Encontra-se em Compostela por ocasiom das Segundas Jornadas Galego-Portuguesas de Ediçom Independente, que se desenvolverám entre os dias 14 e 18 de março, organizadas polas editoras Estaleiro e Corsárias na Biblioteca Ángelo Casal. Aproveitamos para falar com ele, embora nom seja a primeira vez que o Rui colabora com o nosso jornal.
Agora que nom há atentados, os jornais portugueses continuam a plagiar os media madrilenos?
Creio que o processo atualmente aberto pola ETA e pola esquerda independentista basca, é o pior pesadelo que Madrid poderia viver, dada a presença de umha verificaçom internacional independente. Por essa razom, a Moncloa seguiu umha estratégia interna e exterior diferenciadas. Para o interior montou um fogo de barragem mediática tentando desvalorizar esta concretizaçom dos seus piores receios. Ou o Estado espanhol se democratiza efetivamente na questom das nacionalidades, ou o seu fundamentalismo nacionalista e negacionista ficará à vista do mundo que quiger ver. No plano exterior, por isso, a estratégia tem sido a de silenciar quanto possível o processo em curso. No caso dos media portugueses o êxito tem sido lamentavelmente quase completo. Fica a perder a informaçom livre e isenta do público português, enquanto o jornalismo português desce, com esta atitude, mais um degrau na espiral da sua incompetência e degradaçom. O importante, porém, é que a concretizaçom deste antigo desejo basco, o olhar internacional sobre a sua situaçom, impedirá, qualquer que venha ser o desfecho do processo, que Madrid poda repetir o que fijo em ocasions anteriores: mentir ao mundo e ser por ele acreditado.
Existe umha opiniom convencional, na imprensa portuguesa, sobre as naçons ibéricas sem Estado, ou será que cada jornal é um mundo? Para a opiniom pública portuguesa, elas (as naçons sem Estado) tenhem direitos como tais?
Essa é umha questom muito profunda, em Portugal. Culturalmente está muito enraizado que o povo português sente a sua independência nacional como um triunfo seu sobre a secular tendência expansionista de Madrid sobre toda a ibéria. Na política corrente e no mundo mediático da espuma dos dias, porém, a solidariedade intergovernamental é a regra. Na consciência popular existe, contodo, umha compreensom indisfarçada, ainda que nom activa, para com as diversas pretensons nacionais na ibéria.
E a Galiza, que imagem projeta em Portugal nesse sentido?
A Galiza surge vulgarmente entendida como "Espanha". Existem porém relaçons económicas diferenciadas entre agentes económicos da Galiza e do Norte de Portugal, formas regionais de cooperaçom em diversos planos, mas sempre com a prudência de, polas partes portuguesas, nunca se formular qualquer reconhecimento de umha existência galega como ente nacional (ou até cultural) próprio. digamos que a Galiza tem, como naçom, umha presença ténue na consciência portuguesa.
A ediçom independente consegue gerar contraopiniom? Em Portugal parece menos desenvolvida que na Galiza, como também outros meios de informaçom alternativos (rádios livres, portais alternativos na Internet...).
Nom existe entendimento entre setores políticos portugueses contestatários para montar umha rede consistente e efetiva no campo da ediçom e da circulaçom de informaçom alternativa em Portugal. Nom existem, por isso, órgaos de informaçom verdadeiramente alternativos, a despeito da subsistência de algumha imprensa partidária de oposiçom que, situada na área genérica das esquerdas, visa mais a coesom de cada grupo partidário do que a produçom de umha informaçom
alternativa útil a quantos dela necessitam. O panorama, nesse sentido, é, em Portugal, desolador e traduz a desarticulaçom generalizada da mobilizaçom social e política no país.
Tirado do Novas da Galiza nº 100