1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (3 Votos)

120515 cartazesGaliza - Primeira Linha - Recentemente, Primeira Linha, partido independentista, marxista-leninista galego realizou o seu 6º Congresso em Compostela, renovando o seu compromisso histórico pola independência e polo comunismo, para a futura República Galega.


Amig@s de Euskal Herria, mas amig@s dos de verdade, desde há anos e em qualquer situaçom, ao invés doutras amizades recentes na Galiza, que até há poucos anos faziam parte do coro inquisitorial que condenava todo que houvesse que condenar, PL e NÓS-Unidade Popular estivérom ao lado do independentismo revolucionário basco, mesmo nos piores momentos, comportando-se com a ética e compromisso mínimos que devem ser exigidos a qualquer comunista.

Boltxe mantivemos umha conversa com umha representaçom do Comité Central de Primeira Linha, para que nos falem do Congresso, dos seus planos de futuro e de como veem a situaçom atual na Galiza, Euskal Herria e no mundo.

B- Em primeiro lugar, vós mesm@s reconhecestes publicamente que este congresso vem após uns convulsos meses de friçons internas que desembocárom numha cisom. Poderíades comentar um pouco que razons políticas havia atrás desses movimentos e que tornárom impossível a sua resoluçom?

PL- Sabemos que é pouco habitual nestes casos fazer umha verdadeira autocrítica pública, pois o mais fácil é limitar-se a culpabilizar quem abandonou o barco polos problemas reais existentes no seu interior. Porém, nós admitimos, com total sinceridade, que a crise que se desenvolveu no nosso partido no ano 2014, culminando com o abandono coletivo de um setor do Comité Central e de várias comarcas do sul da Galiza, foi umha mostra das próprias carências arrastadas durante o processo de construçom do partido, iniciado em 1996 e que hoje continua.

Se analisarmos os motivos concretos, colocados numha Conferência Nacional decorrida a 30 de novembro de 2014 para tentar reconduzir a situaçom de crise, veremos que o setor “crítico” questionava os princípios da organizaçom comunista, concretamente o centralismo democrático. Porém, essas causas concretas eram só a expressom das grandes carências da nossa militáncia e de um modelo que nom fomentou suficientemente a formaçom, a autonomia e a capacidade crítica de cada um e cada umha de nós.

A isso devemos acrescentar a situaçom de crise geral que na Galiza vive a esquerda nacional, que por sua vez remete tanto para o avançado estado de espanholizaçom do nosso país, como para a ofensiva capitalista, que deixou nockeada a maior parte da esquerda europeia.

A nossa abordagem da crise é, portanto, multifacetada, e continuou depois da Conferência Nacional de novembro de 2014 até abril de 2015, quando culminou o 6º Congresso Nacional do nosso partido. Aí analisamos a necessidade de mudar todo o que deva ser mudado no nosso trabalho político. Os princípios que nos trouxerom até aqui mantenhem-se, mas iniciamos umha nova etapa em que devemos retificar para avançar em direçom aos objetivos revolucionários que dam sentido ao nosso projeto político.

B- Nesse sentido, pensades que este congresso encerra estes meses problemáticos?

PL- Seria fácil responder que a crise acabou, mas deverá ser a prática que confirme que isso é assim e ainda é cedo para fazermos umha declaraçom dessas. Nestes meses, tem havido umha abordagem a fundo, um debate e umha profunda autocrítica, assim como umha incorporaçom de novas e novos camaradas ao Comité Central, que permitam umha renovaçom progressiva e ordenada.

Criamos um novo organismo dedicado à autoformaçom para tentar dar conteúdo à autoconsciência e à autonomia militante. O organismo já começou a sua atividade formativa, dirigida ao conjunto da militáncia e a outros setores avançados do movimento popular.

Porém, insistimos, será a prática a que ratifique ou refute a adequaçom dessas e doutras medidas aprovadas, e nom as declaraçons de intençons. A prática mostrará nom só se se produziu a saída dessa crise, mas também a superaçom coletiva das contradiçons no interior do partido e, principalmente, a viabilidade histórica do mesmo.

B- Em qualquer caso, reafirmades os vossos princípios ideológicos e seguides apostando na independência nacional galega e na via insurreccional para construir o Estado socialista…

PL- Nengum desses princípios foi questionado, nem sequer polo grupo que abandonou o partido. Porém, um projeto revolucionário nom se alimenta só de princípios. Deve também articular o movimento popular capaz de protagonizar o processo que conduza à vitória. Deve construir a organizaçom de vanguarda que, nascida do próprio movimento de massas e hegemonizada polo proletariado consciente, situe e atinja os objetivos táticos adequados a cada etapa…

A complexidade do processo excede em muito o puro ativismo. É preciso fazer leituras acertadas da realidade e ligar a prática política nom só com a teoria, mas também com as aspiraçons do povo. Devemos aprender do próprio processo de transformaçom da realidade, e todo isso sem perder o rumo, o horizonte estratégico, que passa polos princípios que sintetizamos na conquista da Revoluçom Galega. Eis a dimensom do desafio histórico que, como comunistas e como galegos/as, enfrentamos.

B- De Euskal Herria percebem-se movimentos no soberanismo galego difíceis de entender para quem nom vive no vosso país e nom conhece de perto a política galega. Como caraterizades esses movimentos e como pensades que deveria reconfigurar-se o independentismo revolucionário galego?

PL- Como dizíamos antes, a situaçom de incapacidade da esquerda, diante de umha ofensiva capitalista de grandes dimensons e em plena crise generalizada do sistema, é um fenómeno de alcance nacional e internacional. Na Galiza, toda a esquerda (a sindical, a política, a social…) se mostra incapaz de fazer frente a essa ofensiva. As eleiçons deixam em evidência que nem sequer se dam articulado respostas unitárias e de um certo alcance quanto aos objetivos emancipadores, o que passaria por assumir que o capitalismo nom pode ser humanizado nem o Estado de Bem-Estar pré-2008 vai voltar.

O difuso “cidadanismo”, novo rosto do velho reformismo, impregna a imensa maioria de forças e ativistas, nalguns casos sinceramente empenhados na luita social, mas desorientados pola falta de umha força revolucionária que catalise o grande descontentamento existente.

Pola nossa parte, somos autocríticos/as na parte que nos toca pola palpável incapacidade de contribuir para a construçom dessa ferramenta transformadora, revolucionária, hoje mais necessária do que nunca. A nossa proposta atual, dirigida ao conjunto de forças políticas e sociais da esquerda nacional é clara: a construçom de um Pólo Patriótico Rupturista que abra umha nova etapa na luita contra a crise, o que para nós equivale à luita contra o capitalismo.

Frente ao capital monopolístico de rosto espanhol que está a destruir a Galiza, apostamos na soberania, na independência nacional e num Estado galego dirigido pola maioria, com o proletariado como principal esteio na construçom da verdadeira democracia, do socialismo. Umha democracia que só será real se conseguir destruir a infámia patriarcal, mais antiga que o próprio capitalismo, mas hoje perfeitamente imbricado no seu metabolismo.

B- Tal como em quase todo o mundo, o capitalismo tem conduzido a Galiza para umha situaçom tremenda. Poderíades informar um poco acerca da duríssima realidade do dia a dia no vosso país, de como o sistema capitalista espanhol tenta acabar com a vossa naçom?

PL- O processo de destruiçom planificada da Naçom Galega polo projeto imperialista espanhol é o mais antigo dos existentes na Península Ibérica, pois remonta à hegemonia castelhana, antes da existência do atual Estado espanhol, nos mesmos inícios do modo de produçom capitalista em que se produziu o expansionismo da elite dirigente castelhana (século XV). Porém, é claro que foi sobretodo a partir do século XIX, com a reformulaçom desse projeto imperialista na nova etapa do capitalismo industrial, que a ofensiva espanhola contra os povos foi mais efetiva.

A modernizaçom capitalista da Galiza produziu-se da mao dos interesses de umha fraca burguesia galega, integrada no bloco espanhol de classes dominantes. Ao invés do acontecido na Catalunha e em Euskal Herria, nengum setor significativo da burguesia galega apostou na autoconstruçom nacional, o que determinou fortemente o caráter popular, mas também as carências, do nosso movimento de libertaçom nacional.

Vista a falta de interesse burguês na mudança de rumo estratégico para a Galiza, é só o povo trabalhador que pode construir a naçom, ligando o processo de libertaçom nacional com o processo de emancipaçom social. Pobreza e precariedade (fortemente feminizadas), perda constante de poder aquisitivo da classe trabalhadora, corte de direitos sociais e laborais, privatizaçons, condena à emigraçom para a juventude trabalhadora… todo isso tem um relevo claro na degeneraçom do capitalismo na sua fase de senilidade histórica, também na Galiza.

Porém, a crise capitalista na Galiza tem um conteúdo específico em forma de liquidaçom de tecido produtivo industrial, de limitaçom de qualquer capacidade de decisom soberana por parte do nosso povo. Só a recuperaçom da soberania, em maos do povo trabalhador, o poder de decisom nacional e de classe poderá mudar a sentença de morte imposta e aplicada polo capitalismo espanhol na Galiza.

B- Formades parte do Movimento Continental Bolivariano. Que avaliaçom fazedes dos últimos acontecimentos que se dam na América, Cuba, Venezuela, as conversas das FARC e o governo colombiano….?

PL- Achamos que a América Latina fai parte da vanguarda internacional dos povos que fam frente à fase de aceleraçom do selvagismo capitalista e imperialista. Cuba cumpriu esse papel durante décadas com o povo no poder, tal como o povo colombiano com umha luita heroica e sustentada nas massas e com expressom também armada contra um poderoso Estado criminoso armado e assessorado polo imperialismo ianque. Hoje a existência da Venezuela Bolivariana incrementa essa frente de resistência dos povos, um processo complexo com avanços e recuos que, pola nossa parte, temos claro que deve ser apoiado em forma de solidariedade irrestrita. A luita contra o imperialismo e contra o capitalismo é umha luita internacional que se expressa nacionalmente. Nela,  como galegos e galegas, aspiramos a cumprir com firmeza e dignidade o papel que nos corresponde.

B- E da situaçom geral do Estado espanhol que oprime a Galiza e Euskal Herria, dessa chamada segunda transiçom, Como vedes todo isto e como credes que pode desembocar?

PL- As situaçons de crise som sempre situaçons abertas e o seu desfecho depende em grande medida da capacidade de incidência dos atores em jogo. É claro que o regime espanhol está em crise e também é claro para nós que os povos das naçons oprimidas por esse regime som atores fundamentais na resoluçom dessa crise.

Achamos que o povo basco exerceu um papel fundamental e heroico durante décadas de luita que merecem todo o nosso reconhecimento e achamos também que, nesta altura, o povo catalám está a mostrar-se como o mais avançado pólo de confronto com o statu quo espanhol. Nom cremos que se poda falar de iminentes processos revolucionários em nengum ámbito dessa prisom de povos chamada Espanha, mas sim de um questionamento sério da sua integridade, o que pode abrir saídas inesperadas para os diversos povos. Se bem a oligarquia espanhola está a demonstrar que sabe gerir os importantes recursos com que conta (económicos, repressivos, mediáticos…) para contornar de maneira favorável à oligarquia a situaçom de crise, a situaçom continua aberta e existe margem para o avanço das posiçons revolucionárias…

B- Pensades que as nossas naçons e o resto dos povos oprimidos poderám forçar o estado a que reconheça as nossas realidades nacionais num prazo de tempo razoável?

PL- Devemos admitir que, no caso galego, as condiçons som especialmente difíceis, já que o movimento soberanista e independentista atravessa umha crise de identidade e o espanholismo “de esquerda” conseguiu cooptar umha parte desse movimento. Nom esqueçamos que um “pedaço” do que até há pouco era o BNG (hoje Anova), junto a algumhas forças ditas independentistas, como a FPG, estám hoje integradas em aventuras de suposta “unidade popular” com a esquerda reformista espanhola, verdadeira beneficiária dessa onda etiquetada como “cidadanista”. O seu discurso e a sua prática é a de que a soberania galega deve ser adiada em favor da prioridade dos direitos sociais; umha dissociaçom impossível que, curiosamente, as diferentes expressons da esquerda espanhola nom aplicam no seu discurso nem na sua atuaçom política no contexto de crise, quando reclamam a “soberania espanhola” frente a poderes como a troika, a TTIP ou a Uniom Europeia.

Por outra parte, o BNG parece tam enquistado como sempre em posiçons de puro eleitoralismo, e mesmo assim perdendo influência, apesar de certos avanços na assunçom de posiçons soberanistas até há pouco só defendidas pola esquerda independentista e, concretamente, por NÓS-Unidade Popular e o nosso partido.

Dependerá do resultado dos constantes movimentos que estám a dar-se na cena política e social galega que a crise de identidade atual abra passagem a novas perspetivas para o movimento de libertaçom nacional galego.

Sobre as caraterísticas e contradiçons dos processos basco e catalám, preferimos deixar que sejam os seus e as suas próprias protagonistas que fagam a correspondente análise, pois o nosso conhecimento dessas realidades é insuficiente.

B- Sodes um partido comunista, marxista-leninista, falai-nos da atualidade do marxismo hoje em dia, neste mundo que parece ir para a barbárie que Rosa Luxemburgo anunciou. Porque pensades que o marxismo nom é capaz ainda de tomar o céu por assalto e começar a construir a sociedade com que sonhamos os comunistas? É o reformismo o culpado? Que quota de responsabilidade podemos ter os comunistas?

PL- O assunto é demasiado complexo para o resolvermos numha conversa, mas achamos que, como comunistas, devemos recuperar e estudar Karl Marx e outros clássicoss para compreender o estado atual do sistema e porque ainda nom caiu. Para já, a história tem demonstrado até hoje que o capitalismo nom vai cair de maneira espontánea. Poderá sim degenerar até graus inimagináveis, como está a acontecer, mas a sua superaçom positiva só poderá chegar pola via revolucionária, tal como Marx analisou.

Por outra parte, o resultado das revoluçons desenvolvidas no século XX também parece confirmar que só o pleno desenvolvimento das forças produtivas, como o que hoje existe no capitalismo como sistema mundial, possibilita umha mudança profunda nas relaçons de produçom. As revoluçons do século passado acontecêrom, sem exceçom, em cenários de capitalismo atrasado, enquanto os centros capitalistas mais avançados resistírom e mesmo cooptárom importantes segmentos da classe trabalhadora e das organizaçons revolucionárias, à custa da hiperexploraçom das massas trabalhadoras das naçons do capitalismo periférico.

Agora que as contradiçons inerentes ao sistema capitalista, já vaticinadas polo próprio Marx, ficam à vista de todos e todas de maneira clara e contundente no centro mesmo do sistema, abre-se umha fase em que corresponde à classe trabalhadora assumir a sua responsabilidade histórica de revolucionar as relaçons sociais de produçom. Será isso, ou um recuo sem fim nas condiçons de vida e existência da maioria, como já estamos a observar e padecer em todo o planeta.

A situaçom é aberta e o resultado nom está escrito. O modo de produçom capitalista é só um dos cinco que já configurárom as sociedades humanas ao longo da história (primitivo, escravista, asiático, feudal e capitalista) e, tal como os quatro anteriores fôrom, este também pode ser superado. O papel dos povos será determinante na hora de verificar um aprofundamento da barbárie capitalista a que já assistimos ou a sua superaçom, construindo umha nova sociedade que dê começo ao que Karl Marx definiu como “o início da história humana”: o comunismo.

B- Queremos terminar esta entrevista perguntando-vos por Euskal Herria, polo nosso país. Que avaliaçom fazedes da situaçom em geral de Euskal Herria e dos acontecimentos que se tenhem dado nos últimos quatro anos?

PL- Como dixemos, o nosso conhecimento da realidade basca é insuficiente. Achamos que é obrigatório fazer público reconhecimento da longa luita protagonizada durante longos anos polo povo trabalhador basco pola sua libertaçom nacional e social e esperamos que saiba encontrar o caminho certo para empurrar na direçom descrita, que conduza à plena emancipaçom humana também em terras bascas.

Bem, pois obrigados  polo tempo que nos destes e polas respostas. Só nos resta desejar-vos êxitos na vossa aposta política e lembrar umha vez mais que tanto a Galiza como Euskal Herria somos povos oprimidos polo Estado fascista espanhol, somos povos trabalhadores unidos polo internacionalismo e que, sem dúvida, nom demoraremos demasiado a ser naçons livres construindo o socialismo. Obrigados! Eskerrik asko!


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Publicidade
Publicidade
first
  
last
 
 
start
stop

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.