Esses policiais foram parar no Tribunal do Júri, onde foram absolvidos da acusação de homicídio triplamente qualificado.
O Conselho de Sentença se dividiu, tendo votado quatro jurados a favor dos PMs e três contra. Os que votaram a favor acolheram a tese de que os policiais agiram no “estrito cumprimento do dever legal”.
A família da vítima acompanhava a audiência, no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, e antes mesmo da sentença foram tomados de revolta e a indignação. “Que Justiça é essa, meu Deus? O que eu vi e o que vivi naquele dia, eu sei. Essa Justiça não existe”, foi como reagiu a mãe do motoboy, Maria Aparecida Menezes.
Os policiais ainda eram acusados de fraude processual por terem plantado uma arma de fogo na cena do crime para simular que Alexandre estaria armado.
No caminho de volta, a 200 metros de onde morava na Rua Guiomar Branco da Silva, Cidade Ademar, Zona Sul de S. Paulo, foi abordado por policiais porque a moto que dirigia estava sem placa. Na verdade, segundo Dona Cida, a moto era nova e o emplacamento já estava agendado.
O motoboy teria ignorado o alerta e conseguiu chegar até a frente da casa, onde foi alcançado pelos policiais, espancado a socos e pontapés e asfixiado na presença da mãe que, aos gritos, tentou, no desespero, livrá-lo das mãos dos algozes. O rapaz ainda chegou a ser encaminhado ao Hospital Sabóia, mas já chegou sem vida.
Na época a mãe disse em entrevista que “tentava segurar a mão do policial e pedia pelo amor de Deus para que ele parasse de bater no meu filho”.
O padrasto do rapaz, Valdomiro Gonçalves, afirmou à Afropress: “todos estamos arrasados. A sensação que temos é de decepção, de derrota, e só podemos dizer que a impunidade continua prevalecendo neste país. Ao final prevaleceu a tese da defesa que colocou Alexandre como único responsável pela própria morte”, concluiu.
A imprensa burguesa deixa por entender como é que em casos como esse a PM é absolvida. A explicação é simples. Para se negar um fato óbvio ou se recebe um benefício ou uma ameaça. O conselho de sentença do tribunal do júri certamente não está livre das investidas de policiais que atuam, por natureza, por fora da lei.
Além disso, todo o aparato estatal atua para manter as coisas como estão e a atuação dos policiais faz parte do controle exercido pelo aparato repressivo sobre a população. Não é à toa que a imprensa capitalista, que noticia timidamente os casos mais escandalosos e silencia sobre os fatos semelhantes que acontecem cotidianamente, não promove diante de tais casos campanhas espetaculares e insistentes pelo condenamento dos policiais, tais como faz regularmente em casos envolvendo pessoas comuns, como no caso da garota Isabella, de João Hélio ou Eloá.