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150713 esqbascEuskal Herria - Briga - Entrevistamos a organizaçom juvenil patriótica basca Ernai, umha das entidades irmás que temos mais perto geograficamente.


Após a sua constituiçom este ano, queremos achegar-nos à realidade da autoorganizaçom nesta nova etapa em que a esquerda independentista basca tem desafiado o Estado espanhol com umha viragem de rumo face ao mesmo alvo estratégico de sempre: a independência, o socialismo, e o feminismo.
 
Aproveitando a ocasiom desta publicaçom, lembramos que Ernai é, junto com outras organizaçons irmás, entidade convidada a participar na IX Jornada de Rebeliom Juvenil. Jornada em cujas ediçons anteriores, como o ano passado, já tenhem participado. E que desta vez decorrerá com um formato novidoso incorporando umha maciça mobilizaçom unitária que promovemos com outras 7 entidades galegas a partir das 22 horas do 24 de julho em Compostela.
 
BRIGA entrevista ERNAI, organizaçom juvenil da esquerda abertzale que nascia o passado mês de março com o objetivo estratégico de conseguir um estado Basco, Socialista e Feminista.

No passado 2 de março conhecíamos o nascimento de ERNAI como resultado do processo constituinte Gazte Zukgua. Como se viveu este processo e o próprio nascimento da nova organizaçom entre a juventude basca?

Foi um acontecimento. O nascimento de Ernai viveu-se com muita força e empolgamento entre a nossa base social e a esquerda abertzale em geral. Gazte Zukgua foi um processo intenso, com muito debate e contributos realmente interessantes. Posicionamo-nos perante a crise sistémica do capitalismo e a situaçom política atual do País Basco.

O único ponto fraco que tivo o processo foi, se calhar, nom termos conseguido aproveitar o debate para agitar as ruas. Reparamos em que é muito difícil desenvolver ao mesmo tempo umha dinámica de debate e outra de agitaçom. Com o nascimento de Ernai ultrapassamos todas essas dificuldades e podemos dizer que dá para perceber que a juventude está na rua. E com muita vontade de luitar!

Após o intenso processo de debate e reflexom prévio, durante este curto período de vida, em que se tem centrado o vosso trabalho? Percebeu-se a emoçom ou ganas por pôr-se já maos à obra com açons concretas?

Apenas passárom três meses do Congresso que celebramos em Lizarra (Nafarroa). Neste tempo dedicamo-nos a montar a estrutura da organizaçom. O segundo objetivo que temos até o verao é analisar qual é a situaçom atual da juventude em cada vila e bairro para poder identificar quais devem ser as linhas de trabalho e luitas que deve desenvolver Ernai. Embora no processo temos definido qual vai ser a estratégia geral para impulsionar o polo juvenil perante o sistema, agora toca-nos definir as estretégias de cada linha de trabalho que imos desenvolver. E o terceiro objetivo deste período foi, naturalmente, dar a conhecer na sociedade em geral e na juventude em concreto, Ernai. O que é Ernai e que objetivos tem.

Que análise fazedes da situaçom da juventude basca no atual contexto de crise do sistema capitalista?

Precisaríamos de muito tempo e espaço para explicar com profundidade a situaçom da juventude no País Basco. De facto, neste momento estamos nisso. Porém, em linhas gerais temos certeza de que as maiores preocupaçons da juventude no País Basco som duas: a situaçom de precariedade que estamos a viver e, na geraçom mais nova, a LOMCE.

A precariedade laboral que desde sempre tem afetado a juventude, tem-se acentuado polo contexto socio-económico: a criaçom de estágios de mais duraçom e com possibilidade de despedimento sem justificaçom, os contratos especiais para jovens, as ajudas a empresas que contratam jovens nessas condiçons, o trabalho submerso... Para além das altas taxas de desemprego que parecem chegar para ficar e subindo. Todo isso gera umha situaçom de desolaçom entre a juventude, para além da desmobilizaçom por medo a perder o emprego. Por isso, as instituiçons devem pôr em andamento medidas urgentes que de verdade solucionem o problema, nom pôr mendos que agravam a situaçom. Aliás, nom podemos esquecer que todas estas medidas que aceitam em nome da crise ficarám quando esta passe. Nom som mais que o desmantelamento do estado de benestar que impugérom no seu momento para evitar revoluçons obreiras ante o avanço do socialismo.

Mas nom podemos aguardar a que as instituiçons atuem. A juventude nom somos a sua prioridade. Devemos criar as nossa próprias alternativas, como a criaçom de cooperativas, auto-emprego... Existem múltiples exemplos em andamento. Só temos que multiplicá-los. Todas essas alternativas tenhem um duplo objetivo: dar-nos umha alternativa a nós mesmas e ao nosso contorno, e ir fendendo o sistema. Como me dixérom hoje: abrir fendas no muro do sistema, e gerar vida nelas.

Neste senso, nom podemos esquecer que toda esta precariedade tem como efeito direto as dificuldades para emancipar-se, os problemas de vivenda (que também se devem à especulaçom, as casas vazias...)

No tocante à LOMCE, supom umha dupla imposiçom. Por umha banda, converte a educaçom, que a golpe de recorte se está já transformando num direito para a elite económica, num privilégio para aqueles que consigam aprender-se de memória um exame por ciclo, um currículo imposto. Que, por outra banda, é um currículo com umha clara intençom espanholizadora, que responde diretamente à força que os movimentos de libertaçom nacional estejam adquirindo, e que Wert nom se molesta em negar.

4.-Como se organiza ERNAI na prática e quais serám as vossa linhas de trabalho prioritárias?

No processo constituinte definimos as nossas futuras linhas de trabalho. Por umha banda, trabalharemos os modelos de vida. Ao cabo, é um outro sistema polo que luitamos, um sistema no qual o modelo de vida imperante nom será individualista, baseado no consumo, nos trabalhos precários e no viver para trabalhar; no qual eficácia e produtividade predominem sobre as necessidades do coletivo, no que só se aceita um único modelo de família nuclear, um modelo patriarcal, baseado na exploraçom dos cuidados gratuítos e/ou explorados a cargo da mulher.. Queremos outros modelos de vida, baseados em valores feministas como a cooperaçom, a participaçom, a pluralidade, a atençom às necessidades do grupo... Por isso, trabalharemos sobre as condiçons de vida para assim ir criando outros modelos de vida, baseados em valores feministas, e ir criando outro sistema. Para isso Ernai impulsionará a criaçom de alternativas reais e locais para a juventude, pondo especial atençom na situaçom económica e na maneira em que esta afeta as jovens.

Dentro dos modelos de vida, marcamos como linhas de trabalho prioritárias o feminismo, o internacionalismo e a formaçom.

Por outra banda, as jovens nom somos alheias ao momento político que vive Euskal Herria, e porquanto somos o seu presente e futuro, corresponde-nos um papel importante na resoluçom do seu conflito. Essa é outra linha de trabalho. Participaremos nos diferentes espaços de resoluçom que se abram, e temos um urgente labor no tema das presas e exiladas. Nunca deveriam ter sido encarceradas por razons políticas, e agora mais do que nunca devem estar nas ruas, trabalhando na resoluçom do conflito que tem produzido o seu encadeamento. Som agentes políticos, a quem o Estado lhes quer negar o status e a palavra. Ernai trabalhará incansavelmente até tombar os muros das prisons e obrigar aos Estados a rematar com esta situaçom de bloqueio à qual se aferram.

Quanto à organizaçom, a nossa aposta está nas vilas e bairros, nas luitas e nas alternativas locais. Faremos a revoluçom do pequeno ao grande, do concreto ao geral. Por isso, organizamo-nos a nível local, sempre coordenad@s. Em definitvo, somos umha organizaçom de Hego Euskal Herria.

5.-Passado 30 de maio era convocada greve geral pola maioria sindical de Euskal Herria. Como valorades o papel atual da juventude basca nestas jornadas de luita?

Fica patente em qualquer foto das mobilizaçons, que há umha importante percentagem de jovens. Nota-se nas ruas que a juventude está enfadada, farta de ser explorada e precarizada, de que nos vendam que nom temos futuro, de que nos queiram exilar para trabalhar longe das nossas vilas, de nom poder continuar os nossos estudos porque convertem a golpe de recortes o direito em privilégio... e nota-se nas jornadas de greve.

Há meses que em diferentes localidades se estám criando assembleias ou blocos juvenis de diferentes sensibilidades, unidas polo desejo de mudar cousas. Ernai participa também nessas iniciativas, porque consideramos que a uniom de jovens é indispensável para fazer frente a um monstro como o sistema, e que é altamente enriquecedor trabalhar com diferentes jovens. Aprende-se muito.

Polo tanto, o papel da juventude é relevante nos movimentos sociais que se estám criando. De todas formas, há um longo caminho por percorrer. Afinal, a juventude que ainda está sem organizar e que apenas se tem mobilizado é umha maioria e a nossa aposta é criar umha massa juvenil, um movimento juvenil forte, consciente da necessidade de organizar-se, ativa e disposta a luitar até o final. Queremos desmentir essa ideia que querem que assimilemos de que a luita nom serve para nada, que devemos portar-nos bem, ser emprendedores e aguardar a que a tormenta escampe. Um pequeno gesto pode pôr a semente para mudar o mundo, que nom digam que a luita nom serve para nada.

6.-Qué tipo de relaçom manteredes com outros agentes políticos ou sociais que se movam em coordenadas similares às vossas?

A cooperaçom e o trabalho conjunto é parte da nossa filosofia. Consideramos que o trabalho com diferentes coletivos e movimentos é imprescindível. O objetivo e o tipo de relaçom variará em base ao agente a que nos refiramos. Com alguns será mais continuada, com outros pontual...

7.- Pouco depois do vosso nascimento tínhamos notícia da ordem emitida pola Audiência Nacional espanhola exigindo o feche da vossa página web. Que leitura fazedes deste facto no atual contexto que se vive em Euskal Herria e como organizades a vossa resposta ante os obstáculos repressivos impostos polo Estado espanhol?

O feche do web de Ernai foi o primeiro ataque contra a organizaçom, e mostra de que o Estado espanhol continua aplicando velhas receitas, sem nengumha intençom de aceitar que um novo ciclo político se tenha aberto em Euskal Herria. Foi um ataque direto contra a nossa liberdade de expressom, ao fechar um meio que é um alto-falante da nossa mensagem. Aliás, suspeitamos que o Estado também queria pôr-nos um termómetro, ver como reacionávamos, com que força contávamos... Nesse sentido, todas as mensagens de apoio que recebemos, tanto procedentes de Euskal Herria como de fora, som de agradecer, bem como as distintas denúncias públicas que se tenhem feito, em especial as da gente relacionada com o mundo jornalístico.

O feche do web veu seguido de duas citaçons a declarar na Audiência Nacional, e mais tarde, o mesmo tribunal de exceçom imputou mais três jovens polo ato político realizado na Gazte Danbada, no qual se fazia referência a Thierry, preso político enfermo, morto a causa da política penitenciária do Estado francês. A procuradoria acusa-os de enaltecimento de terrorismo. Porém, a dia de hoje, a mesma procuradoria nom investigou as responsabilidades dos Estados em dita morte, nem se preocupou polas dúzias de presas bascas doentes encarceradas nestes momentos.

De todas formas, nom imos entrar no jogo dos Estados e deixar o nosso labor político à margem para responder aos constantes ataques repressivos. Isso é o que querem. Nós, seguiremos trabalhando no nosso projeto político, na criaçom dum estado basco, socialista e feminista, e nom nos vam despistar. O nosso trabalho no dia a dia é a resposta mais digna que podemos dar.

Desde a Galiza acompanhamos com atençom os acontecimentos do passado mês de abril quando oito jovens acusadas/os de ter pertencido a SEGI recebiam ordem de detençom para cumprir condena, ante a resposta solidária de centos de jovens mobilizadas/os no Aske Gunea (Zona Livre em galego). Como se vivêrom estes momento de tensom?

Desde entom, a mesma situaçom tem-se repetido em Ondarru, localidade costeira da Biscaia na que vivia Urtza Alkorta, umha outra militante acusada de colaboraçom, e é muito provável que se repita dentro duns dias na comarca de Pamplona.

É certo que som momentos tensos, de repetidas últimas despedidas, de incerteza, momentos comovedores, de cansaço de tantas horas de espera, de risos e lágrimas furtivas... Som momentos em que as ânsias de luitar dum povo e a dignidade dos seus militantes apalpa-se no ambiente, contagia-se. O Aske Gunea de Sam Sebastiám supujo um salto qualitativo na resposta às detençons políticas. Levávamos anos de detençons e julgamentos políticos que se acabam traduzindo em condenas injustas, fruto da legislaçom de exceçom que desenvolveu o Estado espanhol para reprimir e encarcerar todo aquele que se saísse da sua foto. Sempre foi um reto visibilizar essas detençons, que nom lhes saíssem de graça, que nom ficassem impunes. Mas até agora nom tínhamos conseguido mobilizar tanta gente à volta das futuras detidas, nem espalhar tanto a notícia. Prendiam militantes e a notícia apenas chegava às nossas camadas mais próximas, quase nom tinham eco nos média. Tampouco havia meios para envolver a tanta gente em impedir umha detençom.

Mas a aposta pola desobediência foi todo um acerto, assim como o chamamento a diversos setores da sociedade e tendências políticas a participar. A resposta foi tam surpreendente como positiva. Centos de pessoas almorçárom, estudárom, formárom-se, jogárom, trabalhárom e dormírom no Boulevar de Donosti. O mesmo durante chuvosas e frias jornadas de Ondarru. A conclusom é clara: este povo está farto de que detenham a toda aquela que se organize e luite polos seus direitos, e nom vai permitir que se leve nem umha mais.

O Aske Gunea é um espaço de desobediência, resistência e construçom! Tem conseguido visibilizar o que os Estados querem esconder. Tem conseguido que gente que nunca se mobilizou faga sua a causa das condenadas e colha a esteira e o saco de durmir para botar-se à intempérie.

Aliás, supujo a interpelaçom direta ao PNV, um claro chamamento a unir-se ao seu povo, o povo basco, e a nom obedecer a interesses económicos e o Estado, a executar as injustas detençons que ordena. Mas até agora tem deixado claro a quem responde, com quem está, quem é o seu povo. Porque há pouco soubemos que ainda quando se deu à Polícia Nacional e à Guarda Civil a ordem de detençom, pedírom que fora a Ertzaintza a que despejasse a gente congregada em Ondarru. O PNV nom quer resoluçom do conflito, quer recuperar a sua hegemonia e maioria absoluta para seguir fazendo leis que lhes permitam especular e continuar enriquecendo-se à nossa conta. Som um postor burguês que se vende a quem melhor defenda os seus interesses, e nom se posicionará contra o Estado por muito que insistamos nisso. E os dous Aske Gunea tenhem-no demostrado.

Estades submetidas à contínua ameaça de julgamentos pendentes e ordem de ingresso em prisom para dúzias de jovens. Manterám-se iniciativas de desobediência popular e resistência pacífica similares a esta?

Com certeza. Temos que continuar a tirar-lhes todo o potencial. Ainda assim, nom sempre tenhem que ser Aske Gunes, nem em todas as vilas ou processos judiciais servirá o mesmo modelo de desobediência, porque as caraterísticas de cada detençom som diferentes. Mas essa é a essência, e continuaremos desenvolvendo-a. Até agora conseguimos unir massa, demorar vários dias a detençom, impedir que lhes saia de graça... mas o objetivo deve ser acabar com as detençons, que o entusiasmo do conseguido até agora nom nos distraia.

O vindouro ano estará cheio de julgamentos: o sumário das Herriko Tabernas, o macro-sumário contra Segi de 2009, a operaçom de Segura, vários julgamentos contra jovens grevistas... Nom nos podemos relaxar, temos um grande caminho por percorrer, e vitórias graduais que conseguir. Mas definitivamente, a desobediência popular é o caminho.

BRIGA tivo a ocasiom de participar como delegaçom internacional no Gazte Danbada, festival que o passado mês de março celebrava o nascimento de Ernai, e onde compartilhamos experiências com jovens doutros povos em luita. Que representa o internacionalismo no vosso projeto político?

O internacionalismo é parte da essência da luita operária: de que serve ser livres nós se nom o é o resto? O socialismo nom é cousa de um povo, mas dos povos. A revoluçom deve ser mundial. Obviamente, cada um temos os nossos ritmos e realidades, as nossas estratégias e os nossos objetivos. Mas para derrubar o capitalismo, é preciso que todos puxemos, porque o capitalismo é imperialista por natureza, e sempre tenderá a oprimir ao do lado, e porá todos os meios para fazer que a nossa revoluçom fracasse. Por isso, nom podemos entender a luita operária sem internacionalismo, igual que nom a entendemos sem feminismo. Nom queremos só mudar o nosso povo, queremos mudar o sistema, o mundo. A luita nom entende de fronteiras, e nós tampouco.

Por isso é imprescindível o internacionalismo. As alianças tanto coletivas como pessoais. Além de necessária é enriquecedora. Aprender doutros povos, partilhar ideias... por exemplo, o modelo de cooperativas e fábricas ocupadas na Grécia é um modelo a seguir, ou as comunidades da Venezuela, a ocupaçom de terras para o povo do SAT ou o MST, a incansável dignidade Turca e Palestiniana... é algo no que vimos trabalhando meses, e umha linha de trabalho na qual aprofundar. Por isso, os nossos caminhos voltarám a cruzar-se, devem estar em constante encontro.


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