A dia 22 de maio haverá eleiçons autárquicas na Galiza. Por este motivo, do Portal contatámos com representantes de diferentes partidos em diversas localidades do país, atendendo ao pluralismo político para testar a releváncia da questom lingüística nos programas eleitorais. Inaugura esta série o representante da Frente Popular Galega por Redondela, Alberto Covelo.
Em quê lugar situas a questom lingüística no vosso programa para estas eleiçons e por quê? Quais som as vossas prioridades?
A candidatura vicinal na qual estamos a trabalhar percebe o tema da língua como central e de vital importância. Redondela é umha câmara municipal que vem sofrendo nas últimas décadas, coma boa parte da nossa naçom, um processo castelhanizador muito intenso, contudo o que isto acarreta; quando perdemos o idioma próprio perdemos o elemento mais forte e sofisticado de coesom da nossa sociedade, o que nos une à nossa memória como povo, à nossa cultura e à própria realidade que nos rodeia.
Assim que para elaborarmos o programa enfrentamos este tema de um modo pragmático, estamos cheios de políticas normalizadoras para a galeria. Nós tentaremos a eficiência e avaliaremos periodicamente os resultados das medidas adoptadas. Fazer um seguimento constante dos resultados atingidos é algo imprescindível para ir corrigindo erros, mas também para lhe ir dando diretamente voz e voto ao povo num problema que é de todos e que entre todos deveremos atalhar.
Apostamos por caminhar para o monolingüismo social em galego e pelo emprego da normativa de concórdia.
Que concelho destacaria como modélico relativamente à política linguística?
Pois é triste ter que dizê-lo, mas certamente poucos. Sim que há experiências aproveitáveis, mas acho que o único caso, quando menos até onde eu sei, que se poderia pôr como exemplar e referencial é o de Burela. A política linguística desta câmara municipal sim deu resultados, tanto na geralizaçom do emprego da língua entre a gente mais nova como na conscientizaçom do povo arredor da importância do idioma, na integraçom da imigraçom através do idioma, etc.
E acho que a chave do sucesso para que umha política normalizadora funcione de verdade, é sermos capazes de tecer umha rede de cumplicidades e colaboraçom que conete os centros de estudo com os centros de lazer, o associacionismo cultural com o vicinal, as instituiçons públicas com o ativismo juvenil, etc., para tirarmos a língua das tribunas e colocarmo-la onde tem que estar: no dia a dia, na escola e no centro de trabalho, na rua e na câmara municipal.
Crê necessário um orçamento próprio para o Serviço de Normalizaçom Linguística (SNL) ou mesmo potenciar umha concelharia? Por quê?
Por suposto que é preciso um orçamento próprio para essa área. Acho que o trabalho tem que ser focado de modo transversal, assim que será imprescindível que o Serviço se coordene com todas as concelharias, elaborando planos estratégicos e campanhas concretas para cada ámbito de trabalho autárquico. Esse será o objetivo que perseguiremos à hora de elaborar o organigrama.
Todos os concelhos devem ter um regulamento/ordenança de normalizaçom linguística?
Homem, é a base sobre a que assenta o resto. É claro que sim. Mas nom chega só com redigir um papel de boas intençons. É preciso dar-lhe para diante para um dia nom o precisar em absoluto.
Na Galiza está a haver umha quebra na transmissom familiar da língua. Que açons e políticas desenvolveriam no plano autárquico neste âmbito nas faixas de idade infantil e juvenil?
O grosso das políticas de potenciaçom e promoçom devem estar orientadas prioritariamente para a juventude, pois o nosso futuro próximo, e nom tam próximo, depende de que agora saibamos sensibilizar a mocidade, fazendo-lhes perceber o importante da nossa cultura, e o importantes que som eles para que no futuro sigamos a ter umha identidade própria, pondo em valor a nossa língua como um referente inquestionável. Desporto, lazer, obradoiros formativos, jogos, contato com as geraçons mais velhas, favorecemento à criaçom de entornos galegofalantes onde os neofalantes ou futuros neofalantes apanhem segurança e confiança,... A vida quotidiana está inundada de idioma, de comunicaçom, assim que a imaginaçom e a criatividade som as melhores ferramentas para achegar o galego aos miúdos.
Qual pensa que som os fatores determinantes para o galego estar a retroceder socialmente (ordene de maior a menor): o ensino, a família, a política institucional, os mass-média/novas tecnologias, outros (assinale quais).
Política institucional, ensino, meios de comunicaçom, a nom aceitaçom da normativa de concórdia por todas e todos, família, novas tecnologias.
Destaque os pontos fortes e fracos da política linguística levada a cabo no seu concelho nos últimos quatro anos.
Penso que na nossa cámara municipal nom se apostou realmente no galego. Apostam até onde é politicamente aproveitável, rendível. Esta é a eiva principal arredor da qual giram as demais. Exemplo disto é que o BNG, partido político histórico na defesa da língua, está a promover em Redondela para a hotelaria umha carta de prato do dia trilíngüe, (inglês, galego, espanhol), e deixa de fora das ajudas económicas para a normalizaçom os locais comerciais que apostam no galego, única e exclusivamente. O PSOE nesta cámara municipal presume de galeguista, por exemplo "festas em galego, nichos em galego", mas depois venhem de Madrid a colocar umha placa pola memória histórica em espanhol, e nom se passa nada.
A maioria dos políticos destas formaçons falam em galego nos plenos e espanhol fora, portanto, a aposta nom é real: é umha pantomima. Levam o galego aos plenos por convençom, nom por conviçom. Ao nom haver umha consciência séria e verdadeira, ao nom existir um objetivo sincero de promoçom linguística indispensável, tudo o que se faz, faz-se sem acreditar e sem lhe dar a importáncia necessária. Nom podemos entusiasmar ninguém se nós nom estivermos entusiasmados.