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Mais uma vez, uma revolução que os 'internacionalistas' não viram

300111_moubarakPCO - A esquerda que se diz "revolucionária", "socialista" e até mesmo "trotskista" no Brasil é incapaz de enxergar uma revolução mesmo quando esta acontece diante de seus olhos.


Abrimos com este artigo um parêntese para explicar algumas questões relacionadas à compreensão do que é a revolução na Tunísia e da sua importância para o movimento revolucionário no nosso País. Pretendemos aqui desmistificar os pequeno burgueses "revolucionários internacionalistas" idealistas, subjetivistas que, por não terem a mais remota idéia do que seja uma revolução, passam a acreditar que esta não existe e, ao abolir a revolução de seu vocabulário, procuram eliminá-la também do mundo real.

A reação da esquerda pequeno burguesa - na medida em que houve alguma - diante dos acontecimentos que levaram à queda do ditador Zine el-Abidine Ben Ali na Tunísia é uma demonstração do seu fracasso enquanto organizações que se pretendem "revolucionárias" e "internacionalistas", ou seja, "trotskistas".

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar o silêncio com que essas pretensas organizações "revolucionárias" receberam as manifestações de massa, o conflito de trabalhadores e estudantes com a polícia e o exército nas ruas e a derrubada de Ben Ali. Durante dias após a queda do ex-ditador, não se encontrou uma única linha em suas páginas na Internet - uma vez que são virtualmente incapazes de publicarem um verdadeiro jornal impresso - sobre os fatos, muito menos qualquer análise sobre sua importância.

O seu "internacionalismo" consiste em montar, na Internet, grupos inoperantes, que não participam da luta de classes em seus próprios países.

Para as organizações da esquerda pequeno-burguesa, os acontecimentos internacionais não têm importância alguma, principalmente as revoluções. Passam desapercebidos porque o nível intelectual e teórico dos pretensos "socialistas" e "internacionalistas" é baixíssimo e não dá conta de explicar algo infinitamente mais importante e profundo do que as suas próprias e diminutas ações e iniciativas.

Trata-se de uma variante daquilo que o grande dirigente revolucionário Leon Trótski afirmou sobre como a burguesia e as demais classes sociais prejudicadas pela revolução reagem ao seu aparecimento. Em sua magistral História da Revolução Russa, no capítulo "Quem dirigiu a Revolução de Fevereiro?", Trótski analisa esta questão: "Os advogados e jornalistas pertencentes às classes prejudicadas pela revolução gastaram um volume considerável de tinta em seguida a ela tentando provar que o que aconteceu em fevereiro foi essencialmente uma rebelião de casaca, apoiada em seguida por um motim de soldados, que foi confundida com uma revolução. Luís XVI, no seu tempo, também tentou pensar que a tomada da Bastilha foi uma rebelião, mas eles explicaram respeitosamente para ele que aquilo tinha sido uma revolução. Aqueles que são derrotados por uma revolução raramente se inclinam a chamá-la pelo seu verdadeiro nome. Este nome, apesar dos esforços de reacionários despresíveis, está cercado por um halo de libertação de todos os grilhões e preconceitos na memória histórica da humanidade. As classes privilegiadas de todas as épocas, bem como seus lacaios, sempre tentaram declarar que as revoluções que as derrubram, em contraste com as revoluções anteriores, eram um motim, uma rebelião, uma revolta da ralé. As classes que sobreviveram a si mesmas não se distinguiram por sua originalidade".

Entre as organizações da esquerda pequeno-burguesa há ainda aquelas que não acreditam que possa existir uma revolução sem que haja um partido revolucionário para liderá-la, ou ainda, e mais absurdo, sem que esta siga um roteiro previamente determinado, uma verdadeira receita de sábios generais sem exército para o sucesso das "revoltas", "rebeliões" e "motins" da ralé. Não é à toa que a revolução que eclodiu há duas semanas na Tunísia, e que vem influenciando e fazendo com que as massas dos demais países árabes no Norte da África e no Oriente Médio também se levantem, não causou qualquer efeito sobre nossos "internacionalistas" tupiniquins. Os "perigosos revolucionários" pequeno-burgueses não enxergam a etapa de luta revolucionária das massas que se abriu em todo o mundo árabe porque são descrentes da própria idéia de que uma revolução seja possível se esta não ocorrer de acordo com seus planos e idéias mirabolantes sobre o que deveria ser uma revolução.

É preciso tirar as conclusões corretas deste movimento espontâneo das massas operárias no Magreb e preparar a luta consciente por um governo operário e camponês, contra a política de colaboração de classes expressa em todas as variantes de governos de frente popular e do nacionalismo burguês. O fato de que somente um verdadeiro partido operário, revolucionário e comunista possa levar esta revolução à sua vitória completa contra o decadente regime político da burguesia, no entanto, não impede que a própria revolução aconteça.

Para a vanguarda da classe operária brasileira, para o conjunto dos trabalhadores de todo o mundo, é de extrema importância acompanhar cada passo dado pelos trabalhadores e estudantes na Tunísia, no Egito e nos demais países árabes convulsionados a partir da derrubada de Ben Ali.


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