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261213 predio ao avessoInglaterra - Opera Mundi - [Marina Novaes] Intervenções visam atrair olhares fixados em smartphones, diz Alex Chinneck; prédio vai virar torre de escritórios em 2014.


Após fazer com que a fachada de uma casa “escorregasse” sobre a calçada na cidade de Margate, no litoral da Inglaterra, o britânico Alex Chinneck, 29 anos, decidiu virar do avesso um edifício em Blackfriars, bairro localizado na chamada City of London, centro financeiro de Londres. Intitulado “Miner on the Moon” (na tradução livre, o mineiro na lua), a obra é uma ilusão de ótica criada pelo artista plástico, que alterou a fachada do edifício, construído em 1780, e a recriou como se o prédio estivesse de cabeça para baixo.

Visível desde o início de dezembro a quem passa pela Blackfriars Road, a obra tem “prazo de validade”. Daqui a cerca de um ano, o edifício bicentenário será demolido para dar lugar a um novo prédio comercial. Até lá, no entanto, o local promete se tornar um ponto turístico inusitado, embora muitas das pessoas que caminham pela rua não notem, em princípio, a mudança. 

“Eu realmente queria a obra tivesse a habilidade de ‘desaparecer’ entre a vizinhança. Eu sei que soa estranho, mas eu fiquei feliz quando percebi que muitos não notaram o que havia ali”, disse Chinneck, em entrevista a Opera Mundi. 

De fato, apesar de estar de ponta-cabeça, a obra é sutil, mas, nem por isso, deixa de ser rica em detalhes. Das janelas invertidas ao aparelho de alarme de segurança; da placa de “à venda” à escritura na fachada indicando que ali funciona uma marcenaria; dos lustres à antena de TV; “Miner on the Moon” é uma “ilusão bem convincente”, como descreve o autor. 

“Eu quis homenagear a história dessa região, por isso era tão importante pra mim que o edifício se ‘misturasse’. Diferentemente de galerias, na rua, as pessoas não escolhem ver uma obra de arte. Algumas gostam e outras não. E algumas simplesmente podem não querer vê-la. Então eu queria que ela não fosse imponente, nem arrogante. Era para ser sutil, fazer as pessoas se questionarem se realmente viram o que acham que viram”, explicou.

“Resgate” dos distraídos

Reações como o espanto e a surpresa dos pedestres diante da fachada invertida foram os motivos que levaram Chinneck a escolher as ruas ao invés das galerias de arte. Graduado em pintura pelo Chelsea College of Arts, em Londres, o britânico optou por mesclar arquitetura e um pouco de engenharia em suas esculturas, o que se tornou sua paixão nos últimos seis anos.

“Eu não queria mais pintar. Eu senti que tudo de bom que tinha para ser pintado já havia sido feito por alguém”, afirmou. “O que eu faço é criar experiências quase teatrais. O conceito não é nada muito profundo, mas eu gosto da ideia de ter uma audiência maior, de levar essas experiências para as ruas”, disse, em tom despretensioso.

O edifício com a fachada invertida não foi a primeira intervenção urbana de Chinneck no Reino Unido. No final de setembro, ele já havia surpreendido os pedestres da pacata Godwin Road, na cidade de Margate, ao criar uma casa cuja fachada “escorregava”. Outra obra sua, bem mais sutil, foi usar 1248 pedaços de vidro para criar 312 janelas com rachaduras idênticas em uma fábrica em Hackney, na zona leste da capital britânica. 

Para o artista, as intervenções têm como objetivo tentar “resgatar” os olhares distraídos que, totalmente voltados para gadgets eletrônicos, já não notam mais o que está ao redor. 

“Nós passamos tanto tempo olhando para os nossos telefones celulares que paramos de olhar à nossa volta. Há tantas coisas belas que não apreciamos mais. Eu queria provocar um pouco isso, fazer com que as pessoas tivessem vontade de voltar a notar o mundo ao redor delas.”

O próximo projeto do jovem britânico é construir uma casa de tijolos feitos de cera, e deixar a obra derreter sob os olhos do público durante o verão, em uma cidade da Europa ainda a ser escolhida. 


Foto: Prédio na Blackfriars Road, no centro de Londres, foi "invertido" por artista britânico


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