Durante o protesto, realizado Complexo do Alemão, os moradores exigiam a saída da polícia e o fim dos tiroteios. Diversos manifestantes levantaram cartazes pedindo “paz” no morro e exigindo que ao invés de tiros e polícia, os governos burgueses deveriam investir nas políticas públicas, revelando toda a insatisfação com a investida e a ocupação militar das favelas.
Além de exigir a saída da polícia, os manifestantes – entre eles mulheres e crianças – relatam os abusos cometidos pelos policiais, que longe de combater o tráfico estão se utilizando da criminalidade para justificar uma intervenção e o aumento da repressão contra a população trabalhadora.
Desde que a ação teve início, na última segunda-feira (22), os moradores estão sendo impedidos de sair de casa. “O medo faz parte da rotina diária ao pegar um ônibus até o trabalho ou para levar os filhos na escola”, relatou uma das manifestantes (Diário Catarinense, 27/11/2010). Não bastasse o medo de serem assassinados no meio da rua, os moradores também denunciaram que nos últimos dias os próprios soldados da Marinha e agentes da Polícia Federal (PF) passaram proibir a circulação de pessoas pelas ruas. Ou seja, o simples fato de morar nas favelas já se tornou motivo suficiente para uma pessoa ser considerada criminosa e ter sua prisão domiciliar decretada sem sequer passar por qualquer julgamento.
O que chama atenção é o verdadeiro empenho da imprensa capitalista em falsificar a realidade para aparecer que a odiada intervenção está contanto com o apoio irrestrito da comunidade, não é a toa que foi feita toda uma operação para ocultar ao máximo o protesto. É obvio que a população não apoia a intervenção militar, muito pelo contrário. Os trabalhadores estão sentindo na pele as consequências da intervenção. Dezenas de pessoas já foram assassinadas, mais de 12 mil crianças foram proibidas de ir à escola e os trabalhadores não têm nem mesmo o direito de sair de casa, muitos inclusive são assassinados dentro de suas próprias residências.
Nesse sentido, o papel da imprensa burguesa é tentar reverter, por meio da falsificação, a opinião pública em torno da invasão da polícia. No entanto, é mais do que notório que a tentativa de criar uma opinião pública favorável a ação está caindo por terra. A população trabalhadora simplesmente não suporta o massacre que a burguesia está produzindo nos morros e favelas, o que mais cedo ou mais tarde vai acabar em uma revolta geral da população, o que já vem sendo sinalizado por meio de pequenos protestos espontâneos. Está colocada como tarefa central para os moradores das comunidades carentes a organização de uma ampla mobilização contra a intervenção e as invasões. O argumento de combate ao tráfico não passa de um descaramento da direita para justificar a matança e o aumento da repressão contra os trabalhadores, o que deve ser amplamente combatido.