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030813 roi2Galiza - PGL - «No instituto educavam-nos na normativa de mínimos ou de encontro, o que despertou o meu interesse por ver com que havia que encontrar-se».


Roi Vilela é engenheiro, pertence a um clam galeguista numeroso e brioso. A letra Q ajudou-o na sua tomada de consciência reintegracionista, fijo o seletivo em galego-português e acha que a AGAL é melhor que um grupo de terapia.

Roi Vilela é irmao do Bruno e do Bernal, sendo os três sócios da AGAL e já entrevistados nesta secçom. Haveria que somar ainda mais membros do clam, como Joám Facal, Camilo e Alba Nogueira. Que implica nascer numa família extensa tam virada para a Galiza?

De criança pensas que os diferentes som eles (“mamá, na escola ao leite chamam-lhe leche”) e depois no ambiente urbano onde nos criamos- constatas que estás em minoria, mas do lado dos “bons”, que sempre reconforta.  Suponho que nom só pola língua, mas guardo um recordo de um mundo azul em galego -com a família, os veraos na aldeia...- e outro mais cinzento (com algum caso de “bullying” por falar galego) na escola; nalgum momento passei a falar castelhano fora da casa e sem dúvida fôrom as crenças e as atitudes que via nos meus maiores as que me levárom a “regressar” ao galego ao pouco de começar o instituto.

Que lembras desses anos?

Lembro o muito que me custou voltar ao monoliguismo (para o meu assombro já que nunca deixara de falar galego), mas também o gratificante que era a reafirmaçom e o gosto de ver quanta gente -inesperada- respondia na tua língua quando te diriges a eles em galego.

Como foi a tua passagem para o galego-português? Que facilitou o percurso?

No instituto educavam-nos na normativa de mínimos ou de encontro, o que despertou o meu interesse por ver com que havia que encontrar-se.  Eu gosto de crer que caim da burra um dia que a professora, explicando o alfabeto, nos dixo “ ...e esta letra (q) é o que, que eu o cu nom o ensino na escola”, mas o determinante foi um manual de J.M. Montero Santalha que me ofereceu meu tio Joám e continha um argumentário definitivo junto de exemplos práticos para mudar a escrita sem atrapalhar-se. Também os companheiros dos “Colectivos da Mocidade de Esquerda Galega” da Corunha, os discos de José Afonso e cair na conta do fácil que era de repente ler em português.

No seletivo fizeste os exames em galego-português, para arrepio da tua mãe, costume que continuaste na Universidade. Deu para histórias interessantes?

Levava já todo o ano escrevendo em galego-português e depois de ter sido “iluminado” nom podia mudar por medo -nem próprio nem dos meus pais- e foi bem (boas qualificações nas matérias mais trabalhadas, nom tanto nas que prepara menos e devim dar com um reintegrata a corregir o meu exame de língua porque me deu um 10, e com certeza nom seria para tanto: companheiros, a discriminaçom positiva também existe para nós!).

Na universidade continuei a fazer sofrer os professores de fora -com algum mesmo cheguei a discutir sobre etimologia- mas a maioria optavam por nom encerelhar-se comigo em discusons; serviu também para deixar para a posteridade um monte de apontamentos -limpinhos e com boa letra- acugulados de lh/nh que me consta que ainda circulárom alguns anos.  Realmente, nom podo dizer que na Universidade tivesse nenhum problema pola grafia, apesar de, em toda a carreira, só tiver um professor que lecionasse  em galego (umha quadrimestral, que país!).

Já no trabalho, numha transacional do peixe com fábricas e barcos por todo o mundo, voltei à normativa de mínimos com a exceçom de quando escrevia a companheiros do grupo que trabalhavam a sul do Minho.  Algum deles dixo-me depois que, nos anos que levava na companhia, nunca ninguém da matriz (da Galiza) lhe tinha escrito antes em português, que manda nabo!.

Sentes paixão pola música, a leitura e o cinema. Em que ordem?

Até ter filhos era mais de música -inclusive de ir a vários concertos por semana (eram -umha outra vez- os anos bons de Vigo), mas agora é mais cousa de apampar com algum filme ou série diante da tele aproveitando -ehem- as facilidades que dá a Internet para ver cousas diferentes.  Desfruto muito com os três, mas com menos tempo que antes.

Por onde achas que deve caminhar o reintegracionismo para progredir socialmente?

Eu creio que vamos no bom caminho: deve fazer-se visível sem tentar impor-se, salientar que mudar a grafia nom implica fazê-lo com a forma de falar, que em todos os idiomas há distintas variedades ou sotaques e isso nada mais é o que nos diferencia dos brasileiros ou portugueses, do mesmo modo que nom é o mesmo o castelhano de Jaén que o de Buenos Aires, ou o inglês dos escoceses e o dos ianques.  As pessoas têm que saber que é umha opçom para somar, que abre portas a outras sociedades, a outras culturas (a mais possibilidades de trabalho...).

Que visão tinhas da AGAL? Por que te tornaste sócio e que esperas da associação?

Vejo-vos/nos como o referente reintegracionista de sempre e seguramente o que deveria perguntar-me é porque tardei tanto em fazer-me sócio.  O que me acabou de animar é que percebo, ademais de muito trabalho, alegria pola vida!  Sodes melhores que um grupo de terapia, fazedes os cantos mais divertidos e as melhores encenações, e penso que as cousas sérias entram melhor contadas com graça (se o “cliente” é o povo galego, ajuda que nos tenham simpatia/empatia).

Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2020?

Com mais galegos usando a língua de cotio, com a possibilidade de desenvolver com normalidade qualquer atividade em galego e sem que os castelhano-falantes nos mirem raro.

Conhecendo Roi

  • Um sítio web: depende do dia...imprensa generalista, o blog do Pereiro... e com certeza o do meu curmao Iago: http://bailarsobrearquitectura.wordpress.com/
  • Um invento: a música (ou os reprodutores de música que a achegam a nós).
  • Umha música: o Wicked de Jeff Dahl acelera o pulso a qualquer um.
  • Um livro: Eu sou de novela mas não é fácil... desfrutei muito com A saga/fuga de JB do Torrente Ballester -tinha pinta de calhamaço e é surrealista, mesmo pop-.
  • Um facto histórico: As mobilizações contra os verteduras na Fossa Atlântica, era um neno mas recordo-o como algo Transcendente.
  • Um prato na mesa:para o inverno um bife com pataca cozida e grelos, no verao peixe frito e salada (se é o côngrio em farinha de milho do tio Ramom, melhor).
  • Um desporto: o que mais pratiquei é a nataçom (os vícios solitários som mais doados de manter no tempo), mas com os filhos toca mais futebol ou brilé (jogo do mata).
  • Um filme: Johnny Guitar, ademais de ser um grande filme, sendo esquerdeiro encantara-me aquilo de “nunca dês a mao a um tirador canhoto”
  • Umha maravilha:Toba e o seu contorno (a família, a Costa da Morte, o Pindo...).
  • Além de galego/a: de esquerdas!

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