólicas representam o "status", que foi estudado pelo francês a partir da perspectiva teórica do habitus enquanto orientador da ação,noção fundamental para o desenvolvimento de uma teoria da prática.

Além do "Habitus", Bourdieu formulou as noções de capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos), capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, podem ser capitalizadas) e capital simbólico (prestígio e/ou honra).

O gosto cultural também foi objeto privilegiado do autor, ao apontar para o fato de que os estilos de vida da burguesia, do operariado e das camadas médias, estão marcados pelas trajetórias sociais vividas por cada um deles (feixe de condições específicas de socialização). Nesse caso, é de suma importância as trajetórias educativas e socializadoras dos agentes, tanto na família quanto na escola para se compreender o gosto como objetividade interiorizada em determinadas condições sociais.

Nesse sentido, o espaço social seria simbólico dos estilos de vida. Bourdieu trabalhou com o campo artístico, dando o exemplo de uma editora, que tem o poder de publicar ou recusar uma obra, o que implicaria a necessidade de analisarmos as relações de forças, estratégias e interesses pelo reconhecimento, além de retomarmos todo um conjunto de condições sociais de produção dos produtores do discurso (proposta similar a do marxista galês Raymond Williams).

Sobre as "Ciências Sociais", o autor propôs uma sociologia que descrevesse e orientasse os usos sociais da ciência, uma epistemologia que de fato pudesse intervir no mundo social, em oposição ao "fetichismo do texto" presente nos autores da pós-modernidade.

Como ferramenta analítica, mais um conceito foi elaborado, o de "campo". O campo seria um lócus de relações de forças, os conflitos intelectuais são conflitos de poder, ou seja, existe uma dimensão política e científica simultaneamente nos campos . Um universo intermediário no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência, possuindo leis sociais especificas e relativa autonomia:

O campo científico é um mundo social e, como tal, faz imposições... que são, no entanto, relativamente independentes das pressões do mundo social que o envolve (BOURDIEU,2004,p.21).

Os campos possuem alguns princípios, tais como: a) o raciocínio inicial é fruto da realidade material; b) estrutura das relações objetivas entre os diferentes agentes –determina o que podem fazer e o que não podem fazer-; c) as pesquisas são desenvolvidas de acordo com a posição no campo dos agentes.

A lógica do poder no campo científico insere-se, segundo Bourdieu, a partir das espécies de capital científico: a) Poder temporal ou político; b) Poder sobre os meios de produção/reprodução. Além do poder de "prestigio pessoal". Num dado campo, os agentes se comunicam de molde a já estarem em posições sociais objetivamente estruturadas, isto é, fazendo parte de uma relação de poder, o que acarreta num enfrentamento de posições .

Em suma, o campo é o espaço onde se trava uma luta concorrencial entre atores, devido os interesses específicos de cada área em disputa, que se dá de maneira desigual entre dominantes X dominados. As relações de poder e a reprodução da ordem num dado campo se dão de maneira homóloga àquelas vigentes na sociedade, portanto inscrevem-se nas representações sociais.

Em "A economia das trocas simbólicas", Bourdieu abordou a questão das classes sociais, sob a perspectiva da condição de classe e da posição de classe. A condição de classe pode ser definida, a partir das propriedades de posição da classe, que acabam por fornecer maior historicidade às pesquisas, sobretudo se levarmos em consideração o ponto de trajetória dos indivíduos, ou seja, a trajetória social, sua posição na estrutura social e suas marcas de distinção.

A classe não seria um grupo delimitado, existente como realidade compacta, que existiria em si mesmo, mas sim, enquanto pessoas situadas num espaço social, e em função da posição que ocupam pode-se compreender as suas lógicas práticas e de como elas se entendem como membros de uma classe.

A temática da distinção atravessou boa parte da obra do sociólogo, já que o autor considerou que as mesmas se diferenciam segundo suas relações com a produção e com a aquisição de bens, sendo fundamental entender as lutas por reconhecimento (honra e reputação): "A luta das classificações é uma dimensão fundamental da luta de classes."

A distinção tem haver com formas de dominação, como exemplo, Bourdieu concebeu seu trabalho sobre a conformação que o poder adquiriu nas universidades como uma contribuição à análise dos mecanismos objetivos e subjetivos nos quais se exercem a imposição simbólica, de reconhecimento e desconhecimento.

Em "Coisas Ditas", livro que compilou artigos, conferências e entrevistas de Bourdieu, a temática da distinção ocupou um lugar central, juntamente com as preocupações acerca do desenvolvimento de uma sociologia da sociologia e da reintrodução entre agente social e estrutura que o estruturalismo dissociou. Os agentes possuem disposições adquiridas pela experiência, variáveis segundo o lugar e o momento, e é nesse sentido que o autor insiste nas capacidades geradoras das disposições adquiridas e socialmente constituídas, logo, a atividade humana é uma prática.

Para concluir, outro importante conceito para o estudo das relações de poder é o de violência simbólica, adquirido pelo impositor nas lutas anteriores. O poder simbólico é um poder que pressupõe reconhecimento (desconhecimento da violência que se exerce através dele). Bourdieu cita ainda outros conceitos para melhor compreensão da temática do poder, tais como: Delegação = uma pessoa dá poder a outra, ou seja, encarrega alguém de uma função, ocultando-se assim a tomada de consciência e o fetichismo político; Fetichismo político = Um poder que parece ter origem em si mesmo, na medida em que as pessoas parecem não dever a si mesmos uma existência que lhes foi dada pelos agentes sociais.

Referências Bibliográficas:

BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência. Por uma sociologia clínica do campo científico, São Paulo: Editora UNESP, 2004.

. A economia das trocsa simbólicas, São Paulo:Edusp, 2008

. Coisas ditas, São Paulo: Brasiliense, 2004.

MENDONÇA,Sônia Regina de. Pierre Bourdieu - Algumas questões. Texto de discussão interna na disciplina "Estado e Poder" (PPGH-UFF)


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.