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xjornadasbolivavarianasBrasil - IELA - [Elaine Tavares] A edição histórica das Jornadas teve como objetivo também celebrar os 40 anos da Teoria Marxista da Dependência, uma abordagem original sobre como analisar a realidade dos países latino-americanos que nasceu nos anos 60 a partir de teóricos como Ruy Mauro Marini, Theotonio dos Santos, Vânia Bambirra, Gunder Frank, entre outros.


Foto do evento/Ricardo Casarini.

Nove horas da manhã e já não havia mais lugar no auditório da reitoria. As pessoas foram se espalhando pelo chão. Na mesa de abertura dois intelectuais de primeira linha: Theotonio dos Santos, um dos criadores da Teoria da Dependência, e Gilberto Vasconcellos, um gênio da cultura brasileira. Começava assim a décima edição das Jornadas Bolivarianas, evento anual do Instituto de Estudos Latino-Americanos, consolidando uma atividade que nasceu em 2004, buscando trazer para o público brasileiro os temas mais candentes da política, economia, cultura, sociedade e arte latino-americana.

A edição histórica das Jornadas teve como objetivo também celebrar os 40 anos da Teoria Marxista da Dependência, uma abordagem original sobre como analisar a realidade dos países latino-americanos que nasceu nos anos 60 a partir de teóricos como Ruy Mauro Marini, Theotonio dos Santos, Vânia Bambirra, Gunder Frank, entre outros. Para eles, os países da América Latina apareciam como subdesenvolvidos não porque estivessem fazendo algo errado, ou que seu povo fosse preguiçoso. Entenderam que o subdesenvolvimento era o outro lado da moeda do desenvolvimento. Ou seja, era da natureza do capitalismo criar o subdesenvolvimento para que os países ricos pudessem ser os desenvolvidos. A partir dessa constatação formularam uma teoria com a qual se pudesse analisar a realidade e, desde aí, propor novas formas de organizar a vida. Ao contrário de estudiosos como Fernando Henrique Cardoso, que alegavam ser impossível sair da condição de subdesenvolvido, os teóricos da dependência mostravam que havia saídas através das quais os países poderiam encontrar seu caminho para a soberania. Não foi sem razão que eles foram banidos do país, bem como suas ideias, que nunca chegaram a ser divulgadas até porque o Brasil mergulhou num longo período de ditadura militar.

Leia mais: 10ª edição das Jornadas Bolivarianas discute os 40 anos da Teoria Marxista da Dependência

Todos esses estudiosos tiveram de sair do país, buscando abrigo no Chile, México e Europa. De fora, seguiram observando o Brasil e toda a América Latina. Seus escritos circularam pelo continente subsidiando o debate sobre a necessidade da revolução. Hoje, muito por iniciativa do próprio IELA, esses pensadores estão sendo editados, com textos sendo traduzidos para o português. De novo, eles aparecem num tempo histórico em que o Estado retoma as ideias de desenvolvimento aos moldes do que foi proposto pela Cepal. Um modelo que é questionado e criticado pelos que conspiram da teoria da dependência. A lógica do desenvolvimentismo segue o que muito bem definiu Andre Gunder Frank: o desenvolvimento do subdesenvolvimento. Ou seja, pode criar algumas ilhas de "progresso", mas não consegue sair do ciclo de dependência do centro do capital, mergulhando outras regiões na pobreza.

E foi esse processo que as Jornadas Bolivarianas esmiuçaram nos três dias de atividade. Debates com qualidade e profundidade teórica capazes de radiografar a realidade, apontar os problemas e sugerir saídas. As origens da teoria da dependência, sua história, as principais categorias de análise, o método, a relação dessa teoria com os problemas atuais do Brasil e dos demais países da América Latina, a atualidade da análise e as novas respostas para velhos problemas. Conferencistas do Brasil, Argentina, Equador e México mostraram que as transformações pelas quais passa o continente podem apontar novidades no campo da teoria e da práxis. Com as lentes certas pode-se ter uma análise mais correta e os caminhos se abrem para perspectivas de desenvolvimento que fogem da dependência histórica vivida pela América Latina.

Nos três dias de debates o que se viu foi uma juventude ávida de conhecimento e que encontrou na Teoria Marxista da Dependência os elementos para pensar outro Brasil, outro continente, capaz de arrancar para uma vida soberana, na qual as riquezas sejam repartidas entre todos e não acumuladas por alguns poucos.

Finalizada essa edição que celebra uma década do Instituto de Estudos Latino-Americanos, fica mais firme o edifício teórico que o IELA tem construído, "despacito", desde o ano de 2004 quando começou a trabalhar os temas do continente a partir do Observatório Latino-Americano.

Em breve disponibilizaremos o conteúdo de todas as conferências para que cada um possa ouvir e refletir sobre os temas, construindo coletivamente o conhecimento sobre "Nuestra América".


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