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071114 cartazurssGaliza - Primeira Linha - Como militantes revolucionárias e revolucionários com memória, consideramos fundamental para a construçom da Revoluçom Galega o conhecimento e reconhecimento dos grandes marcos da história de que nos sentimos continuaçom.


Com exceçom da Comuna de Paris, a Revoluçom liderada por Lenine constituiu a primeira grande vitória proletária na longa vaga de luita histórica que deverá conduzir à superaçom do capitalismo como modo de produçom dominante a nível mundial.

Apesar das imensas dificuldades que desde o primeiro dia enfrentou, incluído o seu “confinamento” por causa dos fracassos sucessivos das tentativas revolucionárias que se seguírom na Europa, os avanços que supujo encarnárom o realismo das aspiraçons comunistas, conduzindo as naçons do Império Czarista desde o feudalismo para conquistas inimagináveis fora da planificaçom socialista imposta pola Revoluçom.

Com todas as suas imperfeiçons, limitaçons e mesmo desvios sucessivos nas décadas seguintes, o exemplo bolchevique representa um referente de cujos acertos e erros aprendermos no caminho da definitiva libertaçom do nosso povo das garras do capitalismo.

Através da aproximaçom que realizamos nesta ocasiom, propomos aos nossos leitores e leitoras umha obra imprescindível para conhecer a experiência revolucionária russa em primeira mao. O militante revolucionário internacionalista Víctor Serge, de origem belga, testemunha direta do processo revolucionário, escreveu durante a primeira década a seguir a 1917 esta obra, crónica do primeiro ano da Revoluçom, quando os materiais históricos e analíticos eram ainda muito escassos.

A obra, publicada em 1930, constitui umha joia historiográfica e política, que oferecemos na íntegra em pdf para a sua leitura em formato digital.

Como antecipo, reproduzimos a seguir o prefácio do autor à primeira ediçom.


Ano I da Revoluçom Russa

Prefácio à Primeira Ediçom

Víctor Serge

Procurei oferecer neste livro um quadro verídico, vivo e racional das primeiras lutas da revoluçom socialista russa. Desejando, acima de tudo, resgatar aos olhos dos proletários os ensinamentos de umha das épocas mais importantes e decisivas da luita de classes nos tempos modernos, só poderia expor o ponto de vista dos revolucionários proletários. Esse modo de proceder terá, para o leitor leigo em doutrinas comunistas, a vantagem de lhe mostrar a maneira como os que fizeram a revoluçom a entendiam e a entendem ainda hoje.

071114 vsA imparcialidade do historiador nom passa de umha lenda destinada a corroborar convicçons de interesse. Os trabalhos sobre a grande guerra seriam suficientes para destruir essa lenda, caso isso fosse necessário. O historiador é sempre “de seu tempo”, isto é, de sua classe social, de seu país, de seu meio político. Mas a única parcialidade isenta hoje, compatível com a grande preocupaçom da verdade, é a do historiador proletário. Porque a classe operária é a única que tem tudo a ganhar, em qualquer circunstáncia, com o conhecimento da verdade. Ela nada tem a esconder, polo menos na história. As mentiras sobre o social servem sempre, servem ainda, para a enganar. A classe operária as refuta para vencer e vence ao refutá-las. No entanto, já ocorreu de alguns historiadores proletários adaptarem a história a preocupaçons de atualidade política. Desse modo, submeteram-se a tradiçons que nunca foram as suas e sacrificaram, por interesses parciais e passageiros, interesses superiores e permanentes da sua classe. Tomei cuidado para nom imitá-los. Se me ocorreu, o que aliás é provável, de haver em algum momento deformado a verdade, foi sem saber, por falta de informaçom suficiente ou por erro. Por tais razons este livro é, certamente, bastante imperfeito. Absorvido por outros trabalhos, vivendo como militante numa época muito movimentada, nunca dispus do tempo e da calma necessários ao estudo da história. Os que fazem a história raramente têm, por razons análogas, oportunidade de a escrever.

Por outro lado, a matéria nom está acabada. Os fatos som muito recentes, muito vivos, as cinzas do braseiro estám ainda quentes, queimam quando as tocamos… Existe na Rússia umha literatura muito mais abundante do que rica sobre a Revoluçom de Outubro. Memórias, relatos, notas, documentos, estudos parciais aparecem em profusom. Mas, é preciso dizê-lo, nada é mais difícil do que beneficiar-se dessa imensa documentaçom; demasiado subordinada à propaganda, faltam-lhe quase completamente as obras sistemáticas, de conjunto. A história dos partidos, da guerra civil, do exército vermelho, do terror, das organizaçons operárias sequer é esboçada. Além de algumhas obras muito sumárias, nengum trabalho sério sobre a história da revoluçom foi ainda publicado na URSS (e nom haveria razom para se espantar com isso). Os escritores militantes fôrom os únicos a tratar mais profundamente de alguns dos problemas pelos quais se interessam. As memórias, às quais nessas condiçons é preciso sempre recorrer, apresentam muitas falhas. Os revolucionários, na melhor das hipóteses, som cronistas apenas passáveis; além disso, na maioria das vezes escreveram com objetivos determinados: comemoraçom de aniversários, homenagens, polémicas e até mesmo deformaçom da história, segundo a conveniência de certos interesses de momento. Os trabalhos parciais, como as monografias locais, oferecem poucas garantias científicas.

Utilizando-me da maior parte dessa documentaçom, dediquei-me atentamente a procurar o traço comum a todas elas. Apresentei inúmeros detalhes e citaçons para fornecer ao leitor elementos de avaliaçom bem precisos. Somente indiquei minhas fontes quando me utilizei de trabalhos anteriores que possuíam valor real, quando me pareceu útil ressaltar a importáncia de um testemunho e, finalmente, com a intençom de facilitar as pesquisas para o leitor.

Se for possível, continuarei esses trabalhos. Agradecerei muitíssimo aos leitores que queiram assinalar as insuficiências desta obra e as questões que lhes pareça necessário esclarecer.

É oportuno que se defina, aqui, qual o lugar do Ano I na história da revoluçom. O Ano I da revoluçom proletária – ou da República dos Sovietes – começa a 7 de novembro de 1917 (25 de outubro pelo calendário antigo) e acaba, naturalmente, a 7 de novembro de 1918, no momento em que explode a revoluçom alemá. A coincidência é quase perfeita entre o calendário e a primeira fase do drama histórico que começou pela insurreiçom vitoriosa e terminou pola extensom da revoluçom à Europa central. Vemos entom, pola primeira vez, proporem-se todos os problemas que à ditadura do proletariado cabia resolver: organizaçom do abastecimento, da produçom, defesa interna e externa, atitude perante a classe média, os intelectuais, os camponeses, a vida do partido e dos sovietes.

Esta primeira fase, proporíamos chamá-la conquista proletária: tomada do poder, conquista do território, conquista da produçom, criaçom do Estado e do Exército, conquist ado direito à vida…

A revoluçom alemá abre a fase seguinte que é a da luita internacional (ou, mais extamente, da defesa armada – às vezes agressiva – do núcleo central da revoluçom internacional). Em 1919, forma-se umha primeira coaliçom contra a República dos Soviets. Os aliagos, julgando insuficiente o bloqueio, estimulam a formaçom de estados contra-revolucionários na Sibéria, em Arkhangelsk, no sul e no Cáucaso. Em outubro de 1929, no fim do ano II, a república, atacada por três exércitos brancos, parece estar a ponto de sucumbir. Koltchak marcha em direçom ao Volga; Denikin, depois de invadir a Ucránia, marcha em direçom a Moscovo; Yudenich apoiado por umha esquadra inglesa, marcha em direçom a Petrogrado. Milagrosa energia dá vitória à revoluçom. A fame, as agressons, o terror, o regime heroico, implacável e ascético do “comunismo de guerra”, continuam. No ano seguinte, a coaliçom europeia lança a Polónia contra os sovietes, no momento em que o fim do terror acabava de ser decretado. Enquanto se realiza em Moscovo o II Congresso da I Internacional Comunista, o Exército Vermelho chega às portas de Varsóvia, deixando no ar a ameaça de umha nova crise revolucionária na Europa. Este período termina, em novembro-dezembro de 1920, com a derrota de Wrangel na Criméia e a paz com a Polónia. A guerra civil parece ter acabado, mas as revoltas camponesas e a insurreiçom de Kronstadt revelam, de forma brutal, a gravidade do conflito entre o regime socialista e as massas camponesas.

Umha terceira fase, que se pode chamra de reconstruçom económica, inicia-se em 1921, com a Nova Política Económica (cuja abreviaçom é NEP) e termina em 1925-26 com o retorno do nível de produçom áquele do período anterior à Grande Guerra (embora, é bem verdade com umha populaçom maior). Relembremos resumidamente o que é a NEP. Após as derrotas da classe operária europeia, a ditadura do proletariado foi obrigada a fazer concessons económicas à pequena burguesia rural: a aboliçom do monopólio dos cereais, a liberdade de comércio e a aceitaçom da presença do capital privado dentro de certos limites. O estado socialista conservou todo poder de direçom no domínio da economia e nom fijo nengumha concessom política. Esta importante “retirada” (foi Lenine que empregou esta palavra), cujo objetivo era preparar o caminho ulterior em direçom ao socialismo, pacificou o país e facilitou a sua reedificaçom.

Depois de 1925-26, a história da revoluçom proletária da Rússia entrou na sua quarta fase. Completou-e a reconstruçom económica, cinco anos após o final da guerra civil, o que constitui um êxito admirável para um país duramente castigado, dependendo unicamente dos próprios recursos. É preciso, a partir de entom, aumentar a produçom, pois é necessário que ela atinja o mesmo nível dos garndes países capitalistas. Todos os problemas som propostos sob umha nova luz. Fase de industrializaçom. Retomada, cada vez mais exacerbada, da luita de classes. Agravamente das dificuldades dumha revoluçom proletária contida dentro das fronteiras nacionais e rodeada por países capitalistas. Mas este é o presente, a vida, a luita. Nada melhor para facilitar a sua compreensom do que o conhecimento dos priemiros tempos heroicos da revoluçom, no decorrer dos quais se moldárom os homens, se definírom as ideias, se criárom as instituiçons.

Doze anos passárom depois dos acontecimentos estudados neste livro.

A república proletária, fundada pola insurreiçom de 7 de novembro de 1917, está viva. A classe operária mostrou-se na Rússia, capaz de exercer o poder, organizar a produçom, resistir vitoriosamente aos inimigos do exterior e do interior e ser perserverante no cumprimento da sua missom histórica –que é a de construir umha nova sociedade- e isso nas condiçons mais ingratas possíveis. Os ensaios e os erros dos homens, as dissensons e as luitas políticas, ao invés de embaçar esse importante facto a nossos olhos, devem ressaltá-lo. A revoluçom proletária continua. Impom-se um duplo dever, desde já, a todos aqueles cujos interesses de classe nom os colocam contra ela: internamente –isto é, na URSS e no movimento operário revolucionário internacional- servir à revoluçom combatendo os males que a atingem, esforçando-se para contribuir na elaboraçom e na aplicaçom incessante de umha política inspirada nos interesses superiores do proletariado mundial; externamente, defender a primeira república dos trabalhadores, velar pola sua segurança, acompanhar os seus trabalhos e as suas luitas, para daí extrair os ensinamentos que iluminarám amanhá, para outros povos, os caminhos da transformaçom do mundo1.

V.S.

Janeiro de 1930

1 A maior parte deste livro foi escrito na URSS. Sinto nom ter podido utilizar várias obras importantes editadas no estrangeiro. Foi impossível consegui-las.

Descarrega em PDF O Ano I da Revolução Russa.


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