Nessa semana o Wikileaks vazou emails que teriam sido trocados entre o Departamento de Estado americano e a Sony Pictures. Nos emails, Richard Stengel, um oficial do Departamento de Estado, pede a ajuda do CEO da empresa, Michael Lynton, para criar peças de contra-propaganda em relação à Rússia e o Estado Islâmico:
"Como você pôde ver, nós temos muitos desafios no que se refere a contrariar as narrativas do EI no Oriente Médio e as narrativas russas na Europa central e oriental [...] E não é algo que o Departamento de Estado possa fazer por si só, de maneira nenhuma. Seguindo com a nossa conversa, eu adoraria reunir um grupo de executivos da mídia que possam nos ajudar a pensar em melhores formas de responder a ambos os imensos desafios. Trata-se de uma conversa sobre ideias, sobre conteúdo e produção, sobre possibilidades comerciais. Eu lhe prometo que será interessante, divertido, e recompensador", escreveu o oficial Stengel ao CEO da Sony em 17 de abril do ano passado.
Não é a primeira vez que o governo americano trilha os caminhos da produção cultural no país de acordo com seus interesses. Durante a Guerra Fria, a CIA teria patrocinado artistas modernos, com o objetivo de fazer contraponto à arte soviética e demonstrar a superioridade da suposta liberdade do modelo capitalista.
Agora, o governo americano decide, mais uma vez, tomar uma posição autoritária, ao terceirizar sua propaganda ideológica, mascarando-a como entretenimento. Tudo isso para pôr fim a conflitos que sua própria prepotência criou, enquanto aponta o dedo para o mundo como grande defensor da liberdade que diz ser.
Outros emails revelam que o ator Ben Affleck pediu aos criadores do documentário "Finding Your Roots" para que se escondessem o fato de que seus antepassados foram senhores de escravos. O fato foi escondido depois de o apresentador do programa consultar o CEO da Sony.
Estado Islâmico e Rússia: inimigos fabricados
Diversos especialistas têm sustentado a ideia de que a estruturação do Estado Islâmico foi fruto do financiamento americano aos chamados "rebeldes sírios", que combatem contra o governo de Bashar Al-Assad. Entre eles figuram jornalistas respeitados como Mark Danner e Patrick Cockburn.
No que se refere à Ucrânia, o envolvimento dos EUA no golpe é também visível: a ligação entre Victoria Nulland e Geoffrey Pyatt e o financiamento à ONG "OpenUkraine", de Arseniy Yatseniuk (atual primeiro-ministro do país) são alguns exemplos.