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030413 kke chipreGrécia - Resistir - Solidariedade com o povo cipriota: Fazer frente às medidas anti-populares contra ele organizadas.


A implementação da decisão do acordo constitui uma escalada da ofensiva anti-popular com terríveis consequências para a redução de salários, a demolição dos fundos da segurança social, uma aceleração das privatizações, o rápido aumento do desemprego. O "Não" inicial do parlamento cipriota teve como intenção manter Chipre como um paraíso fiscal para os monopólios e defender os interesses da classe burguesa e não os interesses dos trabalhadores. Os recentes desenvolvimentos realçam a necessidade de a população se levantar contra o "caminho de sentido único da UE " e contra as medidas anti-populares.

A crise em Chipre é criada por factores internos, é um produto da via de desenvolvimento capitalista de Chipre e da sua entrada na UE em condições de um surto mais geral da crise de sobre-acumulação de capital. Não há nenhuma crise importada ou exportada. De resto, os primeiros sintomas óbvios da crise começaram no final de 2011, quando pela primeira vez a questão foi posta em cima da mesa para recorrer aos mecanismos da UE-Eurozona.

A crise teria surgido mesmo que Chipre não fosse um dos paraísos fiscais, apesar de o sistema financeiro "inflacionado", que não constitui uma peculiaridade nacional cipriota, complicar e exacerbar a situação. A desvalorização do capital acumulado nos bancos cipriotas é o ponto de partida para a promoção de múltiplos objectivos e tem como resultado a transformação de Chipre num elo fraco no interior da Eurozona.

Claro que a gestão e a evolução da crise também é influenciada pelas contradições inter-imperialistas quanto ao modo como os seus prejuízos irão ser partilhados, assim como quem irá beneficiar dos depósitos de hidrocarbonetos da região. Apelar por vezes a este ou aquele centro imperialista não só não resolve o problema, mas aprofunda-o no vórtice das contradições inter-imperialistas e da sua competição. Isso ficou demonstrado pelas ilusões relativas à utilização da Rússia capitalista pelo governo burguês de Chipre. Só na situação do poder da classe trabalhadora existe a possibilidade de utilizar as contradições e existe o objectivo de desenvolver relações económicas mutuamente benéficas com outros países da região. Esse poder procurará a cooperação com estados e povos que tenham objectivamente um interesse directo em resistir aos centros do imperialismo económico, político e militar. Procurará utilizar cada brecha adequada que existir na "frente" imperialista devido às contradições inter-imperialistas a fim de salvaguardar os interesses da população.

As leis da economia capitalista não podem ser usadas em benefício dos trabalhadores através de uma gestão e negociação governamental de "direita" ou de "esquerda". Não pode haver negociação pró-povo, como a SYRIZA anda a dizer, no seio da aliança predatória da UE, uma coisa que ficou demonstrada pela aprovação do parlamento cipriota de 25 leis "memorandos", fossem quais fossem as intenções dos governos anteriores. A conversa sobre negociação dinâmica é uma troça consciente do povo.

A posição de estar no interior ou no exterior da Eurozona, ou a posição no interior da Eurozona mas sem Troika não são soluções.

Também foi confirmado que a questão cipriota, como um problema de invasão e de ocupação, não podia ser resolvida somente no seio da UE. Os imperialistas puseram de lado as conversas sobre direito internacional, assim como as decisões do Conselho de Segurança da ONU. Actualmente a questão cipriota está a ser conduzida para um novo "Plano Annan" [1] , talvez numa versão ainda pior. No seu conjunto, a situação no Mediterrâneo oriental está a ficar mais complexa, principalmente depois da aproximação da Turquia com Israel e das ambições expressas no Egipto no que se refere à revisão da ZEE [Zona Exclusiva Económica] com Chipre, com as pretensões turcas como pano de fundo.

Os representantes do governo tripartidário, que estão a pedir à UE para exprimir a sua solidariedade com um dos seus estados-membros, estão a desorientar intencionalmente o povo. A alegada solidariedade na UE é uma hipocrisia, porque as relações entre os estados capitalistas são relações de desigualdade e de domínio do mais forte. As teorias do SYRIZA e principalmente dos Gregos Independentes e da Alvorada Dourada, que atribuem a posição da União Europeia à hostilidade anti-grega, ou à hostilidade contra os países do sul, escondem as responsabilidades da UE e dos governos burgueses.

"Esquecem-se" de que o ataque ao sistema bancário de Chipre ocorreu depois de ter sido decidido e legislado o controlo do sistema bancário de cada país pelo Banco Central Europeu e que essa evolução foi aplaudida por todos os partidos da "via de sentido único da UE".

Hoje a liderança política de Chipre está a tentar fomentar novas ilusões quanto à transformação da ilha num centro energético, ao passo que o povo trabalhador se encontrará no centro de uma ofensiva de classe pelos grupos monopolistas. Todos estes anos, a posição do KKE tem sido confirmada quanto ao facto de a entrada de Chipre na UE não ter resolvido mas, pelo contrário, ter complicado a questão nacional de Chipre, e a situação vai deteriorar-se ainda mais com a assimilação de Chipre na "Parceria pela Paz" da NATO.

A única via para o povo cipriota é a luta para a sua saída da UE e a socialização dos monopólios, pelo seu próprio poder. É também esta a via para a luta por uma solução essencial e justa para a questão cipriota. Os povos dos 27 estados-membros da UE têm que se unir nesta via, a fim de que a riqueza produzida passe para as mãos do povo.

[1] O Plano Annan foi uma proposta das Nações Unidas para resolver a disputa de Chipre. A proposta sugeria a reestruturação da República de Chipre, como uma "República Unida de Chipre", que seria uma federação dos dois estados. Foi revista uma série de vezes antes de ser apresentada ao povo de Chipre num referendo. A proposta foi apoiada por 65% dos cipriotas turcos, mas apenas por 24% dos cipriotas gregos (N.T.)


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