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Foto - GafArqRP/DL - [Renata Pessoa] Trabalhei em uma empresa, que tinha uma placa na faixa de pedestres solicitando que esses parassem para os carros passarem. 


Todos os dias, tinha que conviver com tamanha inversão de valores, pois é do conhecimento de todos (acredito), que pedestre e veículo não motorizado tem preferência. Ah Renata, você sempre exagera, o que custa parar? Custa tudo, custa muito! Esse é um detalhe, bobo até, mas que mostra como é ridícula a forma que vivemos.

Um estudante levou uma facada dentro do campus, a culpa é do reitor que fecha os olhos para as questões de segurança, a culpa é dos organizadores da festa “ilegal” ou ainda do próprio estudante, que (diz a lenda) mexeu com a mulher do outro, a culpa é de todos, menos do outro rapaz que esfaqueou.

Uma mulher foi estuprada, a culpa é dela, óbvio! Vai saber onde ela estava, que roupa vestia ou mesmo as provocações proferidas. Na verdade os pais são culpados, lugar de mulher é em casa. Ah, ela voltava do trabalho? Hum... Mas gritou o suficiente? Então a culpa é do sistema, porque não?  A culpa é de todos, menos do animal que a atacou. Esse só não conseguiu domar os desejos, sabe como é homem, né?

Um adolescente invadiu o colégio e atirou em meio mundo, ouvi dizer que era fã de Assassin's Creed e GTA, não devemos deixar nossas crianças em contato com a violência dos games, é muito melhor proibir do que educar.

Não quero que pensem que eu acho que a segurança é boa, não é e já sofri muito na pele por isso. É dever do estado sim, devemos cobrar, mas não é só esse o problema. Estamos constantemente punindo as pessoas erradas, colocando culpa nas vítimas e fechando os olhos para a realidade. Ah, mas e a segregação de alguns grupos da sociedade que revoltada toma ações de violência? NÃO JUSTIFICA! Isso é pensar, isso é ter educação e discernimento. Deve-se parar e cortar esse círculo vicioso. Não é por que foi injusto com você que tens direito de ser injusto com os outros, essa atitude só aumenta o problema.

E aquela placa me pedindo para parar..."


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