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220414 operariosDiario Liberdade - [Xavier Rodrigues Bermudes] A economia e a política implicam duas esferas do ámbito social com grau relativo de autonomia, mas interdependentes entre si. 


A política poderia ser entendida como um processo de tomada de decisons para atingir um objetivo determinado, polo que atua sobre distintos ámbitos da vida social: economia, sociedade, trabalho, cultura... sendo a economia um ámbito concreto no que atua a política e nom algo independente desta. Certamente, a açom política tem que se adaptar às circunstáncias e situaçons económicas de cada momento, mas também a economia manifesta a sua dependência da política durante a tomada de decisons, sendo aplicadas determinadas medidas económicas segundo a concepçom do mundo do sujeito aplicador destas. Eis a impossibilidade de independizar os conceitos entre si.

O processo integrador europeu é o espelho que nos permete conetar estes conceitos. A Uniom europeia supom un projeto integrador do capital de caráter económico, mas nom político global, pois nom existe umha verdadeira integraçom ou umha integraçom completa. Só por isto, a economia está a ser posta por cima da política. Com o avanço do processo integrador aumentam as vozes a favor da separaçom dos conceitos anteriormente analisados, o que resulta impossível, pois quando se aplica umha medida económica concreta estamos a fazer política. Por exemplo, as medidas aplicadas para resolver o problema da dívida atual respondem a umha concepçom de mundo concreta, dizendo simplesmente que "nom há outra alternativa", "nom misturemos política com economia" ou "a austeridade é fundamental para resolver o problema".

Alfred Marshall escreveu os seus "Princípios de Economía" em 1890 tentando resolver o problema do equilibro através da matematizaçom dos problemas económicos, esquecendo os princípios fundamentais da economia política e também que a Economia, embora seja a Matemática umha ferramenta muito importante, é umha ciência social e nom natural, polo que se vê influida por fatores distintos ao simples razoamento matemático. A Economia estuda as relaçons sociais, sendo estas o produto dumha concepçom de mundo teórica e aplicada na prática, polo que a política é umha peça fundamental e intrínseca a esta.

Esta divisom entre os conceitos está ligada à evoluçom da própria Economia como ciência, sendo cada vez maior a diferenciaçom entre os conceitos. Como bem é sabido, os autores da Escola clássica (Smith, Ricardo, Mill, Marx...), embora tivessem diferenças teóricas entre eles, partilhavam naquela altura umha visom comum sobre a Economia Política. Esta ciência era "Economia" polo estudo das relaçons sociais de produçom e era "Política" polo estudo dessa Economia como ámbito concreto da vida política, dentro dum marco social concreto e reparando na sua relaçom com o poder político dominante.

Enquanto os economistas clássicos estudavam a sociedade de classes ou a origem da mais-valia, umha nova corrente surge dentro do campo económico com o nome de "Marginalismo" (1870, aprox), a qual estudará a economia de forma atemporal e de forma superficial, iniciando um processo de matematizaçom da ciência social com autores como Carl Menger, Stanley Jevons ou Leon Walras. Estes autores nom criticam a origem da mais-valia e rejeitam a sociedade de classes, apenas explicando como se reparte a riqueza entre os distintos fatores produtivos na sociedade (sem explicar como surge essa riqueza e como se estabelece o capital como novo fator produtivo) e assumindo umha liberdade de mercado falsa (sem explicar que essa mesma liberdade depende do próprio poder aquisitivo e que o próprio mercado sempre tivo por trás o papel do Estado, sem o qual nom poderia chegar a se constituir).

Portanto, podemos ver como aquela ciência social tam necessária remata por ser umha simples derivaçom matemática que nom permete compreender e analisar a realidade da sociedade atual. O estudo daquela Economia Política permitia estudar e comprender a realidade social, enquanto a nova Economia nom permete estudar mais do que as relaçons contáveis entre variáveis (inflaçom, desemprego, taxas de juro...) e nom a origem ou determinaçom destas. Desde a década de 70-80 do século XX tem existido umha agudizaçom nesta diferenciaçom, tornando o estudo desta ciência social num simples jogo contável e matemático. A aprendizagem é muito simples e a compreensom da Economia resulta básica. Toda a dificuldade que pode existir para a sua compreensom atual baseia-se na complexidade matemática, mas nom polo estudo profundo das relaçons sociais de produçom que constituem o nosso chamado modo de produçom capitalista. Nom estou certo se a evoluçom dessa diferenciaçom conceptual continuará pola mesma direçom, mas a independência desejada por muitas autoras e autores é completamente inviável.


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