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fabricaAlemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Recentemente, estourou um enorme escândalo envolvendo a Volkswagen, a maior indústria alemã e a segunda maior montadora do mundo.


Sede da Volkswagen, na Alemanha. Foto: Alejandro Acosta/Diário Liberdade

O que está por trás? E qual é o impacto sobre a Europa e o mundo?

À cabeça das investigações contra a Volkswagen se encontra a EPA (Agência de Proteção ao Meio Ambiente) dos Estados Unidos, que já ordenou o “recall” de meio milhão de veículos e ameaçou com altas multas.

O escândalo estourou no dia 18 de setembro, quando a EPA empreendeu a ação, e escalou no dia 22 de setembro quando a própria Volkswagen declarou que mais de 11 milhões de veículos foram vendidos com mecanismos de controle de poluição falsos.

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O primeiro ponto a ser levado em conta é que o escândalo estourou nos Estados Unidos, onde o controle de contaminação se encontra subordinado aos lucros dos monopólios de maneira grotesca. A mega contaminação do Golfo do México pela BP (British Petroleum) foi encerrada com uma multa irrisória, em comparação com a depredação provocada. A produção do gás e petróleo a partir do xisto é tão depredadora que até é possível acender fogo a partir da torneira em vários lugar, conforme pode ser visualizado em vários vídeos disponibilizados na Internet. As licenças outorgadas à Shell para a exploração de petróleo no Ártico ameaçam tornar o mega vazamento da Exxon Valdez no Alaska, em 1989, mera perfumaria. Os Estados Unidos são o segundo maior consumidor de agrotóxicos (só perdem para o Brasil) e o maior consumidor de transgênicos (Brasil em segundo lugar) que foram liberados em apenas alguns meses, apesar de incluírem até genes de peixe nas manipulações genéticas. E os exemplos são inúmeros.

Por que os EUA impulsionaram o caso da Volkswagen?

O resultado concreto da revelação do escândalo da Volkswagen é que a retomada do crescimento industrial europeu acabou sendo colocado em xeque. Da mesma maneira, os Estados Unidos ficaram com uma “carta na manga” importante para influenciar a aproximação da Europa com o chamado Novo Caminho da Seda chinês e o levantamento das sanções contra a Rússia.

Por causa do aprofundamento da crise capitalista, a disputa do mercado mundial ficou ainda mais acirrada. Trata-se da política do “salve-se quem puder” perante a crise e, particularmente, o novo colapso que está colocado para o próximo período.

A falsificação teve na origem a tentativa de reduzir os custos e manter as taxas de lucro que estavam em queda. A questão colocada é a probabilidade de que várias outras indústriais automotrizes estejam envolvidas na fraude.

A economia alemã depende em 45% das exportações, das quais 17% depende da exportação de veículos, o setor mais importante, que emprega quase 800 mil trabalhadores diretamente.

O valor das ações da Volkswagen despencou em quase 35%.

O chamado “Mittelstand” alemão foi colocado em xeque. São dezenas de milhares de pequenas e médias empresas localizadas na região no Vale do Rio Reno, e que se estende, além da Alemanha, à Áustria e Suíça. A produção envolve um volume muito importante de peças para a maior parte da indústria alemã. Mais da 70% dos empregos alemães e da metade do PIB dependem do Mittelstand.

Planos de austeridade e a Liga Hanseática

O aprofundamento da crise capitalista na Europa colocou em pauta, como política oficial da União Europeia, os chamados “planos de austeridade”. Largos ataques têm sido promovidos, principalmente, contra os países da periferia, com o objetivo de manter o fluxo de recursos em direção ao coração do capitalismo europeu. Essas economias colapsaram após terem sido colocadas a reboque da Alemanha, em primeiro lugar.

O mecanismos de contenção da crise, colocados em pé em 2009, se esgotaram em 2012, deixando para trás o endividamento generalizado e a recessão.

As sanções impostas contra a Rússia fizeram cair os lucros dos monopólios europeus em primeiro lugar, no contexto da extensão da recessão industrial.

A queda dos preços do petróleo e das matérias primas, junto com a desvalorização do euro, conseguiu dar um fôlego relativo ao processo de recuperação da indústria europeia desde o final do ano passado. O superávit comercial europeu passou de US$ 23,4 bilhões para US$ 34,5 bilhões entre os meses de julho de 2014 e julho de 2015. O grosso desse superávit tem como origem a Alemanha.

Sobre essa base, os governos da França e da Itália não foram punidos por ter ultrapassado os limites estabelecidos para o orçamento público. A expectativa de crescimento para as economias europeias aumentou para este ano. O PIB (oficial) do Estado espanhol deverá crescer 3%; França 1,3%; Itália 0,7%.

As altíssimas taxas de emprego na periferia pressionaram as potências centrais, mas acabaram sendo contidas por causa do aumento das exportações.

A União Europeia e, na prática, a Europa toda, funciona como a retomada da Liga Hanseática, que teve origem na atual Alemanha (Lubeck e Hamburgo) no século 13. O ápice aconteceu no século 16, com o amplo predomínio dos reinos germânicos. O colapso teve como causa principal o novo mercado das Américas.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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