Para compreender os interesses imperialistas na Líbia, é importante lembrar que o país norte africano é um dos maiores produtores e exportadores de petróleo e gás do mundo, e que recentemente foram descobertas novas e importante reservas. Segundo a constituição Líbia, a propriedade desses recursos é publica, uma medida para impedir o saque por parte da indústria petrolífera, como costuma ocorrer em outros lugares do planeta, e que, também, tem garantido que a Líbia ocupe o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da África.
O roteiro escrito por Washington para desestabilizar o governo de Kadafi na Líbia é muito semelhante aos recentes processos de ingerência, travestidos de revoltas populares, na Tunísia e Egito, e alguns elementos diferentes, já utilizados em outros cenários.
De um lado, a exemplo da Tunísia e do Egito, nos deparamos com protestos organizados pela Internet, via Facebook e Twitter; as denuncias de ONG’s como Human Rights Watch ou Anistia Internacional (cuja assessoria é do globalista Zbigniew Brzezinski) de violação dos direitos humanos exclusivamente por parte das forças governamentais; o apoio incondicional dos meios de comunicação ocidentais davam aos manifestantes antigovernistas e a demonização dos governantes; o desejo dos governantes do Ocidente de que os governos atendam às demandas dos manifestantes, especialmente dos grupos pró ocidente.
Por outro lado, na Líbia, devido ao maior apoio da população a seu governo e sistema político e à impossibilidade deste ser derrubado diante de revoltas sem matizes, tomam forma uma série de estratégias mais complexas, já colocadas em prática em outros lugares.
Como primeiro passo, o Pentágono havia fechado ou limitado ostensivamente o acesso à Internet para acusar falsamente o governo líbio de censura; além disso, impedir que se comprove que a adesão ao movimento “anti-Kadafi” é baixa e, principalmente, para impor a versão dada pelos meios de comunicação ocidental, já que, assim, não se existiria testemunhos que refutassem tais versões.
Limitado o acesso à internet, os meios de comunicação teriam orquestrado uma farsa midiática consistente, forjando um falso genocídio de manifestantes pacíficos (um pacifismo um tanto quanto estranho, uma vez que se contam às dezenas o número de policiais enforcados).
Colocando como confiável a rede Al-Jazeera, ferramenta das multinacionais capitalistas no mundo árabe, os meios de comunicação ocidentais estão noticiando a morte de centenas de manifestantes opositores de Gadafi em consequência dos bombardeios aéreos, versão que não tem nenhuma prova gráfica e cuja justificativa para tal é o já citado corte à Internet e da proibição da entrada de jornalistas das grandes empresas de comunicação, apesar de a fronteira com o Egito estar aberta. A única prova que a mídia ocidental apresenta é a aterrissagem, em Malta, de dois caças líbios, quem, segundo os mesmos meios de comunicação, teriam solicitado permissão de aterrissagem na ilha mediterrânea (uma verdadeira base militar imperial no Oriente Médio), após se recusar a reprimir os manifestantes opositores. Uma estranha forma de repressão: caças bombardeiros para reprimir manifestações. Nunca se viu!
Este caso dos pilotos “exilados” é muito parecido com a farsa dos atletas cubanos “exilados” que, depois de terem sido subornados por quantias milionárias, disseram que pediram asilo político ao país ao que tinham viajado com a seleção cubana por razões puramente ideológicas. A partir disso, as corporações midiáticas capitalistas empreenderam uma campanha em defesa dos direitos humanos e contra a ilha caribenha. É significativo, no caso das manifestações na Líbia, a aterrissagem dos caças em Malta, um histórico reduto do imperialismo no mediterrâneo.
Esta farsa absurda, também tida como verdadeira por alguns dos mais importantes meios de contra informação supostamente anti-imperialistas, teria o objetivo de aumentar a pressão internacional contra a Líbia. Uma pressão que será ainda maior graças à chegada ao poder, na Tunísia e no Egito, de governantes que se simpatizam mais com o ocidente que seus antecessores.
No momento, o antidemocrático Conselho de Segurança da ONU, dominado pelas grandes potencias imperialistas, já emitiu uma resolução condenando o atual governo da Líbia e dando sinal de uma possível “ajuda internacional” aos opositores.
Assistiremos a uma nova ação criminal de ajuda humanitária por parte da ONU, como ocorreu na Iugoslávia e no Afeganistão?
Traduzido para Diário Liberdade por Bruno Baader