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311012 ericA Verdade - No dia 1º de outubro deste ano, faleceu em Londres, vítima de pneumonia, o brilhante historiador Eric John Ernest Hobsbawm. Tinha 95 anos.


Nasceu no dia 9 de junho de 1917, em Alexandria, no Egito, na época em que o país árabe era colônia britânica, e mudou-se para Berlim em 1931, após o falecimento dos pais. Na capital alemã, como estudante, ingressou na Juventude Comunista, numa época de duras batalhas contra o nazifascimo em ascensão.

No mesmo ano em que Hitler assumiu o poder (1936), mudou-se para a Inglaterra, onde se filiou ao Partido Comunista, no qual militou até o ano de 1989. Doutor em História pela Universidade de Cambridge, Hobsbawm explicava o mundo à luz da dialética marxista, de forma convincente, com qualidade, com arte. Por isso, tornou-se um dos intelectuais mais influentes do século20. Até os órgãos da imprensa burguesa reconhecem sua genialidade e lhe escreveram epitáfios elogiosos. Apenas com um sério e profundo erro, ao considerar negativo o que foi outra grande qualidade do Mestre – sua militância política, filiação ao Partido Comunista e defesa do socialismo.

Esta, exatamente a grande lição de Hobsbawm: não basta estudar e interpretar a história humana, é preciso lutar para transformá-la. A isso dedicou grande parte da sua vida, convicto do princípio anunciado por Karl Marx. Hobsbawm compreendia que sem a aplicação do método marxista é impossível compreender a História da Humanidade. “Marx continua a ser a base essencial de todo estudo adequado de história, porque – até agora – apenas ele tentou formular uma abordagem metodológica da história como um todo, e considerar e explicar todo o processo da evolução social humana”.

É oportuno lembrar a análise que o grande historiador fez da crise atual do capitalismo em seu livro Como Mudar o Mundo. Marx e o Marxismo: “o ‘mercado’ não tem nenhuma resposta para o principal problema com que se defronta o século 21: o fato de que o crescimento econômico ilimitado e cada vez mais tecnológico, em busca de lucros insustentáveis, produz riqueza global, mas às custas de um fator de produção cada vez mais dispensável, o trabalho humano, e, talvez convenha acrescentar, dos recursos naturais do planeta. O liberalismo econômico e o liberalismo político, sozinhos ou combinados, não conseguem oferecer uma solução para os problemas do século 21. Mais uma vez chegou a hora de levar Marx a sério”.

Realmente, Eric Hobsbawm é um “farol da história”, que não se apagou, pois continua brilhando em sua obra profunda, indispensável.

Da Redação

Principais obras de Eric Hobsbawm

A era das revoluções – 1789-1848 (2009, Paz e Terra)
A era do capital – 1848-1875 (2009, Paz e Terra)
A era dos impérios – 1875-1914 (2009, Paz e Terra)
A era dos extremos – O breve século XX (1995, Cia. das Letras)
História do marxismo – 12 volumes (1985-1989, Paz e Terra)
Estratégias para uma esquerda racional – Escritos políticos – 1977-1988 (1991, Paz e Terra)
A revolução francesa (1996, Paz e Terra)
História social do jazz (1990, Paz e Terra)
Ecos da Marselhesa – Dois séculos reveem a Revolução Francesa (1996, Cia. das Letras)
Pessoas extraordinárias – Resistência, rebelião e jazz (1998, Paz e Terra)
Sobre história (1998, Cia. das Letras)
Mundos do trabalho (2000, Paz e Terra)
O novo século – Entrevista a Antonio Polito (2000) – também em edição de bolso (2009, Cia. das Letras)
Tempos interessantes – Uma vida no século XX (2002, Cia. das Letras)
Revolucionários – Ensaios contemporâneos (2003, Paz e Terra)
A transição do feudalismo para o capitalismo – Um debate (com outros autores) (2004, Paz e Terra)
Depois da queda – O fracasso do comunismo e o futuro do socialismo (com outros autores) (2005, Paz e Terra)
Globalização, democracia e terrorismo (2007, Cia. das Letras)
A invenção das tradições (2008, Paz e Terra)
Nações e nacionalismo desde 1780 (2008, Paz e Terra)
Da revolução industrial inglesa ao imperialismo (2009, Forense Universitária)
Bandidos (2010, Paz e Terra)
Os trabalhadores – Estudos sobre a história do proletariado (2010, Paz e Terra)
Como mudar o mundo – Marx e o marxismo 1840-2011 (2011, Cia. das Letras)


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