O jornal que já está disponível em papel e será distribuido maciçamente o próximo 1º de maio nas mobilizaçons do sindicalismo nacional e de clase, já pode ser consultado em formato de fácil leitura no nosso web.
Reproduzimos integramente a editorial de este novo número
Sem casa, sem aforros, sem trabalho... sem medo
Os patrons pretendem que perdamos todo o que tivemos sem rosmar um laído. Desde que o capitalismo entrou em crise a nível mundial na década passada, o medo foi-se instalando nas consciências das trabalhadoras e trabalhadores. Medo ao desemprego, medo a perder a casa, medo à miséria na que vemos cair cada dia às nossas irmás e irmaos de classe. Dixérom-nos que devíamos aguardar tempos melhores e que era inevitável que isto acontecesse, que a culpa era nossa por termos vivido por cima das nossas possibilidades. Também nos dixérom que tínhamos que apertar o cinto e submetérom-nos a umha reforma laboral permanente. Perdemos nuns poucos anos o que se ganhara com décadas de tenaz luita obreira, mas assegurárom que era necessário para sair da crise. Quando já estávamos na ruína, botárom-nos das nossas casas e ficárom com todo o que tínhamos, mas insatisfeitos ainda depois de nos ter roubado até o último céntimo, desmantelárom caixas de aforro, empresas públicas e instituiçons. Sem sair do nosso assombro, vimos como eram indultados e perdoados. Explicárom-nos que era a história de sempre e nada se podia fazer. Alguns e algumhas de nós protestárom, saírom para a rua e mostrárom a sua raiva. Fôrom detidas, espancadas, processadas, sancionadas, torturadas e encarceradas; fôrom acusadas de violência, de subverter a ordem, de questionar o que nom se pode questionar. E outra vez o medo; a ser o seguinte, a perdé-lo todo, às consequências de nos negar a obedecer.
Mas isto já nom dá para mais, Espanha e o capitalismo estám a fazer que as trabalhadoras e trabalhadores da nossa Pátria toquemos o fundo. A cada passo temos menos que perder e mais motivos para luitar. Se servírom para algo os duros anos passados foi para demonstrar dumha vez e para sempre que a avareza da burguesia nom tem limites, que se o permitimos acabarám por nos enterrar na miséria mais absoluta para engrossar os seus escandalosos balanços anuais, que acabarám destrozando os nossos recursos naturais, como tentam fazer agora com o nosso subsolo, para benefício seu e do seu projeto imperialista. Por isso hoje sabemos que nom há mais saída que acabar com eles, derrotá-los e conquistar o poder para a maioria obreira, acabar por fim com a exploraçom, com a opressom e a dominaçom à que nos submetérom, emancipar-nos e libertar a nossa naçom, pois só numha Galiza soberana, socialista e feminista poderemos enfrentar o nosso futuro agora negado. Os temores e as dúvidas que nos paralisavam acabárom quando compreendemos que os únicos culpáveis da nossa ruína atual som os empresários, banqueiros e negociantes que se apropriárom do fruto do nosso trabalho. Agora vemos o rosto do inimigo nos políticos corruptos e desprezáveis que legislam para legalizar este expólio; nos juizes mercenários que condenam às nossas companheiras e companheiros enquanto absolvem aos criminosos burgueses; nos polícias que descarregam sobre nós a violência da classe dominante; no espanholismo mas rançoso apoiado pola sua caverna mediática e manipuladora.
Mas ainda nos falta um caminho por percorrer antes de que podamos desfazer-nos da crueldade do capitalismo espanhol e a sua ofensiva patriarcal e construir umha nova sociedade entregada à liberdade e à felicidade de todas e todos. Esse caminho, o caminho da revoluçom, exige que avancemos unidas e unidos como classe, como mulheres e como naçom.
O 1 de Maio de 1886, as obreiras e obreiros de Chicago iniciárom umha greve indefinida para reclamar a jornada de 8 horas. Durante dias mobilizárom-se, pegárom nas armas e atacárom a polícia e os fura-greves. Muitos daqueles heróis da classe obreira caírom sob as balas da polícia ou fôrom torturados, mas nesse mesmo ano a jornada de 8 horas foi reconhecida para centenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores.
É assim como se transforma a realidade, é assim como a nossa classe conseguiu o que agora nos tentam roubar. No Vigo de 2013, como no Chicago de 1886, temos que passar à ofensiva sem demora e atacar com contundência os patrons. A nossa história escrevemo-la nós.