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cultivomilhoPCO - Segundo o Banco Mundial, os aumentos nos preços do milho e do trigo, em 25%, poderão colocar centenas de milhões pessoas a mais na extrema pobreza – hoje somam 1,2 bilhões


De acordo com um relatório do Banco Mundial, publicado no final do mês de agosto, a escalada no preço dos alimentos poderá colocar centenas de milhões de pessoas na extrema pobreza e na fome. De acordo com as Nações Unidas, esse número passou de 800 milhões para 1,2 bilhões desde o colapso capitalista de 2007-2008.

Desde o mês de julho, os preços do milho e do trigo subiram 25%, e a soja 17%. A seca, que está provocando estragos enormes nos EUA, Europa e Ásia, detonou esses aumentos e manteve um certo fôlego nos mercados especulativos de commodities, que estavam sendo impactados em cheio pela queda dos preços dos metais devido, principalmente, à desaceleração da China. Assim, e às custas da fome de milhões de pessoas, foi contida parcialmente a fuga de enormes volumes de capitais para a especulação nos mercados dos títulos da dívida pública provocada pela escalada da aversão ao risco.

Segundo o relatório do Banco Mundial, "a seca nos Estados Unidos, o maior exportador mundial de milho e soja, causou enormes prejuízos às culturas de verão destes produtos. Ao mesmo tempo, a falta de chuva na Rússia, Ucrânia e Cazaquistão contribuiu para as perdas na produção de trigo projetada".

O índice global de preços de alimentos do Banco Mundial registrou um aumento de mais de 6% em julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

O relatório ainda prevê que fenômenos climáticos, como o El Niño, que atinge o Hemisfério Sul, poderão provocar o aumento ainda superior dos preços dos alimentos nos próximos meses. 

O que está por trás dos altos preços dos alimentos no mundo? 

Desde o início da década passada, com o esgotamento da especulação com as chamadas empresas “pontocom”, em 2001, das bolsas, nos anos seguintes, e do mercado imobiliário, em 2007, houve uma grande migração de capitais especulativos para o mercado de commodities.

Em 1991, quando o neoliberalismo ganhava força, sob pressão do banco imperialista Goldman Sachs, o governo norte-americano tinha suprimido os limites para os investimentos especulativos com commodities nos mercados futuros que tinham sido estabelecidos nos anos 30. Após isso, muitos alimentos básicos foram transformados em matérias primas (commodities) e passaram a ser negociados exclusivamente nos mercados futuros. No ano 2000, o Congresso norte-americano aprovou uma lei de “modernização” do mercado decommodities que eliminou os limites máximos para a especulação, desregulamentando os mercados futuros. Com isso, os investimentos em commodities, que, em 2003, somavam US$ 13 bilhões, em 2003, passaram para US$ 260 bilhões em 2008, e para US$ 412 bilhões em 2010.

Quando as transações comerciais são realizadas como transações financeiras de títulos ao invés dos produtos envolvidos, cada produto é vendido dezenas de vezes antes de chegar aos consumidores. O arsenal de operações financeiras parasitárias é quase infinito: fundos de commodities, ou hedge funds; fundos de índices, que têm comprado volumes gigantescos de títulos futuros; fundos de troca de mercadorias (ETFs); swaps(troca de um índice financeiro por outro) indexados a commodities, que têm por base os fundos de Índice de Commodities e que são compostos por contratos futuros de determinadas mercadorias; CDS (espécie de seguros); derivativos financeiros que criam novos fundos a partir de outros fundos, de maneira piramidal, com grau de especulação tal que chegam a incluir outros produtos financeiros, tais com hipotecas, títulos altamente “podres”, e perdem de vista os títulos iniciais etc. O grosso dos altos preços dos alimentos tem como origem essa gigantesca teia-aranha parasitária. Ela cumpre a função de manter os altos lucros do punhado de especuladores imperialistas que domina o mundo devido ao esgotamento da obtenção de lucros das operações industriais da maneira tradicional por causa do esgotamento histórico do capitalismo.

Nos EUA, se concentra a maior especulação mundial nos mercados futuros. A proporção entre produtores e “intermediários” especuladores passou de 39% no ano 2000 para 15% no início de 2011. Em 2002, no mercado de trigo, os especuladores eram 11 vezes maiores que os produtores, em 2004 passaram para 16 vezes e em 2007, no auge da crise, eram 30 vezes maiores. Em 2009, os especuladores detinham 65% dos contratos a longo prazo de milho e 80% de trigo de acordo com a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). 

Os lucros dos especuladores é obtido às custas da miséria de 90% da população mundial 

Desde 2010, segundo a FAO (Organismo das Nações Unidas para os Alimentos e a Agricultura), 55% dos países atrasados aumentaram as despesas com a importação de alimentos em mais de 11%. Bangladesh, país com 160 milhões de habitantes, lidera o ranking, seguido por Marrocos e Argélia. Entre os países mais afetados também estão a Rússia, a China, onde o impacto na renda familiar foi de 50%, e a Índia, onde o aumento foi de 18,3% e o impacto de 50% (41% da população vive com menos de U$1,25). Na maioria dos países da Europa e da Ásia Central, o aumento médio foi de 10%. No Brasil, o preço dos alimentos aumentou mais de 10% nos últimos meses.

O Banco Mundial informou que 1,1 bilhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, 3 bilhões com menos de 2,5 dólares por dia, e há 923 milhões de miseráveis. Segundo o relatório Human Development Report, da ONU, 80% da humanidade vive com menos de U$ 10 por dia, que, segundo a FAO, gasta entre 50% a 90% da sua renda em alimentos. Segundo a UNICEF, dos 2 bilhões de crianças existentes no mundo, 1 bilhão são pobres, e 22,000 morrem todos os dias devido à pobreza.

A alta dos preços dos alimentos foi o grande fator que detonou as revoltas das massas trabalhadoras nos países árabes, reflete o aprofundamento da crise capitalista mundial e representa um dos principais componentes das pressões inflacionárias, junto com o aumento dos preços da energia.

A única maneira de acabar com a especulação dos alimentos nos mercado futuros e a luta pela derrubada do capitalismo parasitário e a substituição pela sociedade em que os próprios trabalhadores sejam os donos dos meios de produção, o socialismo.


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