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ETA: Rápidos apontamentos

Raphael Tsavkko Garcia

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ETA: Rápidos apontamentos

Raphael Tsavkko Garcia - Publicado: Sexta, 29 Outubro 2010 02:00

Raphael Tsavkko

A ETA (Euskadi Ta Askatasuna – Pátria Basca e Liberdade) nasce do trabalho de militantes nacionalistas insatisfeitos com os rumos que o PNV - direita cristã - tomava, ou mesmo com os rumos da Ação Nacionalista Basca (ANV), partido de esquerda nacionalista fundado nos anos 30, que consideravam por demais tímidos e insuficientes na luta pela libertação do País Basco (Villalón, 2000). Estes militantes nacionalistas se reuniam e eram apoiados largamente por facções anti-franquistas da igreja católica, em especial pela ordem dos Jesuítas.


A igreja se tornou o mais forte bastião de resistência ao Franquismo no País Basco e eram em centros comunitários católicos que se ensinava o Euskera aos jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de aprender antes e onde nascia o movimento de resistência à Ditadura.

A ETA nasce com o ideal de independência, tendo na luta contra Franco uma primeira etapa para a consecução de seus objetivos. Desde o princípio a ideologia que permeia a ETA é a de recuperar e valorizar a cultura e língua bascas (Llera, 1992), ao contrário do senso comum que via na ETA apenas um grupo anti-franquista.

Este caráter eminentemente nacionalista se verifica pelo fato de que 90% dos ataques do grupo se deram após a morte de Franco, em especial durante os anos de discussão do Estatuto de Autonomia Basca (1979), da formação do primeiro Governo Basco (1980) e da Constituição Espanhola (7198)

Por um lado, o nascimento da ETA em um período de forte repressão, as transformações ideológicas constantes, os rachas e divisões do grupo contribuíram para o número limitado de ataques e assassinatos políticos durante os anos de franquismo, por outro, a chegada da democracia - ao menos nos moldes ditados pela Espanha - se apresentava como o momento mais propício para a consecução dos objetivos Etarras e, também, marca o auge organizativo da organização.

O Marxismo passa a ser parte do ideário da ETA em um processo de discussão interna durante as primeiras três assembléias do grupo, tornando-se efetiva a partir da IV assembléia (1964), no auge das lutas de libertação africanas e asiáticas, quando a ETA se afasta do PNV e começa a se aproximar dos movimentos operários de massa (Llera, 1992)

Nesta época o próprio PNV – cuja direção se encontrava no exílio e logo depois seu líder máximo, Aguirre, falece em Paris – se via enfraquecer sua presença e a penetração no país basco sob ocupação espanhola. As novas gerações, nascidas já sob a ditadura ou muito novos quando da Guerra Civil já não tinham mais no PNV um modelo e desconheciam as novas lideranças.

Coube à ETA reescrever os ideais Aranistas (originalmente racista, integristas e xenófobos, cujo ideal de nação rural e bucólica contrastava com o forte crescimento industrial basco) e torná-lo não só mais palatável ao proletariado urbano, como também mais atual e conectado à realidade pela qual passava a Europa e o mundo nos anos 50 e 60.

LLERA, Francisco J. ETA: Ejercito Secreto y Movimiento Social. Revista de Estudios Políticos. Número 78. Outubro-Dezembro de 1992.

VILLALÓN, Adriana M. Definições para o Problema Basco. XXIV Encontro Anual da ANPOCS. Petrópolis: 2000.

Introdução de artigo que será apresentado no VI Seminário de Ciência Política e Relações Internacionais da UFPE, em 19 de novembro de 2010


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