Internado no Hospital dos Capuchos de Lisboa há três dias, o jornalista e escritor Urbano Tavares Rodrigues faleceu após uma longa vida dedicada à atividade intelectual não isenta de compromisso político, na luta antifascista durante a ditadura e sempre ligado ao Partido Comunista Português (PCP).
Durante a ditadura salazarista, Urbano Tavares foi afastado do seu trabalho na universidade e obrigado a ir para o exílio, onde se manteve como apoiante da oposição comunista até depois do 25 de abril.
Autor reconhecido de contos, romances, teatro e outros géneros, a sua obra tem traduções em várias línguas, tendo obtido diferentes prémios, como o Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa ou o Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.
O seu ativismo político levou-o a conhecer a realidade de numerosos países como representantedo PCP, tendo uma grande cultura e formação intelectual. As suas ideias comunistas acompanharam-no também até ao fim da vida, mantendo o seu apoio a todas as lutas populares durante a atual crise sistémica que mantém Portugal numha situação de empobrecimento e precarização crescentes.
Bom conhecedor da Galiza e da sua literatura, Urbano Tavares simpatizava com a causa da unidade linguística galego-luso-brasileira, tendo colaborado em publicações como a revista Agália.
Urbano Tavares Rodrigues era filho do também escritor Urbano Rodrigues e irmão de Miguel Urbano Rodrigues, colaborador do Diário Liberdade na seção de Opinião. A ele e ao resto da sua família, camaradas e amizades, o Coletivo Editor do DL quer transmitir nestes momentos todo o seu apoio e pesar por tão sensível perda.