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220813 egito-bbcEgito - Sermos Galiza - [Concha Outeiro] "Trazer a estabilidade a Oriente Médio nom é tarefa de mais ninguém, senom nossa”. Tony Blair, The Guardian 2003.


Francamente nom é a minha intençom fazer uma achega com as numeráveis circunstáncias que dérom lugar ao golpe de estado no Egito. Decerto que qualquer experta em Oriente Próximo pode esclarecer-nos os inumeráveis interrogantes, os porquês das tantas injustiças na zona. Mas como sei da madeira que somos feitas, cumpre que apelemos à solidariedade entre povos e lhe dedique umas poucas linhas aos centos ou milhares de pessoas assassinadas, ainda agora sem saber a cifra exacta, desde começos do mês de julho neste catastrófico verao de 2013, hoje no Egito.

Fago um curto percurso desde meados do século anterior e vejo como o Egito, foi o bastióm estado-unidense no Oriente Médio e que desde começos deste século, está a atravessar uma profunda crise ecónomica e política com escassos precedentes na sua história moderna.

Este País,  principal aliado árabe de Washington, leva desde há mais de 40 anos suportando a espoliaçom ou a morte (dependendo os casos) dos seus recursos naturais. Facto que levam a fazer de  diversas formas, dependendo da matriz económica do momento. Este cenário nunca baleiro de corrupçom, ignoráncia, miséria, represom, exploraçom... sempre foi acompanhado do imprescindível: ocultamento e manipulaçom daquela imprensa lacaia e vendida aos poderosos.

Essa imprensa é a que escondeu anos de luitas do movimento sindical egípcio e reinvindaçons dos agricultores e agricultoras do fértil Nilo, o trabalho esgotador das forças políticas progressitas ocultando anos de combate contra o regime ditatorial de Mubarak e as suas silogísticas consequências: o empobrecimento generalizado, engrandecido após 1991 com as chamadas ”políticas de austeridade”. Ocultárom as luitas contra as reformas impostas pelo mesmo FMI de destruiçom das heranças que ainda restavam do nasserismo, nomeadamente no plano da educaçom e da saúde, as luitas contra os efeitos dramáticos das privatizaçons e da ocupaçom económica por parte das grandes multinacionais norte-americanas e europeias, com terríveis consequências no desemprego galopante entre uma populaçom muito jovem, as luitas contra os acordos agrícolas que impuseram a destruiçom da agricultura no riquíssimo vale do Nilo, substituindo-a por importaçons das grandes multinacionais do agro-negócio europeias e norte-americanas.

Quanto nos soa todo isto

Estas fôrom, no seu dia, algumas das razons dos fundos protestos no Egito. Éramos conhecedoras, na altura, de que o imperialismo, nomeadamente o imperialismo sionista e estado-unidense, nom ia ficar de braços cruzados vendo como o povo tentava agarrar as redes da terra nas luitas contra a ditadura de Mubarak. Era e é um território com demasiada importáncia geostratégica e económica; canal de Suez, porta-aviom continental para o Oriente próximo, potência exportadora de gás natural e  uma península do Sinaí rica em petróleo, como para deixá-lo sem mais. Eis que por algo levavam financiando, formando e injetando a um exército -1,300 milhons de dólares anuais- convertido agora no segundo mais forte da regiom, depois do israelita.

Reinventando e corrigindo o ritmo dos acontecimentos graças a alianças com o chamado “islamismo moderado” afastaram o velho amigo Mubarak e sem deixar de ter influência direta sobre o exército e este sobre boa parte da classe política no poder. Conseguiram que os interesses económicos das multinacionais estadunidenses e europeias continuassem a manter-se no país. É assim, como após a eleiçom de Morsi, o fundamental, o essencial do poder económico e militar  do imperialismo continuava a suportar umha nova jeira política. Mas o rumo do empobrecimento e desemprego, longe de ficar desterrado, aumentava a um ritmo sem precedentes. A inflaçom anual oficial do mês de maio  deste ano seria de 8,2%, (o que representa um aumento dos preços correntes de 40% e uma reduçom do consumo de 70%). O Egito levava meses negociando com o Fundo Monetário Internacional um crédito de quase 5.000 milhons de dólares, necessários num momento em que a falta de liquidez afogava ao Estado.

Em contrapartida, o FMI exigia cortes nos subsídios e subidas de impostos. Recordar que cerca de 1,6 milhóns de crianças e jovens entre 5 e 17 anos trabalhariam na agricultura ou como criados nas casas que os cortes de energia e a penúria de combustíveis seriam também causantes do recrudescimento das tensons.

É isto o que faria, novamente, acordar o descontentamento do povo egípcio. E desta vez, os EUA, com Obama à cabeça, tratárom de corrigir o rumo dos acontecimentos apelando a uma  “consciência democrática do exército” que teria como resultado um golpe de estado militar que toma o poder e um aliado civil dos USA “El-Baradei partilharia com esta junta militar. O objectivo semelhava nesta ocasiom conquistado, “o essencial do poder económico norte-americano na zona estava salvaguardado, por enquanto”.

Assusta pensar o poder que tenhem. Parece que possuem uma engrenagem perfeita para ganharem quase sempre. Mas por todas nós é sabido que a repressom e o assassinato em massa responde ao medo patológico e neste caso tremem diante da experiência de um povo em movimento e na canalizaçom das suas reivindicaçons na direçom adequada. Sentem pánico quando sabem que existem organizaçons que podem  recolher todo esse fluir com o objetivo real  de transformar o poder político e económico do Egito. 

Agardam-nos meses de manipulaçons de agências mediáticas, de fastio até passar folha nos jornais ou mudar de canle; saturaçom estudada.

Escrevo e penso no Egipto, escrevo e resulta-me impossível nom pensar em nós.


Concha Outeiro é trabalhadora da administraçom do governo galego.

 

 


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