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NosUp15Galiza - Nós-UP - O ano 2015 acaba sem que as tendências do ano anterior se corrigiram em qualquer sentido, com um acelerado processo de destruçom do nosso país. Continua a destruir-se emprego, com centros de trabalho a fechar e empresas outrora acarinhadas polas administraçons que hoje se fugam do solo galego.


Apenas a luita obreira pode parar esse processo de deslocalizaçons. Recentemente assistimos a um novo episódio relacionado com esse processo, com o ERE de extinçom que pretendia apresentar Alcoa para fechar a sua fatoria na Corunha. A pressom dos trabalhadores parou o iminente fechamento da fábrica, mas este nom é o final da luita. Alcoa na Corunha leva anos vendo como se depauperam as condiçons de trabalho e já nom é a primeira vez que a multinacional proprietária do complexo ameaça com fechá-lo. O problema estrutural que supom o preço da energia continua aí, sem que se lhe dea umha soluçom política. Umha questom diretamente relacionada com a nossa falta de soberania política e com o espólio dos nossos recursos naturais. A energia produz-se aqui e os prejuízos do processo de transformaçom dessa energia sofrem-se aqui, sem que isso se tenha em conta à hora de desenhar as tarifas para empresas e pequenos utentes. Isso gera destruiçom de emprego e pobreza energética.Nom há que esquecer também a difícil situaçom do setor naval, tanto público como privado. Os estaleiros da ria de Ferrol estám em fase terminal, sem carga de trabalho depois de que a Junta encenasse umha cerimónia da confusom a conta do famoso contrato com PEMEX. O horizonte da desapariçom continua a ver-se próximo para o naval ferrolano. Por enquanto, é claro que a carga de trabalho prevista para os próximos anos nom alcança o total dos trabalhadores e trabalhadoras do setor. Por seu turno, os estaleiros privados do Sul estám a ser vítimas da competência desleal asiática e o mais emblemático dos estaleiros vigueses, Barreras, foi vendido a preço de saldo, com intervençom pessoal do Presidente da Junta ao grupo Pemex. A deslocalizaçom é umha ameaça certa.

As agressons ao meio natural também som umha frente aberta no processo de desestruturaçom do País. As rias, outrora umha fonte de riqueza excecional, som espaços diretamente agredidos pola indústria de enclave e vítimas do crescimento urbanístico desordenado das últimas décadas, sem que as administraçons autonómica e estatal concedam a menor prioridade à sua recuperaçom. Essa recuperaçom geraria emprego de maneira rápida e massiva, a medida que se regenerasse a biodiversidade dos estuários. Especial gravidade reveste a situaçom das rias do Burgo, Ferrol e Ponte Vedra. Neste último caso, a Junta está a tentar prorrogar por mais meio século a licença para a fábrica de celulose, umha decisom política que hipotecaria a recuperaçom da pesca e o marisqueio na zona e que ameaça a segurança e a saúde pública da vizinhança da cidade do Lérez. No caso das rias de Ferrol e do Burgo, a ausência de um roteiro para a sua recuperaçom fecha a viabilidade de alternativas de emprego perante a desindustrializaçom.

A privatizaçom do monte e a desapariçom da floresta autóctone também som umha realidade relacionada com a venda da Galiza "ao melhor postor". A Junta legisla em matéria de solo em favor da introduçom de espécies destinadas à produçom rápida e massiva de madeira e derivados, além de facilitar outros usos industriais ou imobiliários. Os usos comunais do monte ficam desprotegidos e de facto caminha-se para a liquidaçom do monte comunal. A desapariçom do agro e da pecuária, portanto a desapariçom do rural como o conheciamos até há pouco, fam o resto. É um processo que se acelera com o terrorismo ambiental dos incêndios provocados, que sempre marcam o começo do verao.

Em matéria ambiental, está a constituir umha luita importante a desenvolvida contra a megamineraçom. As vitórias populares em Corcoesto e Triacastela devem guiar o caminho numha luita mais global, que na Galiza se focaliza no derrubamento do Plano Mineiro, umha das maiores agressons ambientais que se recordam na história da nossa naçom. Os cantos de sereia de futuros postos de trabalho devem ser contrarrestados com a fácil demonstraçom da nom compatibilidade dessa atividade com outras mais tradicionais e mais harmónicas com o meio.

As mulheres som um setor especialmente punido polo quadro de opressom nacional desde sempre. A feminizaçom do desemprego e a pobreza formam umha das estampas principais deste cenário. Junto com estes elementos, devemos acrescentar umha legislaçom sobre o aborto claramente atentatória contra os direitos reprodutivos da mulher e o incremento exponencial da violência patriarcal. A crise também traz estas conseqüências. O povo trabalhador galego deve fazer sempre própria a luita pola libertaçom de género e, dentro disso, o combate contra os crimes machistas. As mulheres som companheiras na luita e nom bodes expiatórios da frustraçom que cria este contexto de sobre-exploraçom, precariedade e desemprego.

As políticas contra o povo devem ser paradas com luita nas ruas. A reforma laboral, a privatizaçom do ensino e da saúde, os tratados UE-EUA, só podem ser tombados na rua, e nom pode depender a sua derrota de resultados eleitorais. Igual que no 2002 foi a luita operária a que derrotou o "decretaço" de Aznar, umha luita sustentada e decidida da classe trabalhadora terá que ser a que derrote este desmantelamento passo a passo dos serviços públicos, dos direitos sociais e das conquistas de classe.

O flanco nacional nom deve ser abandonado. Os problemas sociolaborais que padecemos som algo mais do que conjunturais. Que tenhamos umha taxa de desemprego das mais elevadas do Estado espanhol, que os salários e as pensons sejam dos mais reduzidos nesse mesmo contexto, que a nossa juventude emigre, tem além de causas conjunturais, umhas inequívocas raízes estruturais. A falta de soberania para ordenar a nossa economia, as nossas políticas sociais, o nosso sistema tributário, o nosso sistema de infraestruturas de comunicaçom, tenhem umha relaçom direta com o nosso empobrecimento.

Devemos assinalar também o trágico caminho para a desapariçom que leva a nossa língua, junto com os demais traços da nossa identidade. Os últimos inquéritos sociolingüísticos realizados pola RAG e polo IGE apresentam uns dados verdadeiramente preocupantes com destaque para um dado absoluto que nos indica qual é a tendência indissimulada: pola primeira vez na história, os falantes monolíngües em galego som minoria. Evidentemente a tendência vem de muito tempo atrás, mas os anos de mandato de Feijó contribuírom para a acentuar. O tratamento do galego no ensino como um problema, como um elemento de divisom da sociedade, provocando o confronto direto entre maes e pais ou mesmo entre trabalhadores e trabalhadoras do ensino ou entre alunado, fijo inclusive cair o prestígio social da língua própria da Galiza. A nossa língua nacional é um elemento inegociável de identidade e também o deve ser de coesom. Como dixo Castelao: "Somos galegos e galegas por obra e graça do idioma". Perder a língua significaria a perda do projeto nacional e do projeto social, e seria a antessala da perda mesmo física da Naçom.

O 2015 deve ser o ano em que o conjunto da esquerda patriótica, o nacionalismo e o independentismo sem excepçons, aposte por decisons estratégicas, chegou o momento de refundar-se. Precissamos abrir um processo de debate e reflexom sem límites nem condicionamentos.

Obviar a necessidade de criar o pólo patriótico rupturista é condenar o nosso projeto nacional a sua derrota estratégica.

Aguarda-nos pois um ano de luitas complexas e intensas, que terám lugar na rua, nos bairros, nos centros de trabalho e de ensino, e necessitamos de todas e todos e cada um de nós para combater e vencer.

Nom queremos finalizar sem transmitir o nosso apoio e calor às e aos presos políticos galegos, assim como às suas famílias e amizades.

Reclamamos a sua liberdade e desejamos a sua volta para a Pátria da que fôrom injustamente arrancad@s polo Estado opressor.

Viva Galiza independente, socialista e nom patriarcal!

Direçom Nacional de NÓS-Unidade Popular

Galiza, 31 de dezembro de 2014


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