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ferrinGaliza - Diário Liberdade - [Rodrigo Moura] Existem momentos históricos em que as instituições políticas e sociais sofrem uma transformação tão profunda que as diversas práticas sociais e culturais têm necessariamente que acusar o seu impacto. 


O avanço do fascismo em 1936 e os três anos de guerra civil foram um desses momentos, posto que provocaram um ruptura histórica de graves repercursões na cultura galega e, na verdade, no desenvolvimento de seu sitema literário, até então fragmentado. Desta forma, a repressão contra as culturas ditas periféricas determinou que a literatura galega do pós-guerra tivesse que buscar abrigo no exílio cujo entusiasmo voluntarista de muitos garantiu a sua continuidade numas circunstâncias bem precárias.

Na Galiza, pode-se observar um renascer literário que tiveram grande ajuda das Irmandades da Fala e do Grupo Nós que viu-se subitamente destruído e teve de esperar até 1951 para uma nova publicação em galego com A gente da barreira de Ricardo Carvalho Caleiro.

No início da década de 1950 começam a aparecer tímidos sinais de uma mudança, sobretudo com a fundação do Editorial Galáxia. Será justamente este Editorial em que se publica, pela primeira vez, a obra de Ángelo Fole, À luz do candil.

Este processo de reconstrução geral vai inaugurar-se de um jeito semelhante ao que acontecera com a novela de Carvalho Caleiro, ignorando métodos mais modernos como fizeram os rapazes da Geração Nós. Percebe-se logo que a narrativa galega teve um processo difícil de reconstrução e que lentamente foi ocupando espaço e ganhando público leitor. Sendo assim, novos gêneros surgiram ou foram (re)elaborados tais como a literatura infanto-juvenil e as literaturas de cunho fantástico e maravilhoso.

Nesse sentido, Eduardo Branco-Amor demonstra ser um grande novelista com um conjunto de narrativas realistas que problematizam a sociedade galega em vários aspectos. Os bisbardos, obra publicada em 1962 representa uma magnífica coleção de relatos cujo pano de fundo é a cidade de Ourense e retrata lembranças da infância.

Já com as novelas de Neira Vilas ocorre algo semelhante ao que acontece com Castelão, a sua estrutura narrativa que parece compor peças de um mosaico, dotada de unidades e de uma independência temática e de composição que se aproxima funcionalmente à estrutura do relato breve. Logo, é importante citar a obra Memórias de um neno labrego que, mais uma vez, se utiliza do recurso da memória como componente indispensável para se comprender a identidade galega.

E chegamos assim ao outro ponto da história da narrativa galega. Firmemente assentados e já com as bases do processo de resconstrução do gênero bem estabelecidas. O objetivo prioritário do movimento conhecido como Nova Narrativa Galega foi de o de romper com estruturas do passado e dar à literatura galega um caráter mais cosmopolita abordando temas mais urbanos e problematizando a sociedade atual, quebrando profundamente com o ideário galeguista do início do século XX que buscava no ruralismo a melhor forma de salvar a literatura e a cultura galega.

Praticamente todos os autores da Nova Narrativa Galega cultivaram o relato, entretanto fizeram isso de forma radicalmente inovador. Agora criando mundos imaginários, habitados por seres que se movem por impulsos à margem da lógixa e da razão, mundos governados pelo absurdo, pelo sonho em que impera, de certa forma, uma incomunicação e uma violência como códigos de uma socialização.

Assim, na década de 1970 abre-se um período de intensa confirmação do processo de modernização e construção do cânone galego. Escritores como Carlos Casares e José Luís Mendes Ferrim provocam um repensar do discurso galego, abrindo espaço para novas concepções de gênero e novas abordagens temáticos. No caso de Ferrín, autor engajado, sua obra contribuiu para elucidar os horrores da ditadura de Franco e suas consequências para identidade galega. Dentro desse paradigma, a literatura galega entra num momento de fortificação de suas obras, sobretudo com a tradução de muitas delas para outros idiomas e com sua relação com o cinema e outros manifestações artísticas.

Rodrigo Moura é mestrando da UERJ


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