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fracking64110Estados Unidos - JSF - Entre 2000 e 2008 o estado norte-americano de Oklahoma registou 14 abalos sísmicos com intensidade igual ou superior a grau 3. Desde 2008 foram sentidos, num estado com atividade telúrica irrelevante, 539 abalos, um aumento de 3580%. O que ocorreu? Iniciou-se a exploração de petróleo e gás natural através do "fracking", ou fratura hidráulica.


"Incêndios, tornados, sim, sabemos muito bem o que isso é; mas tremores de terra nunca tínhamos sentido", revela Roy Grissom, antigo inspetor escolar da pequena cidade de Prague, em Oklahoma, citado pelo jornal IB Times. Isso até ao dia em que, numa madrugada de novembro de 2011, um tremor de terra com a magnitude de 5,3 destruiu 13 casas, feriu duas pessoas e provocou danos no valor de um milhão de dólares na pequena comunidade.

"Não queríamos crer, não havia registros nem memória de atividade sísmica significativa no nosso Estado", comenta Grissom. Esse acontecimento do outono de 2011, reconhece a agência norte-americana de observação geológica, US Geological Survey, "é o maior terremoto causado pelo ser humano associado às práticas de injeção de água no solo através de poços artificiais", operação inserida no método de fratura hidráulica.

O que aconteceu, explica a mesma agência, "foi que a injeção de águas no solo integrada nas operações de exploração de gás e petróleo – motivada tanto pela pesquisa tradicional como por modernas técnicas como a da fratura hidráulica – se realizou nas imediações de uma falha geológica e desencadeou uma reação sísmica".

"É um fenômeno impressionante e que diz bem do que é capaz o ser humano na sua ganância por fontes de energia", adverte Olga Anderson, geóloga vivendo e trabalhando na capital do Estado, Oklahoma City. "As empresas partiram para a exploração de petróleo e gás natural, principalmente através do fracking, sem estudarem a fundo as condições geológicas e as autoridades, incluindo o regulador, permitiram que isso acontecesse", acrescenta.

"Só em metade deste ano de 2014 já registramos 260 sismos com intensidade superior a grau 3, sem contar com as centenas de abalos de grau 2, normalmente não detectáveis pelo ser humano".

O fracking é uma das mais modernas técnicas de exploração de petróleo e gás natural. Baseia-se na indução de reações no subsolo provocadas pela injeção de águas com produtos químicos, através da abertura de poços artificiais, das quais resultam substâncias combustíveis. Canadá e Estados Unidos são os principais centros de atividade da fratura hidráulica, um sistema considerado muito barato mas que ocupa vastíssimas áreas territoriais.

"O problema não é apenas a ocupação de extensos terrenos que em muitos casos seriam aproveitáveis para a agricultura e outras atividades tradicionais", explica Olga Anderson. "O que se verifica é que os produtos químicos utilizados contaminam os solos e as águas subterrâneas, afetando depois tudo aquilo em que estas sejam utilizadas, incluindo o consumo humano. Existem provas mais do que suficientes dos danos para a saúde pública provocados pelo fracking", acrescenta a geóloga.

"Como se isto não bastasse", diz, "o exemplo de Oklahoma é a prova dos imprevisíveis efeitos sísmicos provocados por tais práticas, sobretudo se não forem acauteladas através de rigorosos estudos prévios".

A exemplo do que acontece em outras situações, como é o caso das sementes e alimentos geneticamente modificados ou transgênicos, os produtores e as associações empresariais dos setores consideram que fenômenos como o da aceleração vertiginosa da atividade sísmica em Oklahoma não valem como provas científicas e não podem ser invocados para suspender tais práticas.

O fracking está sendo disseminado na Europa, sobretudo em países do Leste como a Polônia e a Ucrânia, onde os governos são bastante receptivos à atuação dos lobbies do setor.

Os mesmos lobbies atuam igualmente em força nas instituições da União Europeia, onde conseguiram êxitos relevantes junto da Comissão Barroso. O tema, no entanto, levanta muita polêmica e a prova mais significativa das reservas à aplicação de tais práticas é o facto de a França as ter proibido no país.


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