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Nos bastidores, a verdade do conflito colombiano

Bruno Carvalho

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Contra-ataque

Nos bastidores, a verdade do conflito colombiano

Bruno Carvalho - Publicado: Quarta, 09 Março 2011 01:00

Bruno Carvalho

Há cinco anos, chegava ao mundo, através das agências internacionais, a notícia de que 66 guerrilheiros das FARC abandonavam aquela organização comunista colombiana. No meio da parafernália mediática, os ex-combatentes farianos contavam "os horrores da insurgência", explicando que já não havia ética política nas FARC e que estavam à beira do fim.


Para gáudio do Estado, da oligarquia fascista e dos traficantes de droga, montou-se um espectáculo para a televisão. Os 66 guerrilheiros das FARC entregavam as armas à Comissão de Paz sob os disparos das máquinas fotográficas e mostravam-se dispostos a trabalhar pelo fim do conflito.

Como a maioria das notícias que nos chegam da Colômbia, era mentira. O Estado colombiano contratou 66 pessoas, entre desempregados e indigentes, e preparou-os durante um mês. Foi assim que se anunciou a deserção em bloco de 66 guerrilheiros da companhia 'Cacica Gaitana', inventada para o embuste. Toda uma vitória para a propaganda fascista do então presidente Alvaro Uribe Vélez.

Mas esta propaganda não foi muito diferente daquela que foi usada, anos depois, para ilustrar as derrotas militares da guerrilha colombiana. De forma estranha, nos bairros pobres de Bogotá começaram a desaparecer vários jovens, também desempregados e indigentes. Um deles havia sido contactado para uma entrevista de emprego e nunca mais apareceu, contou, na altura, a mãe em pranto.

Todos eles foram assassinados pelo exército colombiano e vestidos com os trajes das FARC. Foram apresentados como troféus e símbolo da vitória da democracia sobre o terrorismo. Mais tarde, descobriu-se a macabra montagem. Cerca de três mil colombianos foram mortos para fazer sorrir a oligarquia e criar no povo a ideia de que as FARC estavam a ser derrotadas.

Contudo, há poucos meses, o próprio Estado colombiano foi obrigado a reconhecer que a guerra na Colômbia mata mais gente que no Afeganistão. As FARC fazem mais vítimas entre os soldados colombianos que a resistência afegã entre os soldados da coligação imperialista. É o resultado de uma luta tão desconhecida como manipulada. Da criação de uma nova estratégia propagandista, com o apoio do Pentágono, em que se passou a tratar as FARC como narco-guerrilha, ao apoio militar dos Estados Unidos e Israel à Colômbia, esta guerra sempre teve dois protagonistas, o Estado e os trabalhadores.

Por muito que se tente fazer passar que é a democracia contra o terrorismo, é difícil acreditar que a Colômbia seja um Estado democrático. A violência da oligarquia contra os trabalhadores, nos anos 40, espoletou a resistência do povo colombiano. Depois do assassinato do candidato progressista Gaitán, os camponeses do sul criaram as FARC e abraçaram a causa do socialismo. Desde então, a oligarquia criou estruturas paramilitares para cometer atrocidades contra sindicalistas, indígenas, comunistas e guerrilheiros. Financiada pela droga, a oligarquia nunca aceitou a proposta das FARC de substituir o cultivo da coca pelo cultivo de produtos legais.

Os mesmos que acusaram o PCP de receber as FARC na Festa do «Avante!» abraçaram durante anos os ditadores do Egipto, da Tunísia e de Israel. E se para muitos Israel é a única democracia do Médio Oriente, podemos dizer que há uma democracia homóloga na América Latina. Uma democracia que prende, tortura e massacra. Felizmente, tanto em Israel como na Colômbia, há quem resista e enfrente o verdadeiro terrorismo. Esses são os imprescindíveis. Porque a verdade, essa, vive-se nos bastidores.


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