Foto: Crimeia com tropas nas ruas, por RIA Novosti.
Em todos os casos foram evitados confrontos e os visitantes armados se comportaram de forma extremamente educada.
Além disso, eles desarmaram os militares e guardas fronteiriços ucranianos em Balaclava, tendo, após os confrontos, selado os paióis de armamentos, que colocaram sob sua guarda.
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Tendo essa situação como pano de fundo, os comícios pró-russos continuam na Crimeia. Os habitantes de Simferopol, Sevastopol, Kerch e Eupatoria, ostentando bandeiras russas, tricolores nacionais e navais com a cruz de Santo André, exigem um referendo ao estatuto da península. Entretanto, o referendo, já marcado para 25 de maio (e hoje antecipado para 30 de março) sobre o alargamento da autonomia já quase não interessa a ninguém. Muitos reconhecem abertamente que gostariam de ver a Crimeia como parte da Rússia ou como um estado independente.
Entre a população russa da Crimeia é praticamente impossível encontrar apoiantes do Maidan ou que pelo menos defendam abertamente a sua posição. O presidente Viktor Yanukovich, derrubado pelo movimento pró-ocidental, não tem igualmente qualquer popularidade: na Crimeia ele é apelidado abertamente de traidor. O povo já apresenta novos líderes e o mais conhecido entre eles é o novo prefeito de Sevastopol, Alexei Chaly.
Paralelamente estão sendo criadas novas estruturas de autogestão – as comunidades russas da Crimeia estão se reorganizando num período em que os líderes anteriores deixam de corresponder às necessidades. Os muitos destacamentos de autodefesa, grupos do Bloco Russo e de outras organizações participam em comícios na manutenção da ordem pública e garantem os acessos a instalações importantes, cooperando inclusivamente com os referidos homens armados.
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Os destacamentos de autodefesa da Crimeia e a Berkut (polícia de intervenção) local, que não obedeceu às ordens de autodissolução recebidas do ministro da Administração Interna do "governo do Maidan" Arsen Avakov, protegem a Crimeia de uma possível intervenção de militantes do Setor de Direita e de outros radicais. Já ocorreram várias tentativas de incursão, mas todas terminaram com o recuo imediato dos "visitantes".
A questão principal que preocupa hoje a população é a futura posição da Rússia relativamente à Crimeia. O fantasma do "início dos anos 90" (caos após a perestroika) assusta as pessoas e, caso a Rússia não apoie os interesses dos russos da Crimeia, a região poderá ser considerada como perdida. Entretanto, as medidas de apoio ao Anti-Maidan tomadas pela Rússia, em primeiro lugar na Crimeia, parecem ser racionais e adequadas. Fica no ar a pergunta: até onde está disposta a ir a própria Crimeia, tanto a sua população, como os seus representantes?