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Guerra da Líbia: Por que o Novo Partido Anticapitalista continua em silêncio?

120711_NPAFrança - World Socialist Web Site - [Kumaran Ira, Tradução de Diário Liberdade] 12 de Julho de 2011. A guerra contra a Líbia, encabeçada pelos poderes imperialistas, já está próxima de completar quatro meses. Apesar da intensificação do bombardeio à Trípoli, com o objetivo de levar o regime do Coronel Muammar Kadafi à queda, os poderes ocidentais não foram capazes de atingir seu objetivo, e a intervenção da OTAN está atualmente em um impasse.


No início deste mês, a França admitiu estar fornecendo armamentos aos rebeldes Líbios, que estão lutando contra as forças governamentais líbias na região de Djeben Nafoussa, ao sul de Trípoli. Esta notícia foi dada no jornal diário Le Figaro, de acordo com a notícia, o abastecimento de armas que foi feito por paraquedas nas montanhas de Djebel Nafousa incluía lança-mísseis, rifles de assalto, metralhadoras e Mísseis antitanques “Milan”. (Veja “France arms anti-Gadaffi forces”)

A entrega de armas feita pela França aos rebeldes é uma violação da resolução 1970 do Conselho de Segurança da ONU, que em fevereiro impôs um embargo de abastecimento armamentístico à Líbia. Na França, bem como em outros países europeus, a maioria da população se opõe a uma intervenção militar. De acordo com uma pesquisa de opinião da IFOP, 51% da população francesa é contra uma intervenção militar da OTAN contra a Líbia.

Existe um silêncio ensurdecedor cercando estes eventos na imprensa ex-“esquerda” da pequena burguesia. Isto é mais notável no caso do Novo Partido Anticapitalista (NPA) na França. O sítio virtual da NPA publicou  apenas três breves artigos sobre a guerra na Líbia nos últimos 2 meses - ao mesmo tempo em que essa guerra tem sido a principal iniciativa da política internacional da França.

Por que a NPA tem se mantido em silêncio quando a guerra é tão impopular e seguida ilegalmente pelo governo francês? Por semanas, a NPA não emitiu nenhuma posição oficiais sobre a guerra ou criticou o Presidente Nicolas Sarkozy pela ilegal entrega de armamentos da França para os rebeldes.

De fato, desde o início da guerra, o abastecimento de armas aos rebeldes tem sido a política que a NPA recomendou ao imperialismo francês. Se a NPA não visa criticar a política militar ilegal do governo da França é porque o governo está fazendo exatamente o que a NPA pediu que fizesse.

No dia antes dos ataques aéreos de 19 de Março feito pela Inglaterra e pela França, a NPA sugeriu que a França levasse armas para a oposição líbia. Em uma declaração de imprensa feita dia 18 de Março, a NPA escreveu: “ Nossa completa e total solidariedade vai para o povo líbio a quem nós devemos dar os meios de defender a si mesmo, as armas que eles necessitam para derrotar o ditador, para conquistar a liberdade e a democracia.”

Olivier Besancenot, o antigo candidato à presidência pela NPA, publicamente repetiu este comentário: “ Nossa total solidariedade vai ao povo líbio a quem devemos dar os meios para defender a si mesmos, as armas que eles necessitam para derrotar o ditador, para conquistar a liberdade e a independência.”

A realidade deste bombardeio diário feito a civis líbios pelos aviões da OTAN expôs a desonesta ambiguidade destas formulações, com a tentativa de insinuar que a NPA queria proteger os civis ou “o povo líbio”. De fato, agora a NPA agora tenta camuflar através de seu silêncio o apoio que ela ofereceu a uma guerra imperialista, cujo objetivo é a derrubada do regime de Kadafi e a implementação de um novo estado clientelista, liderado pelo Conselho de Transição Nacional (TNC) em Bengazi.

O TNC, um partido de direita e de formação pró-imperialista, protege, acima de tudo, os interesses geoestratégicos das grandes potências dos conglomerados energéticos do Ocidente. Longe de representar “o povo líbio”, o TNC é compostos por forças como antigo ministros do regime Kadafi, forças terroristas islâmicas ligadas a al-Qaeda, ativos da CIA e vários líderes tribais.

Desde o início da guerra, a NPA tem dado argumentos absurdos para justificar a intervenção dos poderes imperialistas na Líbia. Em relação ao TNC, a NPA deu uma coloração ‘revolucionária” ao que de fato é uma reacionária força pró-imperialista.

No dia 1 de Abril a NPA publicou uma noticia sobre um “debate sobre a intervenção na Líbia” dentro do partido. Adotando a posição do imperialismo francês, segundo a qual uma intervenção militar era necessária para proteger a população civil, ela declarou: “Pois Kadafi está pronto para massacrar seu povo, pois ele prometeu um ‘banho de sangue’ e nós sabemos que ele manterá sua palavra se vencer, nós precisamos em primeiro lugar de sua derrota”.

No dia 8 de abril, a NPA publicou um artigo sobre seus colaboradores belgas (Liga Comunista Revolucionária Esquerda - LCR Gauche), intitulado “A guerra imperialista e a contra revolução na Líbia”. e acordo com este artigo, “na Líbia, existem atualmente duas guerras acontecendo: a ofensiva aérea lançada pelos imperialistas por um lado e a guerra liderada por Kadafi contra a insurreição popular.”

De fato, o TNC não representa uma insurreição popular. Ele é um instrumento das forças imperialistas, recebendo apoio aéreo da OTAN e servindo como força terrestre para uma intervenção da OTAN na Líbia. Se isso resultar na queda de Kadafi e eles chegarem ao poder, eles servirão como um regime fantoche que ira colocar a riqueza petrolífera da Líbia à disposição dos imperialistas.

A separação inventada pela NPA entre o bombardeio da OTAN e o TNC é falsa e desonesta. Para defender uma guerra imperialista sob as cores da “esquerda”, a NPA semanalmente critica os bombardeios da OTAN enquanto aplaude as forças que servem como sua infantaria.

Apesar da apresentação enganosa de suas críticas à OTAN, é impossível para a NPA esconder totalmente que essas críticas são as críticas da direita. De acordo com a NPA, a OTAN - que é descrita como uma aliança imperialista - não está fazendo nada para ajudar os rebeldes a combater as forças de Kadafi: “ainda é negado aos rebeldes receber as munições e os armamentos pesados em quantidades suficientes, sem as quais eles terão poucas chances de resistir a uma derrota militar para os bem treinados e equipados soldados do tirano”.

O artigo da LCR-Esquerda até parece desapontado pelo fato dos imperialistas não estarem bombardeando a Líbia o suficiente, escrevendo: “os ataques aéreos da OTAN em favor dos rebeldes é escasso e esparso, e é feito com muita cautela”.

Um partido que tem escrito tais comentários de forma inequívoca se coloca ao lado da reação social, apesar de seus esforços para ter uma imagem de partido de “extrema esquerda”. Tendo advocado a favor de uma intervenção na Líbia, agora compartilha a responsabilidade política com Sarkozy pelos civis massacrados na Líbia, pela OTAN e por seus representantes líbios.

Traduzido para Diário Liberdade por E. R. Saracino


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