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290412 papadakisGrécia - Gara - [Tradução do Diário Liberdade] Entrevista a Kostas Papadakis, responsável de relações internacionais do KKE, Partido Comunista da Grécia, publicada pelo diário basco Gara.


Kostas Papadakis, membro da direção do Partido Comunista da Grécia (KKE) e responsável por Relacionamentos Internacionais do partido que tem estado em primeira linha nos protestos contra os cortes sociais, defende alianças sociais a nível de base para lutar por uma mudança de sistema.

Desde a assinatura do primeiro memorándum de medidas econômicas para poder obter o empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE), em maio de 2010, e depois dos contínuos e a cada vez mais profundos cortes do gasto público, a sociedade grega foi abandonando seu tradicional apoio às políticas europeias impostas desde Bruxelas, ao mesmo tempo que fortaleceu um movimento de clara ruptura com o neoliberalismo.

Entre os partidos que viram crescer seu peso na sociedade grega, está o Partido Comunista da Grécia (KKE). O KKE é a terceira força política no atual Parlamento grego, e as sondagens sobre intenção de voto para as próximas eleições legislativas anunciam o dobro do apoio conseguido nas eleições de 2009.

Atacado tanto pela direita e os grandes meios de comunicação, como pelo movimento libertário, o Partido Comunista da Grécia emprega uma linguagem dura contra qualquer que favoreça ou legitime o atual sistema econômico. Mas manteve firme e em primeira linha a sua numerosa militancia em todas e a cada uma das greves e manifestações convocadas contra as políticas antissociais.

Na situação atual que ações identifica o Partido Comunista da Grécia como prioridades para a esquerda?

Desde faz anos, o KKE deixou de identificar as forças políticas do país com os conceitos de «esquerda», «direita» ou «centro». Estes conceitos não correspondem às condições políticas atuais. Se no passado o conceito de «esquerda» significava a ruptura com a classe dominante, hoje em dia partidos que se autodefinem de «esquerda» participam com prazer na administração do capitalismo, nas guerras imperialistas e apoiam a União Europeia imperialista. Deste ponto de vista, o KKE prefere fazer referências de classe e não utilizar conceitos cujo significado é obsoleto. Deixando isto claro, a nossa prioridade nestes momentos é organizar a luta para impedir as medidas antiobreras, para que não se apliquem na prática os cortes nos salários, as pensões, a eliminação dos direitos trabalhistas, para derrocar a política antipopular do governo. Nesta luta estamos dando prioridade ao agrupamento das forças sociais da classe operária, do campesinato, das camadas médias nas cidades, em uma grande aliança social que não só se enfrente aos monopólios e o imperialismo, como também abra o caminho ao poder e à economia popular.

Que significa para a Grécia o segundo memorando de medidas econômicas acordado com o FMI e seus credores?

O novo memorando, tal como o anterior, não tem nada que ver com a enorme dívida pública do país. É parte da política coordenada pela burguesia grega, em cooperação com a União Europeia e o FMI, com o objetivo de reduzir ainda mais o preço da força de trabalho. O objetivo desta política é assegurar a rentabilidade para a grande capital na Grécia, carregando o peso da crise sobre as costas da classe operária e dos restantes setores populares. Lutamos para que os trabalhadores, que não têm nenhuma responsabilidade pela crise capitalista, entendam que devem se organizar  e enfrentar de modo ainda mais intenso o capital e as políticas que implementam cortes, segundo prevê o memorando, e que asseguram os interesses da oligarquia.

Que alternativas políticas propõem para que a Grécia ultrapasse a atual situação?

Demonstrou-se na prática, através da longa experiência dos trabalhadores e dos desempregados, que no enquadramento do capitalismo não pode ter soluções a favor do povo. Nós apelamos o povo para a luta pela conquista do poder, para que os meios de produção da indústria se convertam em propriedade popular, para que a terra, as grandes empresas no setor agrícola e o comércio monopolista se socializem. Com base nesses relacionamentos, a socialização dos meios de produção e o planejamento econômico, poderiam se abrir grandes possibilidades infrautilizadas, assegurando a prioridade e satisfação das necessidades sociais básicas sob um controle operário e popular. Este poder é o que garantiria a soberania e a verdadeira retirada de todas as alianças imperialistas, como a UE e a OTAN.

Seria possível algum tipo de acordo com outras forças de esquerda?

Nossa proposta política promove objetivos de luta particulares, o agrupamento e luta dos trabalhadores através de «Comitês Populares» nos bairros e os sindicatos de classe, para impedir as medidas antipopulares. Este desenvolvimento da luta de classes, a partir da aliança social a nível de base, é a principal preocupação para o KKE, não uma política de aglutinação artificial de partidos com diferentes estratégias políticas.

E face às próximas eleições?

A esperança para os trabalhadores não está em uma confusa «unidade da esquerda», mas em um partido forte e na formação de uma aliança social que lute por uma economia e um poder popular. O acordo com partidos que alguns denominam de «esquerda» inclui políticas diametralmente diferentes, e não significa nenhum «ganho». Isto não interessa ao KKE. Inicialmente semearia a esperança de que pode ter solução sem entrar em conflito com o sistema capitalista, sem a retirada da OTAN e da UE, mas isso traria a dissolução deste «projeto», o que geraria a deceção dos trabalhadores.


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