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PalavrasCruzadasoriginal1913Opera Mundi - Um dos passatempos mais conhecidos tem sua origem remontada desde o império egício.


As palavras cruzadas são, nos dias de hoje, um dos passatempos mais populares, mesmo tendo perdido terreno para outros jogos como o sudoku ou godoku. Praticamente não existe jornal ou revista que não tenha uma seção de passatempos incluindo um ou mais problemas de palavras cruzadas. Mas quando tudo começou?

Em 21 de dezembro de 1913, quando o jornal Sunday New York World estampou um quebra-cabeças denominado “palavras cruzadas”, concebido por Arthur Wynne, jornalista inglês de Liverpool [imagem à esquerda]. O quebra-cabeças conquistou imediato sucesso junto ao público e tornou-se uma atração semanal da publicação.

O nome evoluiu para o mais eufônico “palavra-cruzada” para finalmente cair o hífen (em inglês evoluiu de cross-word para crosswords). A despeito do sucesso, o World foi o único jornal a publicar esse quebra-cabeças até 1924 quando uma iniciante casa editora lançou toda uma coleção de palavras cruzadas publicadas ao longo do tempo pela World, em formato de livro. Uma nova mania era lançada pela que viria a ser uma das grandes editoras do planeta, a Simon & Schuster.

O quadro de palavras – um tipo especial de acróstico que consiste num conjunto de letras inscritas num ‘grid’ quadrado, de modo que as mesmas palavras possam ser lidas tanto horizontal quanto verticalmente, remonta aos tempos antigos.

O mais remoto antepassado conhecido das palavras cruzadas foi encontrado na cidade de Tebas no túmulo do sumo sacerdote Neb-wenenef nomeado para aquela função durante o primeiro ano do reinado de Ramsés II, faraó da XIX dinastia (1320 - 1200 a.C.). No lado esquerdo do corredor que dá acesso à câmara interna do túmulo, encontrou-se uma grande pedra na qual foram gravadas imagens humanas e uma série de hieróglifos. O texto contém apenas uma série de frases elogiosas sobre o deus Osíris, protetor dos mortos, como era usual à época. Mas a forma pela qual os hieróglifos foram dispostos surpreendeu os arqueólogos. São ao todo 11 linhas horizontais. Bem no centro delas, uma coluna foi marcada para indicar que os hieróglifos, lidos no sentido vertical, também fazem sentido. Ou seja, as linhas da coluna delimitam uma frase completa para ser lida de cima para baixo, formada por alguns dos símbolos das outras frases gravadas no sentido horizontal.

Um antepassado mais recente, datado de 79 d.C., é o caso de um quadrado descoberto em 1930 nas ruínas da antiga cidade romana de Pompeia. O quadrado tem cinco letras de cada lado, podendo as palavras ser lidas nos sentidos horizontal e vertical.

Nos anos 1920, quando as palavras cruzadas já começavam a se tornar extremamente populares nos Estados Unidos, a Pennsylvania Railroad, empresa ferroviária, começou a imprimir problemas deste tipo no verso dos cardápios dos vagões-restaurante. Foi imitada pela sua concorrente, a B&O Railroad, que chegou a ponto de colocar dicionários à disposição dos passageiros.

Na década de 1970, Neil Nathanson, auxiliado por Merl Reagle, famoso cruciverbalista norte-americano, publicou no San Francisco Sunday Examiner & Cronicle um problema de palavras cruzadas em que pedia a mão da sua futura esposa Leslie.

Na década de 1930, na Alemanha, os opositores ao partido nazista fizeram das Palavras Cruzadas um meio secreto de comunicação. Já na Segunda Guerra Mundial, Hitler, ciente de que os ingleses gostavam de fazer palavras cruzadas, deixou cair sobre Londres folhetos com o passatempo, contendo propaganda política.

Durante a guerra, as forças armadas britânicas recrutaram especialistas em palavras cruzadas para tentar decifrar códigos secretos usados pelos alemães.

Em 1925, o governo húngaro determinou que as palavras cruzadas deveriam ser submetidas à censura oficial antes de publicadas, pois poderiam estar sendo usadas para divulgar ideias subversivas.

O governo brasileiro da ditadura militar, temendo que as palavras cruzadas pudessem conter mensagens ‘subversivas’ ordenou que os passatempos fossem supervisionados pela censura. Algumas expressões eram suspeitas, como “Cavaleiro da Esperança”, termo histórico, epíteto de Luís Carlos Prestes, secretário geral do Partido Comunista Brasileiro.

Já imaginou fazer palavras cruzadas em duas línguas? No Canadá existem passatempos bilíngues: as definições em francês referem-se às respostas horizontais, que devem ser escritas em inglês; as definições em inglês levam a respostas verticais, em francês.

Quadros de palavras são difíceis de compor – um quadro de palavras com dez letras cada, por exemplo, só pode ser concebido por especialista ou com ajuda de computador.

Na Inglaterra do século XIX, o quadro de palavras tornara-se a base para os primeiros quebra-cabeças de palavras cruzadas para crianças, os chamados quadrados mágicos, por vezes com figuras como pista, sempre com enfoque educacional. Adultos só foram se deparar com eles até a publicação em 1913 das palavras cruzadas no Word.

Hoje em dia é difícil encontrar alguma publicação que não estampe uma seção de palavras cruzadas. O New York Times foi um dos últimos jornais a resistir à crescente “mania cruzadista”, tendo publicado somente em 1942, em sua edição dominical, um jogo de palavras cruzadas. Diariamente só a partir de 1950.

Os jornais atualmente estampam seções inteiras de outros jogos de palavras como sopa de letras, busca de palavras, quebra-cabeças críptico de palavras, acrósticos, palavras cruzadas diretas sem diagrama, entre outros. Mas sempre na companhia das palavras cruzadas.


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