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120813 XiJinpingChina - Workers World - [Fred Goldstein, tradução do Diário Liberdade] O presidente da República Popular da China, Xi Jinping, emitiu declarações que buscam frear a erosão dos valores socialistas que se generalizou na China.


O Press Trust da Índia informou a 1 de julho: "os servidores públicos do dirigente Partido Comunista da China devem descartar a obsessão com as cifras do PIB para obter promoções e voltar aos princípios do marxismo, que sofreu uma crise ideológica no curso das reformas do país, disse hoje o presidente Xi Jinping".

Depois Xinhua, a agência de imprensa oficial da China, informou a 12 de julho: "o presidente chinês Xi Jinping instou a os/as 85 milhões de membros do Partido Comunista da China (PCC) a trabalhar duro e a servir ao povo com entusiasmo para "garantir que a cor vermelha da China nunca mude".

Xi, quem também é o Secretário Geral do PCC, fez estas declarações na véspera do 92 aniversário da fundação do Partido. A 11 de julho visitou Xibaipo na província de Hebei, onde os líderes do Partido Comunista da China estiveram baseados desde maio de 1948 até princípios de 1949 enquanto se preparavam para tomar o poder e se converter no partido dirigente da China.

Segundo Xinhua, Xi disse que "as observações do difunto líder chinês Mao Zedong sobre o estilo de trabalho dos membros do Partido antes da fundação da nova China em 1949 ainda têm um grande alcance ideológico e histórico".

"Em uma reunião importante do PCC em março de 1949", continuou Xinhua, "Mao pediu a todo o Partido que levasse adiante decididamente o estilo de trabalho de mostrar modéstia e prudência enquanto se previne contra a vaidade e a impetuosidade e decididamente levar avante o estilo de trabalhar duro e levar uma vida simples".

"Qualificando a história da China revolucionária como "o melhor nutriente", Xi disse que estudando e recordando essa história pode trazer "energia positiva" a os/as membros do partido".

Xinhua parafraseou Xi dizendo "o povo deve ser alentado a cuidar do PCC e ser guiado para exercitar seu dever de superintendência".

O artigo de Press Trust citou a Xi dizendo que "os quadros do partido devem ser firmes seguidores dos ideais comunistas, verdadeiros crentes do marxismo e devotos lutadores pelo socialismo com caraterísticas chinesas".

O PTI continuou citando Xi: "a integridade de um servidor público do Partido não crescerá com os anos de serviço e a promoção de seu posto, mas com os persistentes esforços para disciplinar-se a si próprio e estudar os clássicos marxistas e as teorias do socialismo com caraterísticas chinesas, disse Xi".

Estes não foram discursos pronunciados uma só vez. São parte de uma campanha para tentar restabelecer a reputação do Partido, estimulando uma base ideológica pública. A campanha começou em abril do 2013, como uma campanha contra a corrução pouco depois que Xi assumiu a presidência. Naquele momento era conhecida principalmente por uma consigna contra os "quatro pratos fortes" para os servidores públicos, o que significa o fim dos banquetes extravagantes e outras indulgências. Agora se está pondo no contexto da renovação ideológica marxista.

A campanha veio se desenvolvendo passo a passo faz pouco, com relatórios diários na imprensa do governo chinês sobre a realização da "linha de massas" e com palavras de ordem como "das massas para as massas".

Todas as 31 regiões a nível provincial, os órgãos do governo central e as organizações populares estão programadas para convocar conferências de trabalho para levar a cabo uma campanha educativa, atacando os estilos de trabalho indesejáveis como "o formalismo, a burocratização, o hedonismo e a extravagância". Isto é parte da campanha anticorrução iniciada por Xi.

Xi promove a retificação do estilo de trabalho chamando à "auto-purificação, auto-perfeição, auto-renovação e o auto-progresso".

Uma questão de "sobrevivência ou extinção" para o PCC

Em uma declaração contundente em uma reunião do Comitê Central a 18 de junho, fazendo um chamado para lançar a campanha em sua totalidade, Xi expõe os riscos muito claramente. Xinhua reportou: ""Ganhar ou perder o apoio do público é um tema que atañe à sobrevivência ou a extinção do PCC", disse Xi, insistindo em que a linha de massas, ou a promoção dos relacionamentos com o povo, é o sustento do partido".

A mesma mensagem falou de laços de "carne e osso" com o povo e fez um apelo para integrar ao Partido a mais trabalhadores/as com conhecimento das bases e as condições sociais.

Li Junnu, um ex vice presidente da Escola do Comitê Central do Partido disse a Xinhua: "Manter estreitos vínculos com as massas é a vantagem política maior do Partido, enquanto o isolamento do povo é o maior perigo que enfrenta o PCC". (Xinhua, 18 de junho)

Deve ser recordado que na primeira viagem de Xi após assumir a Presidência em março de 2013, foi à província de Guangdong e deu uma conversa a um grupo do Partido advertindo sobre os perigos na China de um desenvolvimento tipo Gorbachev. Ele falou seriamente a respeito de como o Partido Comunista da União Soviética foi derrocado e o socialismo completamente destruído. O destino em longo prazo do Partido é sem dúvida uma profunda preocupação de Xi e seus colaboradores.

Um observador deve concluir que se trata de uma tentativa séria de reverter os efeitos de três décadas de erosión da moral socialista baixo o impacto dos avanços capitalistas e toda a decadência, corrução e inmoralidad do mercado que os exploradores, nacionais e internacionais, levam junto do apetito por ganhos.

A corrução em massa é a norma no capitalismo. E estas normas voltaram-se omnipresentes em toda China socialista, socavando seriamente a consciência da sociedade em seu conjunto e engendrando cinismo e alienação entre os/as trabalhadores/as e os/as camponeses/as.

A reputação do Partido sofreu enormemente, especialmente a nível provincial e local. Teve dezenas de milhares de "incidentes de massas" anualmente, reportados pelo próprio governo. Incluem camponeses/as protestando porque suas terras estão sendo vendidas aos promotores imobiliários; trabalhadores/as que protestam contra os empregadores que violam seus direitos; protestos contra a poluição; e outros numerosos agravos.

Nesta campanha liderada por Xi para brigar com a decadência política e social provocada pelas concessões ao capitalismo e o imperialismo, a liderança está evocando lembranças e associações com o período heroico da Revolução Chinesa.

É notável que Xinhua, sem dúvida com o acordo e talvez com o conselho de Xi, se referisse em forma muito favorável a Mao como a autoridade na prescrição do "trabalho duro" e a "vida singela" como a prática correta para os quadros. A referência ao estudo da história revolucionária de Chinesa como "alimento" para fortalecer o Partido é uma bocanada de ar fresco. Falar de "linha de massas", "das massas para as massas" e "servir ao povo, com alma e coração" "várias receitas para o auto-correção e a reflexão" são claras referências às primeiras etapas da Revolução Chinesa.

A liderança está evocando a época anterior mais revolucionária, para advertir os elementos corruptos e para inspirar as massas.

Arreigados interesses burocráticos devem ser combatidos a partir de baixo

Esta campanha é um passo louvável, sem dúvida quanto a suas intenções, e esperemos que traga resultados positivos. Mas existem profundas contradições e limitações na campanha que devem ser ultrapassadas para atingir seus objetivos.

Há interesses burocráticos no Partido que estão vinculados a servidores públicos do governo e aos que apostam no capitalismo que não abandonarão suas posições a partir de simples apelações morais ou de pressão social. Encontrarão mil maneiras de eludir ou obstruir a campanha, enquanto esta for baseada no cumprimento voluntário.

Estes interesses arreigados devem ser combatidos. E a maneira mais segura e mais confiável para lutar contra eles é alistando as massas na luta. Sem isto, a campanha estará severamente limitada.

Os servidores públicos corruptos devem ser expostos. E isto não pode ser feito a partir de cima. Deve vir de baixo, das massas que estão sujeitas ao abuso oficial, que conhecem em primeira mão quem são corruptos, quem são oportunistas, quem só estão por eles mesmos, quem estão colaborando em privado com os proprietários ou os promotores imobiliários e os empresários, quem viola as normas que protegem os interesses do povo, quem trata o povo com desprezo, e assim sucessivamente.

É irônico que Bo Xilai, um popular ex oficial do Partido e membro do Burô Político a cargo da província de Chongqing, agora esteja detido porque foi perseguido pela atual dirigência. Entre as coisas que o fizeram cair em desgraça com a liderança está ter feito um apelo às massas em Chongqing para que denunciassem aos servidores públicos, empresários e servidores públicos do partido corruptos. Bo livrou uma dura campanha para julgar e encarcerar esses elementos como parte de sua campanha integral para frear a marcha para o caminho capitalista. E Bo tentou restaurar a cultura maoísta.

Ler os clássicos marxistas e popularizar a ideia de permanecer leal ao comunismo é um programa saudável e de limpeza ideológica. Quanto mais largamente for implementado, maior será o benefício para as forças socialistas na China.

Mas requer-se bem mais que a leitura para superar os pragmáticos, os oportunistas e os capitalistas que foram permitidos de ingressar ao Partido por Jiang Zemin em 1992. O marxismo afirma que o ser determina a consciência. Enquanto alguns indivíduos podem se auto-reeducar, as amplas camadas de servidores públicos privilegiados não o farão voluntariamente. Terá que haver luta. Talvez a liderança de Xi preveja isto e tenha um plano para romper a resistência dos elementos recalcitrantes. Isso seria ótimo.

A economia determina a política

Mas há um problema mais fundamental. O problema é a existência de um escandaloso privilégio no mesmo partido. A princípios da Revolução Bolchevique, Lenin e seus colaboradores instituíram a "lei do máximo", seguindo o exemplo da Comuna de Paris. Nenhum/a membro do partido podia ganhar mais que os/as trabalhadores/as melhor pagos/as.

Esta era uma medida desenhada precisamente para evitar o privilégio e seu acompanhante, a corrução. Foi o abandono desta prática e o crescimento da desigualdade que constituiu um dos fatores decisivos que conduziu para a alienação dos/as trabalhadores/as soviéticos/as e para o declínio da direção do partido soviético, fazendo com que a URSS fosse vulnerável à contrarrevolução capitalista quando veio por todos os lados sob a pressão do imperialismo.

O privilégio na China sob o regime do chamado "socialismo de mercado" está ao descoberto. Aplaude-se como um sinal de realização, não tanto no partido como na sociedade em conjunto. A China desviou-se bem longe das normas socialistas e envolveu-se nas normas capitalistas.

Quando Xi encoraja os/as membros do Partido a serem leais ao comunismo e a estudarem o "socialismo com caraterísticas chinesas", não reconhece é o relacionamento entre a política e a economia. É um princípio fundamental de marxismo que ao final, a economia determina a política e também a moral, a consciência social, a legalidade e a ideologia.

"O socialismo com caraterísticas chinesas" é uma frase cujo conteúdo é na realidade uma China socialista em colaboração com os capitalistas nacionais e internacionais. Mas esta é uma aliança totalmente antagónica, na qual o lado capitalista tenta destruir o lado socialista.

Além de ser afetadas pela propagação de capitalistas privados -que são corruptos e corruptores- o setor socialista, as empresas estatais, o sistema bancário, e os planificadores adotaram modelos de mercado capitalista. Isto é uma grande fonte de corrução dentro do próprio Estado.

Xi ainda não declarou abertamente seu programa econômico nem tomou uma posição pública sobre a orientação econômica do primeiro-ministro Li Keqiang. Li pede a redução do papel do governo central na economia, incluindo a redução do papel das empresas estatais, o fim do uso de estímulos econômicos para ajudar a economia, o aumento do papel das empresas privadas pequenas e médias na economia chinesa, e a abertura ampla do investimento estrangeiro nas finanças e em outras aéreas cruciais.

De fato, no ano passado Li foi copatrocinador, junto do Banco Mundial, de um longo e detalhado relatório titulado "China 2030". Esse era um plano para socavar profundamente as restantes estruturas fundamentais do socialismo chinês: o planejamento governamental, as empresas estatais e o controle financeiro e econômico central pelo Partido Comunista.

Xi mesmo é um dedicado defensor do chamado "socialismo de mercado". Socialismo de mercado significa socialismo ao lado de o, e contaminado por, o capitalismo. A busca cobiçosa de ganhos e de benefícios individuais que carateriza o capitalismo tem permeado a China e erodido o espírito socialista.

Os direitos e os benefícios da classe operária e de os/as camponeses/as a postos de trabalho, terra, educação, saúde e morada que eram os alicerces da revolução de 1949, foram abandonados pela liderança de Deng e as lideranças posteriores.

Agora isto repercutiu em forma de alienação das massas. Xi, para seu crédito, vê isto como uma ameaça ao Partido e à base do que fica do socialismo na China.

Mas a liderança de Xi está tratando de combater o sintoma sem atacar a doença: a penetração capitalista na economia e nos costumes sociais, a ideologia, e o centro mesmo do espírito socialista da Revolução Chinesa.

Talvez a tentativa por reverter esta onda reaccionaria de corrução e burocracia conduza a maiores lutas nas quais as massas possam intervir e atuar por conta própria e por seu benefício.

Mas uma coisa é certa: a política de luta contra a corrução e as reformas anti burocráticas por um lado e a economia capitalista de mercado pelo outro, são completamente opostas.

 


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