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bilbau torcedoresEuskal Herria - iangola - Que é como quem diz “o país do euskera”, ou seja, o País Basco. O Athletic é um clube diferente dos outros, dizem os poucos portugueses que o apoiaram ontem em Alvalade. Sim, eles existem e andam por aí


Leões contra Leões. O rei da selva é o animal que representa os dois clubes que se enfrentaram ontem, o Sporting e o Athletic de Bilbao. As semelhanças acabam aqui. “O Athletic de Bilbao é único”, dizem todos os adeptos que passeiam por Lisboa antes do jogo. A frase não sai apenas da boca dos bascos, mas também de alguns portugueses. Sim, também os há aqui, com cachecóis vermelhos e brancos e a cantar “Alirón, alirón” a plenos pulmões. Também gritam “Independência” e “Estado terrorista habla español”, numa clara alusão política.

Mas afinal, quando se trata do Athletic, há algo que não seja político? “Muito pouco”, esclarece um português de cachecol do Bilbao. “O Athletic está intimamente ligado à causa basca, funciona como uma espécie de selecção nacional do país”, diz o rapaz, de óculos escuros. Não quer dar o nome, como de resto praticamente todos os portugueses com quem falamos. Uns não querem problemas nos seus locais de trabalho, outros temem o crescimento da extrema-direita no país. A marcha vai parando na ginjinha do Rossio, mas por aqui conversa-se antes ao sabor de algumas cervejas, interrompendo o falatório para gritar alguns cânticos. Este português é do Benfica, clube que acompanha com regularidade, mas não é essa a razão pela qual hoje torce pelo Athletic – esse amor vem de trás.

A razão que leva estes portugueses a torcerem por esta equipa estrangeira é sempre a mesma: a questão ideológica. “Apoio o Athletic como apoio outros clubes com o mesmo tipo de identidade, como o Celta de Vigo ou o St. Pauli [equipa alemã do bairro pobre de St. Pauli, em Hamburgo]. São equipas com história, que representam uma região e as pessoas de lá”, explica um rapaz do Norte, de boné na cabeça. O Athletic dá nas vistas pela sua regra de apenas aceitar jogadores bascos ou com ligação ao País, como os que são treinados nas escolas do clube. “Não apoio, mas compreendo, é uma questão de identidade”, explica o adepto do boné. “Para mim só devem ser bascos de nascimento, não concordo com essa questão de aceitar os que têm uma suposta ligação”, discorda o amigo dos óculos. Para ele, não há lugar na equipa para o jovem Victor Oliveira, o português que está no Athletic desde os seis anos e agora é dos juniores.

Numa coisa todos concordam. “Detesto todos os clubes que tenham Real no nome. Real Madrid… Real Sociedad então, ui!” E o Barcelona? “Respeito o Barcelona na medida em que tem a sua história e identidade, mas… é o clube da moda”, diz o jovem dos óculos. “A partir do momento em que o equipamento deles passa a dizer Qatar Foundation…”, insinua um jovem de piercing na língua que se junta à conversa. E o do boné também opina: “Não gosto do Barcelona, mas tenho de admitir que ver a final da Taça, em Madrid, ser entre o Barcelona e o Athletic me vai dar um gozo do caraças, por ser um desafio à Coroa.”

Não encontrámos nenhum sportinguista no grupo, mas os adeptos do Athletic estavam todos de acordo: o Sporting é uma equipa forte e será renhido, explicavam antes do jogo. “O Bilbao não se tem saído mal quando joga primeiro fora, porque tem um ataque forte e uma defesa mais fraca e por isso ao marcar fora primeiro ganha vantagem”, adianta Filipe Duarte, o único que aceitou dar o nome. É do Beira-Mar e não esconde que torceria por ele num hipotético jogo contra o Athletic, mas é Filipe quem resume melhor esta afición da Euskal Herria. “Se o jogo fosse contra o Osasuna, tu não vias aqui tantos portugueses. O Athletic é especial, por aquilo que representa.”


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