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2015 04 24 17.07.32Brasil - Diário Liberdade - Elaine Silva é professora aposentada da cidade de Praia Grande, no litoral sul do estado de São Paulo. Ela viajou até a capital para apoiar seus companheiros e companheiras na paralisação por melhorias salariais e loborais, que deve completar 80 dias ao final desta semana, caso a assembleia de sexta-feira (29) decida pela continuação da greve. Caso isso se confirmar, esta se tornará a mais longa greve da história do professorado paulista.


Milhares de docentes do ensino público estadual de São Paulo estão em greve há quase 80 dias. Foto: Diário Liberdade

Ela começou a dar aulas em 1972, no auge da Ditadura Militar. Há 30 anos é sócia da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e mesmo antes de se filiar, já combatia os desmandos do governo paulista.

Participou da greve que durou 39 dias, unificada com o funcionalismo contra o autoritário Paulo Maluf (1979-1982), em 1979. "Naquela época nós só fazíamos piquete, se não iríamos presos", conta ao Diário Liberdade. Ao contrário da primeira greve da categoria, no ano anterior, que durou 24 dias e foi conquistado 20% de reajuste salarial, esta foi respondida com mais arrocho salarial, desconto dos dias parados e atos de arbitrariedade.

Porém, mesmo com a repressão policial e a perseguição política, foi conquistada, entre outras coisas, a realização de concurso público no ano seguinte, que possibilitou a efetivação de milhares de professores e professoras.

No governo de Franco Montoro (1983-1987), após três semanas de greve e outras formas de pressão, como um ato público com 30 mil no Palácio dos Bandeirantes, o professorado paulista conquistou 25% de reajuste e concessão do gatilho salarial a todo o funcionalismo, em 1986. No ano seguinte, mais três semanas de greve e luta na Justiça garantiram o pagamento dos quatro gatilhos que o governador Orestes Quércia (1987-1991) se recusava a pagar.

Após uma vitoriosa greve de 30 dias em 1988, os professores e professoras do estado de São Paulo realizaram sua mais longa paralisação até hoje: 80 dias, em 1989. A combativa luta em defesa do ensino público e por um Piso Salarial Nacional resultou na grande conquista de um reajuste de 51% a 126%.

Em 1993, durante o governo de Luiz Antônio Fleury (1991-1995), houve greve de 79 dias que garantiu as exigências e reivindicações da categoria. Em seu mandato, Fleury (o mesmo que mandou a PM invadir o Pavilhão 9 do Carandiru, causando a morte de 111 presidiários no famoso "Massacre do Carandiru"), agiu com extrema violência também com as professoras e professores estaduais.

Como parte da greve que faziam na época, eles entraram na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para pressionar os deputados estaduais a atenderem suas reivindicações. Alegando que os grevistas haviam invadido a "Casa do Povo", Fleury mandou a PM usar a força bruta e a truculência para reprimir a manifestação. "A Tropa de Choque foi pra cima com cacetetes e os professores usaram cadeiras para se defender, então a PM disse que nós havíamos quebrado tudo", conta Elaine, que participou do episódio, e ironiza a acusação da PM na época: "Não dá para quebrar [as instalações da Alesp] com giz e apagador, dá? Não dá."

Esse episódio lembra o que ocorreu recentemente durante a atual greve do professorado paulista contra as medidas antitrabalhistas do governo do PSDB, representado por Geraldo Alckmin. No dia 23 de abril, muitos manifestantes da categoria tentaram entrar no prédio da Secretaria Estadual de Educação para negociar as reivindicações com o secretário Herman Voorwald, mas a PM não deixou e usou gás de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo para reprimir a ação.

"Parece que há uma ditadura militar do PSDB no estado de São Paulo", diz a professora, que não gosta nada da repressão da polícia militar. "Não tem que ter agressividade nenhuma", completa.

Ela diz que está feliz pelo que faz, mesmo que o salário não seja bom. Elaine tem três filhos professores e se alegra ao contar, emocionada, uma coisa que um de seus filhos lhe disse. "Mãe, a felicidade não é pelo que nós ganhamos, mas pelo que fazemos", conta. Ela viajará para Foz do Iguaçu, no Paraná, onde trabalha um de seus filhos, professor de Astrofísica em uma universidade federal. Mas antes, busca apoiar os professores e professoras de São Paulo nesta luta contra o governo paulista.

Animada com a grande mobilização da categoria, ela rebate um professor que estava desanimado com a greve: "Orgulhe-se pelo que você faz, não pelo que você recebe", afirma a senhora, que não perde o espírito de luta por melhores salários e condições de trabalho, com a câmera fotográfica na mão para filmar as ações da greve, e adesivos e fitas colados pelo corpo, em sinal de protesto e aviso ao governo de Geraldo Alckmin: "Estamos em greve!".


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