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141214 andreaGaliza - PGL - «Tenho umha professora que nos educa para pensar e nom para obedecer; pedim-lhe conselho e decidim começar a empregar o galego-português»


Existe umha imagem, tópica como muitas imagens, de que as pessoas da vossa idade nom se interessam por questões de índole social. Sodes umha exceçom?

A imagem tópica sim que existe. E eu creio que isto começa desde que somos crianças e nos inculcam através da sociedade, publicidade,... que temos que cuidar o nosso aspeto físico, (e as pessoas passam a converter-se em seres planos sem evoluções, com poucas inquietudes, curiosidades), e nom se fomenta o desenvolvimento pessoal, nom se fomenta o interesse por temas sociais, políticos... O único que parece importante é que sejas submissa, estejas magra, vaias todos os domingos à missa e busques um homem que te mantenha toda a vida mentres tu te encarregas do labor do lar e dos nenos. Sim, pode-se dizer que somos umha exceçom, mas, nom deveríamos sê-lo porque nom deveria existir tal tópico, nom deveria acontecer o que ocorre.

Como é a fotografia lingüística de umha turma de secundário em Arçua? Que línguas som usadas e quando som usadas, tanto dentro como fora das aulas?

Em secundário creio que há um consenso sobre o galego. As pessoas nom se envergonham da sua língua e da sua cultura e temos a sorte de que a maioria do professorado dá suas aulas em galego e com um léxico cuidado. Mas o galego da maior parte dos estudantes está castelhanizado e nem nós mesmos nos damos conta. É incrível a quantidade de erros cometidos mesmo cuidando o léxico. A língua que se emprega, tanto dentro como fora das aulas, é o galego. A exceçom de algumha matéria concreta, como a física e a química que é obrigatória lecioná-la em castelhano. Gostaria-me saber o porquê mas quando perguntei dixérom-me que era umha lei e que as leis estám para ser acatadas. Esta é a educaçom de agora. Nom preparar-nos para pensar por nós mesmos, senom preparar-nos para acatar ordens, cumprir leis ainda que ataquem a nossa integridade como mulheres/homens e a nossa cultura, tradiçom, etc. dá igual. Há que acatar umha lei porque assim o quer o governo. Isso é o que se busca com as reformas ao ensino público,...

Outra imagem tópica revela que quando umha pessoa galego-falante conversa com umha castelhano-falante, de umha cidade por exemplo, acaba por renunciar a usar a sua língua. É mesmo assim?

Sim, por desgraça isto ocorre. E nom tenho que ir muito longe para confirmá-lo. Eu mesma tinha a língua galega como umha língua inferior e se ia a umha cidade e me atendiam, sem dar-me conta, estava pedindo em castelhano. O mesmo na administraçom. E isto acontece com muitos galegos. Continua em nós essa perceçom de inferioridade como povo e essa inferioridade com a nossa língua. E atualmente continua-se a olhar o galego como língua de incultos, de gente sem formar, tanto na Galiza como fora. O castelhano oprime, de forma clara e direta o galego.

Para ti, a língua galega nom acaba na Galiza sendo compartilhada por outras sociedades como a brasileira ou a portuguesa. Como chegaste a essa forma de ver e de viver a língua com umha focagem reintegracionista?

Por que deste o passo à escrita em reintegrado? Eu conhecim a existência de tal corrente através de pessoas que a empregavam, e a curiosidade levou-me a investigar, a ler, a informar-me. Depois de este processo, comecei a dar-lhe muitas voltas ao assunto. A reflexionar sobre o galego como língua, a Galiza e os/as galegos/as. Andei a pensar muito nisso e tomei umha decisom. Porque eu, como pessoa, tenho capacidade para ver as injustiças e nom aceitá-las, atuar em contra delas, porque entendo que pode existir outra situaçom. Assim que como tenho a sorte de ter umha professora que nos educa para pensar e nom para obedecer, comentei-lhe as minhas reflexões e pedim-lhe conselho. Depois disso decidim começar a empregar o galego-português. O mais básico de tudo aprendim-no quando estava documentando-me e entrei na página de Agal e vim um pouco como era a escrita. Depois praticando ao falar com umha pessoa que a empregava, lendo um livro de Agal, que é 'Quando o sol arde na noite' que encontrei na biblioteca Rosalía de Castro de Arçua e por último, e mais importante, através de um livro (Do Ñ para o NH – Valentim Fagim) que me prestou a professora anteriormente mencionada, Maca.

Que seria preciso para haverem mais companheiros e companheiras com essa vivência?

Gostaria-me saber isto mas nom o sei. Porque umha vez, com o espírito de compartir descobertas, de conscienciar as pessoas sobre as injustiças cometidas no mundo, comentei o tema do reintegracionismo. A primeira resposta foi "Parece-me bem mas eu som galega e quero falar galego" assim que a raiz disso dei umha longa explicaçom sobre esta corrente, sobre o galego e demais. E nom houvo resposta. Assim que nom sei que fai falta, se madurez, se vontade de mudar o mundo, se é cousa de nom querer ser um ser passivo e ser umha pessoa de açom,... realmente nom o sei.

Que dirias a alguém que vive o galego como sendo só a língua da Galiza?

Que o galego isolacionista está cada vez mais influenciado polo castelhano e que o mais provável é que acabe por desaparecer e se funda no castelhano. Ademais de que o português é umha língua muito mais próxima à nossa, que nos compreende melhor, que partilhamos mais com essa língua que com o castelhano. Que um dia o galego e o português fôrom umha única língua mas que evoluirom de maneira distinta e o galego foi e continua a ser reprimido polo castelhano, criando esse sentimento de inferioridade nos galegos e galegas. Que nom tentem mudar as suas raízes, o que eles som, e que depois de que o galego sobrevivera graças às famílias da classe baixa que o falavam entre si, seria horrível que desaparecesse agora. Que desaparecendo o galego, desaparece algo mais que umha língua, desaparece um povo, um sentimento, umha cultura, tradições, umha forma de ver a vida, e perde-se tudo polo que se luitou.

 


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