"A caçada que imaginas existe"
Esse é o título da campanha do El Corte Inglés, uma das grandes marcas do capitalismo espanhol, para vender pacotes de viagens que incluem a caçada de espécies selvagens em risco de extinção em todo o mundo, incluído o empobrecido continente africano.
Enquanto o chefe do Estado espanhol protagonizava, ainda ontem, uma desculpa mediática para tentar acalmar os ânimos dos seus "súbditos" depois de ser apanhado a caçar elefentes no Botswana em plena crise económica, entidades ambientalistas criticam que o El Corte Inglés, poderosa cadeia de shoppings no Estado espanhol, também oferece viagens para matar espécies animais africanas e doutros continentes.
Na tabela de preços do El Corte Inglés vemos que caçar uma girafa custa 2.200 euros, menos que um búfalo como os que também gosta de matar o rei espanhol, que podemos matar por 12.500. Existe até a possibilidade de matar leões, se bem para isso a tabela não oferece preço, colocando a resenha "Sob encomenda". Para pessoas com menos recursos, a cadeia oferece também poder disparar contra javalis, pagando 280 euros por peça. Os destinos para a prática cinegética contra espécies selvagens africanas som lugares como a província de Limpopo, na África do Sul, ou o Botswana, onde oferece abater elefantes por 49.500 dólares. Também na Namíbia é possível matar leopardos e guepardos "sob encomenda".
Se tens (muito) dinheiro, esquece a crise e vem matar animais a África
Existe já uma campanha de protesto na rede contra a atividade "turística" do El Corte inglés, subordinada ao mote "Se queres matar uma girafa o El Corte Inglés organiza uma viagem". Uma campanha que deixa ver a natureza do consumismo capitalista numa das suas faces mais frívolas e descaradas, com uma mensagem bem clara: Se tiveres dinheiro, esquece a crise e vem a África participar em caçadas contra exemplares de espécies em risco de extinção, sem te importares com a miséria imperante no continente africano nem com a crise económica no teu próprio país.
Ao mesmo tempo, circula na Internet uma outra petição, assinada por mais de 87 mil pessoas, na qual se exige que o rei espanhol seja destituído do cargo de presidente honorário do Fundo para a Protecção da Natureza (WWF), depois de ficar em evidência a sua queda por matar espécies em risco de extinção como o elefante africano.
Uma prática excêntrica e elitista que, no caso do rei espanhol, é praticada há anos. De facto, a fotografia que circula pela internet do monarca junto ao seu trofeu de caça é já de há seis anos, tirada em 2006.
Porém, tal e como o El Corte Inglés nos mostra, não é preciso ser um rei para desfrutar de vícios caros, queimar adrenalina e demonstrar que nem todos vivemos os tempos de crise da mesma maneira. Só é preciso ter suficiente dinheiro...
