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050515 justiceEstados Unidos - Resistir - [Wayne Madsen] Políticos e sabichões dos media classificam como um "alerta" a violência que estalou em Baltimore após a morte do afro-americano Freddie Gray devido à ruptura da sua coluna vertebral.


 Contudo, estes auto-designados "peritos" quanto ao colapso social dos pobres – principalmente trabalhadores afro-americanos de bairros de todos os Estados Unidos – evitam falar acerca das razões reais porque cidades de todo o país estão a explodir em protestos e a recorrer a motins toda a vez que um jovem afro-americano é assassinado pela polícia. Os EUA, tal como as ditaduras fascistas na América Latina durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, estão agora infestados com "esquadrões da morte" policiais. Responsáveis uniformizados da aplicação da lei agora actuam como juízes, júris e carrascos, administrando sentenças de morte nas ruas de Fergunson, Missouri, subúrbio de St. Louis; New York City; North Charleston, South Carolina; Baltimore e outras cidades de todos os Estados des-Unidos.

Parte da razão para o surgimento de esquadrões da morte oficialmente admitidos nas fileiras da polícia dos EUA é a constante militarização do estado americano, das cidades, dos municípios e de forças policiais de pequenas cidades desde o ataque do 11/Set. De acordo com o chamado " programa 1033 " , o Pentágono forneceu à polícia toda espécie de excedentes de guerra, desde veículos blindados para pessoal (conhecidos como veículos Mine-Resistant Ambush-Protected ou "MRAPS") até rifles M-16 de qualidade militar e blindados Humvees. Alguns destes equipamentos estavam à plena vista em Ferguson, Missouri, durante os protestos quanto à morte a tiro do adolescente afro-americano Michael Brown por um polícia branco.

Porque Baltimore, ao contrário de St. Louis e North Charleston, é considerada como fazendo parte da área da capital nacional de Washington, DC, os media corporativos dos EUA e responsáveis do governo reagiram ao grupo tumultuoso de estudantes afro-americanos do ensino secundário que acompanhou o funeral de Gray com a espécie de alarme existencial habitualmente destinado a nações-estado "ameaçadoras" como o Irão, Venezuela e Coreia do Norte. Os media exprimiram mais simpatia para com a farmácia da cadeia CVS saqueada durante a disputa do que para com a família de Gray, a qual estava a pedir calma e paz.

A polícia de Baltimore estava ansiosa por um confronto com a população afro-americana de Baltimore que fervia em silêncio e decidiu travar autocarros escolares que transportavam alunos afro-americanos de volta às suas casas. A polícia também lançou bloqueadores de tráfego nas ruas de Baltimore. Os alunos do secundário foram forçados pela polícia a abandonarem seus autocarros. A polícia então encurralou os jovens numa área na vizinhança de Mondawman. A estação do metro nas proximidades foi fechada pela polícia e os alunos foram impedidos de voltarem para casa tanto pelos autocarros escolares como pelos autocarros de transporte público ou pelo metro. Todas as testemunhas oculares, pais dos alunos e professores da escola verificaram o facto de que os alunos foram ilegalmente detidos pela polícia. Quando uns poucos deles começaram a atirar pedras à polícia, a polícia lançou pedras e rochas de volta sobre os jovens os quais, deveria ser enfatizado, foram inicialmente provocados pela táctica mão pesada da polícia de interromper todo o transporte local.

Basicamente, a polícia de Baltimore adoptou as tácticas usadas diariamente pela polícia israelense contra palestinos na Cisjordânia: vedar rotas de trânsito, encurralar a população alvo e responder com força esmagadora e, frequentemente, violência brutal. De facto, a polícia de Baltimore, assim como a Polícia do Município de St. Louis que reagiu à situação de Ferguson, recebeu treino israelense em imposição da lei e "contra-terrorismo", incluindo a utilização de armas de som tipo dispositivo acústico de longo alcance (long range acoustic device, LRAD ), utilização de cercas portáteis anti-multidão e instrução em artes marciais Krav Maga , da polícia israelense e da Força de Defesa Israelense. Este treino foi cortesia de programas apoiados pelas proto-fascistas Anti-Defamation League ( ADL ) e Jewish Institute for National Security Affairs ( JINSA ) . A ADL anteriormente compilou ficheiros com dados maciços de americanos dissidentes, líderes de direitos civis e clero cristão anti-guerra para as polícias federal e estaduais. Oficiais de polícia reformados que receberam treino em Israel patrocinado pela ADL foram à televisão proclamar ser a "demonstração de força" da polícia e do exército em Baltimore o modelo para o resto do país.

A polícia de Baltimore justificou suas acções extrema afirmando falsamente que os gangs negros, os Bloods and Crips, estavam a vir para a cidade a fim de incitar a violência. A fonte do rumor eram mensagens sem fundamento postadas nos media sociais, provavelmente com origem na unidade de inteligência da polícia de Baltimore. Os gangs responderam às alegações dizendo que não tinham tais planos.

A mensagem para as minorias da América era clara: a polícia continua livre para sumariamente executar civis à vontade e quaisquer protestos, venham eles de ghetos negros, barrios hispânicos ou reservas de nativos americanos, serão recebidos com força policial esmagadora ou "pavor e choque".

O governador republicano de Maryland, Larry Hogan, despachou centenas de tropas da Guarda Nacional de Maryland para Baltimore para trabalhar com a polícia de Baltimore e de jurisdições externas a fim de impor um recolher obrigatório. O jogo de bola ao cesto Baltimore Orioles-Chicago White Sox programado em Camden Yards foi proibido àqueles que já tinham bilhetes de entrada, a primeira vez na história que um grande jogo de bola ao cesto foi jogado diante de um estádio vazio. Uma sequência de fim-de-semana planeada para ser jogada em Camden Yards entre os Orioles e os Tampa Bay Rays foi transferida para St. Petersburg, na Florida. Se isto soa como as "punições colectivas" administradas por Israel a palestinos em Gaza e na Cisjordânia, foi exactamente daí que as autoridades de Baltimore e Maryland tiveram a ideia.

As perturbações que se seguiram ao funeral de Gray foram antecedidas na noite anterior por uma confrontação entre a polícia e torcedores afro-americanos que saíam do estádio Camden Yards. A solução para as autoridades: punição colectiva para a maioria da população afro-americana de Baltimore. Cada vez mais, afro-americanos, hispânicos e nativos americanos estão a tornar-se os "palestinos" da América, povo disponível para a polícia a qualquer hora e qualquer dia "praticar tiro ao alvo".

O governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, candidato presidencial em 2016, antigo promotor federal que tem tanto de arrogância quanto de peso, despachou para Baltimore soldados de cavalaria da Polícia Estadual de Nova Jersey a fim de ajudar a impor a lei. A utilização de polícia de fora do estado em Baltimore para reforçar a da cidade foi uma ilustração cabal dos laços estreitos existentes entre agências de imposição da lei de todo o país em apoio da "linha azul" e de agentes de polícia que enfrentam investigações sobre execuções extra-judiciais de cidadãos. Tal como visto em outros incidentes por todo o país, a associação Ordem Fraternal da Polícia e as divisões de assuntos internos dos departamentos de polícia encarregados de investigar brutalidades policiais frequentemente conspiram para encobrir provas do mau comportamento da polícia. Enquanto isso, líderes políticos americanos estão a receitar soluções "placebo" como câmaras nos organismos policiais para resolver a questão da brutalidade da polícia. As câmaras não resolverão os problemas subjacentes de alto desemprego nas áreas da polícia inclinadas à violência sobre cidadãos nem resolverão o facto de que os Estados Unidos têm a mais alta população prisional per capita do mundo, com cerca de 2,2 milhões de presos, principalmente afro-americanos homens, cumprindo longas penas por crimes não violentos relacionados com drogas.

Os media corporativos e políticos republicanos, incluindo o governador Hogan, consideram desportivo, tal como o fizeram em relação a membros afro-americanos da assembleia municipal em St. Louis e de outras cidades, atacar a presidente da municipalidade Stephanie Rawlings-Blake como "incompetente" por permitir que as coisas na sua cidade "saíssem do controle" sem uma demonstração de força maciça e imediata. Seu colega, o presidente da municipalidade de Filadelfia Michael Nutter, defendeu suas acções em Baltimore. É uma prática habitual utilizada pelos oligarcas republicanos retratar a minoria dos democratas que detém um posto electivo como "fracos quanto ao crime" a fim de conseguir pontos políticos fáceis com o assassínio de cidadãos minoritários pela polícia.

Após os tumultos que varreram cidades americanas em 1968 a seguir ao assassínio do reverendo Martin Luther King, no que é agora considerado por muitos como tendo sido uma conspiração do governo envolvendo o FBI a fim de silenciar aquele líder dos direitos civis, o presidente Lyndon Johnson respondeu: "O que você esperava? Não sei porque está tão surpreendido. Quando você coloca o seu pé sobre o pescoço de um homem, subjuga-o durante trezentos anos e então deixa que se levante, o que é que ele vai fazer? Ele vai golpear o que o bloqueou".

Quase 50 anos depois, a polícia americana continua a visar afro-americanos com tácticas de "esquadrões da morte" outrora populares entre as mais repressivas e asquerosas ditaduras fascistas da América Latina, com líderes de municipalidades que foram provocados pelas mesmas agências estado-unidenses envolvidas no assassinado de Luther King e hoje com a militarização da polícia americana.


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