Os trabalhadores da Galp têm uma greve de três dias convocada para os próximos dias 19 a 21 de Abril, reivindicando aumentos de salários de 2,8%, num mínimo de 55 euros.
Na passada 6ª feira, o presidente da Galp Energia, Ferreira de Oliveira, disse em nota interna enviada aos trabalhadores que lamenta a paralisação e que "os objectivos da greve não são justos nem possíveis de satisfazer, apesar da nossa melhor vontade para evitar conflitos laborais".
Diz ainda o presidente que "uma greve neste contexto não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que aqui trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar connosco; para além do custo da greve, que a todos afecta, está também em jogo a falta de solidariedade para com o futuro da empresa".
Em resposta, a Federação das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas (Fiequimetal) diz que "é a ganância dos homens que destrói a coesão social e compromete o futuro das novas gerações", acusam Ferreira de Oliveira de demagogia e afirmam que a mensagem é "inteiramente desprovida de sentido, porque totalmente inócua quanto aos seus objectivos".
A Federação sindical refere também que "falar em consequências nefastas da greve, face aos investimentos nas refinarias e às paragens técnicas a que estas irão estar sujeitas é, por um lado, um insulto ao conhecimento e inteligência dos trabalhadores e, por outro lado, uma contradição e uma mostra de hipocrisia quando refere custos elevados decorrentes da greve".
Sublinham ainda os sindicalistas que "Está na ordem do dia um assunto a que os portugueses assistem atónitos: cerca de uma centena de gestores portugueses auferem anualmente um montante de remunerações, cujo valor daria para construir dezenas de hospitais, escolas e creches.
No caso dos senhores Administradores da Comissão Executiva da GalpEnergia, os salários mensais (de 25.000 a 76.400 €), a que se juntam o farto cardápio de remunerações variáveis e outros benefícios, totalizando em 2009 mais de 6,2 milhões €, prova que é por pura ganância, e não por outra qualquer razão, que não são satisfeitas as justas reivindicações dos trabalhadores.
Na verdade, nem é necessário aumentar os custos da Empresa, basta retirar uma pequena parte das vossas obscenas mordomias para resolver o conflito".
Ferreira de Oliveira é um dos administradores mais bem pagos das empresas cotadas no PSI-20, tendo recebido, em 2009, 1.600.000 euros. A relação entre os vencimentos dos administradores da Galp e os salários médios dos trabalhadores da empresa é de 16,1. E a diferença entre o presidente e os restantes administradores da Galp é a maior entre as empresas cotadas no PSI-20. O vencimento de Ferreira de Oliveira é de 192% dos vencimentos médios da administração.