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WikiLeaks e o cártel da mídia

011210_NYTPatria Grande - [Pascual Serrano, tradução do Diário Liberdade] O fenômeno Wikileaks tem açambarcado numerosas análises e reflexões sobre o futuro da informação, a internet e a participação cidadã na difusão das notícias.


O debate limitou-se entre aqueles que apresentavam como um problema e uma irresponsabilidade a distribuição de informação secreta e os que defendiam sua livre circulação e apoiavam o WikiLeaks. Em minha opinião, trata-se de uma simplificação e o modus operandi do próprio WikiLeaks demonstrou que o assunto é mais complexo. Uma prova disso foi a forma em que difundiu os 250.000 documentos que recolhiam comunicações da diplomacia e a Administração central estadunidense. Quem parecia que subvertia as formas de comunicação do século XXI optou por oferecer em exclusivo e de forma privilegiada a documentação a cinco grandes meios de comunicação mundial: The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde e El País. Dias depois que as direções destes jornais os tivessem em seu poder, os cidadãos continuamos sem poder aceder aos documentos no site do WikiLeaks.

Por sua vez, os cinco jornais organizam-se num cártel -como bem denominou Juan Carlos Monedero- e se coordenam. Segundo reconheceram, "há um acordo sobre a publicação simultânea dos mesmos documentos de relevo internacional e as datas de sua difusão". Afirmam que "têm autonomia para decidir sobre a seleção, avaliação e publicação das comunicações que afetem seus países", quer dizer, cinco países do bloco ocidental, toda a informação referente ao resto do mundo está filtrada por eles. "Unicamente se publicarão aqueles papéis que considerarmos que não representam uma ameaça para a segurança de pessoas ou de países", afirmaram. Em concreto, o El País reconhece que "decidiu aceitar os compromissos a que The New York Times chegar com o Departamento de Estado para evitar a difusão de determinados documentos".

A conivência entre o WikiLeaks e o cártel dos cinco é absoluta. A partir de seu twitter, o WikiLeaks já se remetia a eles, assumindo que seu site ficaria fora de serviço. E o que anuncia na rede social são links aos sítios dos jornais.

Não sei se a origem de WikiLeaks era limpa e honesta, mas sim parece claro é que se está convertendo num sujeito domesticado. Até o premiê israelense, Benjamín Netanyahu, afirmou que os documentos dão a razão a seu governo na avaliação da ameaça iraniana.

Não devemos descartar que, ante a perda de credibilidade da informação que fazem pública os governos, se esteja recorrendo a formas imaginativas que, sob uma auréola de espontaneidade, filantropía e mistificação da internet, não seja mais do que o mesmo cão com diferente coleira. Que, por enquanto, a única iniciativa concreta contra o fundador de WikiLeaks seja algo tão disparatado como ser acusado de uma violação, é bastante extravagante.


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