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amigreveGaliza - Diário Liberdade - O Diário Liberdade disponibiliza os comunicados feitos públicos por BRIGA e AMI, assim como um artigo de opiniom da autoria de Breixo Lousada publicado no web de Isca!, após a sucedida greve estudantil decorrida ontem na Galiza. Para além de  avaliarem a jornada de luita, os três documentos dedicam espaço à análise dos métodos de luita mais combativos desenvolvidos nalgumhas destas mobilizaçons (casos de Compostela e Vigo), polo que achamos de interesse a sua divulgaçom.


Comunicado de BRIGA:

A convocatória de greve de hoje na Galiza deixa um sabor de boca doce na militáncia juvenil da esquerda independentista. O labor agitativo desenvolvido durante as duas semanas prévias pola organizaçom estudantil AGIR ao longo do país foi um aperitivo bastante completo. Hoje dia 20, o prato principal nom deixou em mal lugar as sensaçons anteriores: milhares de jovens nom assistírom a aulas em apoio à convocatória de Greve Nacional, e o que é mais importante, fôrom também muitos milhares  @s jovens que estivérom nas aproximadamente 20 convocatórias que houvo em outras tantas localidades de Galiza.

AGIR, Comités, e LEG realizárom umha convocatória bem sucedida. Sobre todo por dous factores. 

O primeiro, o caráter nacional da mesma, que coloca a Galiza rebelde à cabeça das luitas estudantis protagonizadas também em próximas datas nos Països Cataláns e Euskal Herria, mostrando a ferramenta da luita nacional como catalisador de primeira ordem das luitas sociais nas naçons oprimidas por Espanha. Quando as convocatórias som estatais, um ruge-ruge mediático contribui para a difusom da greve. Também o apoio dos sindicatos e partidos reformistas e ordeiros da esquerda espanhola. Desta volta a atitude foi bem outra: um silêncio quase absoluto nos meios de comunicaçom do regime. Mas como contrapartida houvo um intenso trabalho de rua e de centro próprio da identidade da esquerda revolucionária e transformadora que AGIR e BRIGA representamos desde há mais de 10 anos. 

E em segundo lugar, cumpre salientar a dimensom da convocatória em consonáncia com o dito anteriormente. Desde a confluência generalizada dos protestos contra a LOU, nunca antes o movimento estudantil galego fora quem de fazer umha greve com umha repercusom nacional, convocatórias múltiplas e centenares de jovens nas ruas das principais cidades e vilas baixo as bandeiras da Pátria e palavras-de-ordem dirigidas contra a dependência nacional, a carência de soberania, e a espanholizaçom da nossa escola como chaves de bóveda dos problemas do nosso ensino, que nom os únicos.

Certamente, um outro rosto da nova dimensom adoptada pola luita estudantil foi a combatividade, nomeadamente em Compostela e Vigo. Comparemos a escassa ou nula presença mediática da convocatória de greve nos dias prévios com a criminalizaçom destacada em todos os meios burgueses no dia de hoje. 

BRIGA parabeniza AGIR e o estudantado da esquerda patriótica mais resoluto polo seu valor para fazer dumha jornada de reivindicaçom algo mais do que umha simples romaria num dia de chuva. E desbotamos com igual ênfase o mesquinho papel de quem pretende estar à cabeça da resposta popular à crise sistémica que nos açouta desde há anos com condenas de descargo e sinalando maus e bons entre manifestantes polo seu simples espírito mais ou menos combativo.

Esta batalha dá-se nas ruas e ganha-se nas ruas. Dá-se nas aulas e ganha-se nas aulas. Nem nos parlamentinhos nem com correçons políticas caducas.

Para finalizar de BRIGA queremos encorajar o estudantado da esquerda nacional a permanecer nesta dinámica, alargá-la e sincronizá-la com os múltiplos protestos populares que agitam Galiza.

É TEMPO DE LUITAR, É TEMPO DE AGIR!

NAS AULAS E NAS RUAS, A LUITA CONTINUA!

 

Comunicado da AMI:

A AMI queremos parabenizar a todas as estudantes que estivemos hoje nas ruas galegas pelejando polo que é nosso. Porque nom lhes saia gratis tomar decisons das que nós somos as principais afectadas. Temos dereito a um ensino de qualidade, feminista, galego e livre. E já estamos aprendendo, estamos construindo-o desde os bairros e aldeias. Boa parte da formaçom, mui enriquecedora e proveitosa, é a luita nas ruas. Expresando a nossa raiva, e deixando claro que a normalidade e a suposta paz social de tanatório nom vai ganhar nem a primeira vitória.

Cumpre aprender a fazer comunidade organizada, capaz de criar umha outra situaçom social bem longe desta. E desde logo, aprender a nom confundir aliadas com inimigas.

As nossas pedras vam ir cara o nosso inimigo: Espanha e o capital. Lamentamos que algumhas das que estavam connosco na rua acabaram por botar pedras contra nós, com condenas e comentários públicos que desviam a atençom e lhe fam o jogo ao sistema. Nós estamos no mesmo bando.

Respeitamos que haja diferentes niveis de compromiso e combatividade, mas é lamentável que as críticas ante a chuva de agresons ao povo caiam sobre as que estamos dispostas a dar a cara.

Lamentamos o politiqueo barato e submiso dos sindicatos e organizaçons que sairom a “desvincular-se” para manter a correcçom política que lhes exige a sua vontade de integraçom e respeito ao régime.

Nós, livres de ter que dar explicaçons nem dever condutas formais dirigidas por “pais políticos”, luitamos como filhas de solteira, da Galiza violada. Consideramos estúpido chamar à luita e depois condena-la. É um despropósito e umha confusom “vender radicalismo estético” e depois condenar a sua realizaçom prática na rua. Será porque nunca é o momento, porque nom se dam as condiçons objectivas, ou as subjectivas ou porque o povo nom o entende.

Talvez entendemos demais, por isso o inimigo tem boa conta de que nom suceda nada. Que nom aprendamos como se transformam as cousas.

Estamos en contra da sua lei, e temos claro que para paralisa-la vam ter que arder mais de umha barricada. Para que se produzam mudanças reais, temos que assumir que é necessário o desrespeito cara quem nos oprime.

A luita é aquí e agora. A mocidade nom vai ficar parada por medos e correcçons políticas de atitudes acomplexadas.

Avante a luita estudantil!

 

Artigo de opiniom de Breixo Lousada:

Hai tempo que via preciso reflexionar num artigo sobre a violência e a sua relaçom com a política. Se o fago aqui e agora apressadamente e de jeito mui parcial é ao fio de certos debates e polémicas derivados das exitosas mobilizaçons estudantis do 20-F e as formas que tiverom de intervir nelas (ou contra elas) certos setores mais ou menos organizados, tanto nos piquetes como nas manifestaçons. Fago-o também condicionado pola dificuldade de escrever com liberdade sobre um tema como este num Estado em que mesmo as opinions som punidas judicialmente.

Começarei por várias obviedades: o uso da violência (entendida em sentido amplo, desde a de mais baixa intensidade até a luita armada ou a guerra) é em princípio indesejável. Porém, nom por isso deixa de ser umha opçom plenamente legítima para quem sofre a opressom, e mesmo pode ser necessária e útil de se darem as circunstáncias, e nalguns casos até ser a única opçom possível. A história está cheia de exemplos que nom cumpre relatar agora. Mas que poda ser necessária ou útil nom implica que sempre o seja, e tam legítimo pode ser exercê-la como criticar o seu uso quando se considera que influi negativamente em relaçom aos fins pretendidos.

Vaia por diante que nom estamos a falar aqui dumha questom moral, nem sequer ética, nem de legitimidades abstractas. Como já se dixo, nom se questiona que seja justo ou admisível usar os mesmos métodos que o sistema tem ao seu dispor para garantir a sua orde. Porém, para o avance dum projeto transformador é tam nefasta a negaçom totalizadora da violência das oprimidas como a sua sacralizaçom, assimilando automaticamente um ato violento em qualquer lugar, em qualquer momento e em qualquer contexto como algo intrinsecamente positivo.

As formas de luita escolhidas em cada momento deveriam estar adaptadas às necessidades da situaçom concreta, deveriam ter em conta a percepçom social que vam provocar, e contra quem vam dirigidas. Valorar se as pessoas ou interesses danados com umha açom tenhem ou nom a ver com o conflito, ou mesmo se som (ou poderiam ser) do campo próprio. Considerar se permitem somar vontades a umha luita concreta ou tenhem justo o efeito contrário. Estes, e nom outros, som os debates que sairom à luz em relaçom ao 20-F e os posicionamentos posteriores. Ignorar esses debates é falsear conscientemente a polémica para tentar suplir com demagogia e retórica a carência de argumentos para defender certas atitudes mais viscerais que racionais.

Em base aos critérios antes definidos, está claro que cada quem pode fazer análises diferentes e interpretar de distintas formas os mesmos feitos e a sua pertinência. Porém, o que cumpre reivindicar é a plena legitimidade de criticar certas açons ou formas de luita se entendemos que prejudicam a causa que dim defender. Nom é de recibo pois assimilar crítica política com “criminalizaçom” nem as acusaçons de colaboracionismo co inimigo. Trata-se só de desvincular-se politicamente de dinámicas que se entende que para nada ajudam aos objetivos supostamente pretendidos. É umha critica puramente política a certos métodos de luita pretendidamente política, ainda que para exercé-la nom seja preciso recorrer nem à retórica das “condenas” abstractas nem à linguagem sistémica.

Nom é legítimo iniciar determinado tipo de dinámicas numha mobilizaçom sem que estas contem com a cumplicidade ou o acordo tanto de quem a impulsa como de quem fai parte dela. É, como mínimo, desleal e oportunista. Por exemplo, o 24 de julho as organizaçons convocantes da histórica manifestaçom juvenil unitária pola independência tínhamos consensuado evitar atos que pudessem impedir o normal desenvolvimento da mobilizaçom, o seu remate e o sucesso da mesma. Acordamos tentar evitar que ninguém rebentasse a manifestaçom ou facilitasse ao Estado cumprir o seu desejo de que a mesma nom se celebrasse e fosse um êxito. E sigo a pensar que foi um acerto.

Temos diversos exemplos de que certas açons violentas podem ajudar a visibilizar conflitos que noutro caso passariam desapercibidos. De feito muitas vezes é o único recurso para isso e assi o manifestam as suas protagonistas (“nom temos mais remédio, é a única forma de fazer-nos ouvir”). Porém, noutros casos o efeito é justo o contrário, desviando o foco dumha mobilizaçom exitosa e massiva à iniciativa individual dumhas poucas pessoas. Bem é certo que determinados desmarques públicos sobredimensionando certas atuaçons contribuem a isso mesmo, polo que hai que evitar entrar num jogo distorsionador no que já colaboram a polícia, os meios sistémicos e também -consciente ou inconscientemene- certos setores às vezes bem intencionados e outras nom tanto. De feito, cumpre perguntar-se por que em muitos momentos os interesses policiais e de quem inicia certo tipo de açons coincidem plenamente, isto é: dissolver umha mobilizaçom popular. A estas alturas conhecemos numerosos casos em que é a própria polícia quem por meio de pessoas infiltradas provoca que se rebentem importantes manifestaçons, justificando assim as suas cargas e desmobilizando os setores menos conscienciados.

É absudo assimilar mecanicamente violência e combatividade. É infantil reconhecer um maior grau de compromisso a quem tomba um contentor ou rompe um vidro um só dia que a quem durante semanas trabalhou arreo em assembleias, coladas ou repartos para garantir o sucesso dumha greve ou dumha mobilizaçom. Às vezes parece que se privilegia o individual frente ao coletivo, e aplaude-se acriticamente a fugazes “salvadores supremos” cheios de testosterona e ánsia dum protagonismo que deveria corresponder ao conjunto das massas mobilizadas. Fetichizam-se por sistema certas formas de luita mais vistosas frente a outras que exigem maior dedicaçom e esforço. Entra em jogo nestes casos certa épica e mesmo fascinaçom estética por determinadas açons, o que leva a festejá-las em qualquer contexto, independentemente do resultado.

Lenin falava de que a alma viva do marxismo é a análise concreta da situaçom concreta, e isso é pouco compatível com inflamadas consignas vazias e totalizadoras que nom ajudam a entender nada e óbviam a realidade na que hai que aplicá-las. Se queremos ser dignas de nos chamar revolucionariás, deveríamos começar por entender isso, também em relaçom ao debate sobre a violência. Um debate que nom trata sobre se é boa ou má, útil ou inútil em abstracto, mas sobre como, quando e para quê utilizá-la.

Breixo Lousada Valdés
Militante de Isca! e do Movimento Galego ao Socialismo


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