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[Roberto Bitencourt da Silva] 640px 904221 bope choque rocinha uppBrasil - Diário Liberdade - O tema da segurança pública no Rio de Janeiro, há décadas, principalmente por meio da agenda formatada pelos veículos corporativos de comunicação, tem representado uma prioridade pública. Não deixa de ser uma falácia.


Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, nos anos 1980, em circunstâncias históricas muito especiais, alcançaram êxito eleitoral e credibilidade política dando ênfase à educação, que chegava a cerca de 50% do orçamento do governo estadual trabalhista.

Nenhum deles achava que iria promover uma "revolução" com esse eixo de governo, restrito à esfera estadual. Visavam assegurar uma "escola honesta", em horário integral, para o filho do trabalhador, do favelado, do banguelo, para que tivesse oportunidade de estudo, de mobilidade social. Para que não ficasse abandonado nas ruas.

Foram boicotados e desqualificados pela mesquinha mentalidade elitista, entreguista, reacionária e racista do estado e do país. A Rede Globo em muito contribuiu para a demonização da dupla Brizola/Darcy e para a definição da segurança enquanto prioridade pública.

Moreira Franco, em 1986, ganhou de Darcy a eleição para o governo fluminense, asseverando que se dedicaria, em especial, à segurança pública: "acabo com a criminalidade em 6 meses". A respeito, são dispensáveis maiores comentários.

A partir de 1995, com Marcello Alencar (lembram-se da "gratificação faroeste" conferida à PM?) e todos os demais governadores conservadores até Pezão, a segurança pública tornou-se um tema incontestável, alcançando a condição de prioridade absoluta.

Há anos as UPPs converteram-se em símbolo do "combate ao crime", da "pacificação". Contudo, os perfis de criminalidade urbana só têm demonstrado modalidades cada vez mais horrendas, gratuitamente agressivas, não raro praticadas por jovens.

Nesta terça-feira, uma turista argentina e um professor peruano foram lançados às lastimáveis estatísticas oficiais de novas vítimas fatais.

A opção política pela "segurança pública", como falácia que é, tem contribuído, e muito, para incrementar a violência urbana e para criar monstros, cheios de ódio, rancor, revolta cega.

Por óbvio, nada justificável, mas compreensível. Desde tenra idade a pessoa tem que, a todo momento, dar satisfação para a polícia, na entrada e na saída de uma favela, de uma comunidade periférica, com as tais UPPs.

Vexações e incômodos diuturnos. Cotidiano marcado ainda por mortes gratuitas, também por meio de disparos policiais. Convenhamos, não pode dar boa coisa.

Além disso, trata-se de enorme desperdício e trituração de "carne humana", como diria Darcy, sobretudo “carne” morena e negra. Uma indignidade, assentada em tratamento desumano.

Há poucas semanas estive em Cuba. Um país materialmente pobre, antes da Revolução uma "banana republic", ainda hoje com limitada base técnica-industrial. Qualquer pessoa minimamente honesta, faria comparações entre este país e os demais da América Central.

Pode aí, como troco, comparar com subpotências do nosso continente, como Brasil, México e Argentina. Observem o IDH e tirem suas conclusões.

São raras as vezes em que a gente pode observar e experimentar certas teorias. A respeito da violência e da criminalidade, a ideia de que menores padrões de desigualdade criam um ambiente social mais civilizado e pacífico é muito conhecida. Mas, também, contestada pelo pensamento conservador.

No entanto, Cuba demonstra que a teoria é bastante válida. Corresponde a um dos lugares mais tranquilos e seguros que já tive oportunidade de conhecer. Quase não se vê polícia nas ruas.

Na agenda da sociedade cubana, muito longe de ser a segurança pública, despontam como prioridades a educação, a saúde e o desenvolvimento econômico.

No Brasil e, particularmente, no Rio de Janeiro, estamos há algum tempo seguindo uma trilha equivocada e desgracenta, que viola flagrantemente os direitos humanos, promovendo um terrível modos vivendi urbano.

Os já costumeiros horrores praticados por jovens no Rio são frutos diretos do descaso, das desigualdades grotescas e da barbárie fomentada por sujeitos igualmente bárbaros. Só que trajam terno e gravata e, por desventura do povo carioca e fluminense, têm ocupado, há anos, o Palácio Guanabara.

Roberto Bitencourt da Silva – historiador e cientista político.

Blog do Roberto Bitencourt da Silva

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil - Agência Brasil


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